46 | Aunty Charlie

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09/Junho

CHARLIE DEAN

Corri até a cozinha e fechei o roupão o máximo que eu podia. Ouvi a porta bater com força, escutando em seguida alguns duros passos pela sala.

Eu não tinha muitas alternativas além de encarar aquela situação. Sai da cozinha e já o encontrei na metade do caminho até a minha direção.

Chris me olhava de uma forma furiosa.

– Pois não?

– Você sumiu por horas!

Arqueei umas de minhas sobrancelhas – Me adotou? Virou meu pai? Não que eu dê qualquer satisfação para o meu, mas acha que devo para você?

– Diana ficou desesperada, ligamos para todo mundo para te procurar!

– Eu nem tenho ideia do que aconteceu ontem.

– Acho que tem sim... – Disse irônico. Nunca em todo o tempo que o conhecia, havia falado dessa forma comigo.

E isso me irritou profundamente.

– Acho que esqueceu que não está na sua casa, Chris. Que tal prestar um pouquinho de respeito com a dona?

Ele soltou uma respiração, decepcionado – Não acredito que fez isso.

– Oh, então você pode dormir com quem quiser, mas eu não? – Sua expressão suavizou e ele coçou os olhos pacientemente.

– Não foi isso que quis dizer.

– Então o que quis dizer? – Coloquei minhas mãos na cintura.

Ele suspirou profundamente antes de dizer – Poderia ter me dito...

Dito o quê?

– Eu esperei por você, Charlie.

– Ah, claro! – Ri com ironia – Vi muito bem que esperou... o quão patética eu fui em voltar e ir direto em sua casa para te surpreender, e então te achar com outra pessoa?

– Então sabe exatamente o que eu senti.

Do que ele estava falando?

– Vamos intercalar semanas com Dodger.  – começou a dizer – Essa semana é sua, a próxima é minha. Tudo bem pra você?

Assenti.

– Quer falar sobre mais alguma coisa, Charlie?

Neguei – Não tenho mais nada a dizer para você.

Ficamos nos encarando por algum tempo antes dele se virar e sair da minha casa.

11/Junho

– ... então basicamente a gente esbarrou com ele na boate. E, caramba, o Tom estava tão bêbado quanto você estava.  – Diana enfiou um punhado de amendoim na boca e riu com o algo que pensou – Assim que vocês se viram, começaram a se agarrar. Foi bem bizarro.

– Por que não tentou separar a gente?

– Mulher, eu tentei! Você me empurrou pra longe!

– Desculpa, Di... – Ela assentiu – E depois?

– Depois eu me virei por uns dois minutos, só olhando para a festa mesmo. Depois quando me virei na direção que estavam, tinham sumido.

– Que merda.

– Já era umas quatro da manhã na hora... fiquei desesperada tentando te achar. Liguei para os seus irmãos e... – Ela riu sem graça – Para o Chris. Desculpa, sei que não tinha nenhum direito, mas eu me desesperei... só fui me tocar muito tempo depois que talvez tinha ido embora com o Baelish.

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