Capítulo 21 - Imperdoável

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   Aigner, de alguma maneira, centralizou suas vontades em mim. Achei que as três mulheres que tirei das garras dele estariam livres para sempre. Mal sabia eu que jamais seríamos os mesmos enquanto dividíssemos o mundo com ele.

  O castelo. Paramos no corredor que levava às masmorras. Ele olhou para mim com raiva e descrença, mas não teve nenhuma atitude. Apenas seguiu andando e pediu que eu o acompanhasse. Descemos vários lances de escadas, até chegarmos num outro corredor inferior. Esse mesmo tinha o chão terroso e as paredes de pedra. O escuro dominava o local.

  Chegamos a um pavimento repleto de prisões. Sua dimensão era maior que a do salão inferior. Aigner foi adentrando o local, que fedia a podre e urina de gato. Estava muito frio lá embaixo.

  Um disjuntor antigo foi acionado, ligando as luzes com um som de choque contínuo. Pude ver muitas pessoas presas num ambiente circular formado por celas individuais, que do meio era possível observar todas e também ser observado por quem estava ali dentro. Vi pessoas de todas as faixas etárias, todas fracas e desorientadas com seus cabelos bagunçados e rostos sujos. A única reação que tive quando os vi foi de medo. Era difícil saber há quanto tempo estavam presos.

- Alguns estão bem doentes, seu poder viria a calhar nesse momento.

- E depois? Só Deus sabe pelo que eles passaram todo esse tempo.

- Não posso tirá-los daqui. Pelo menos não do jeito que estão.

- Quem são essas pessoas?!

- Aliados. Fui criado e treinado por uns, outros chegaram depois. Nem todos estão aqui. - Aigner abaixou o seu olhar.

Uma garota se destacava entre todos os outros que estavam sentados no chão da cela. Haviam cordas que a penduravam pelos membros. Ela estava amordaçada e vendada.

- Qual é o poder dela?

- Possessão mental, evoluído ao máximo num tipo de êxtase que pessoas como nós atingem quando o poder sobrepõe o juízo. Seu nome é Kimberly.

- E precisava de tudo isso para neutralizá-la?

- Ainda é pouco. Mesmo imobilizada, sua presença enlouqueceu a todos que viviam neste castelo.

- E o que a mesma fez para estar nessa situação?

- Tomou suas mentes e os levou à loucura. Depois, fez com que não se lembrassem dos poderes que possuem. Não tive outra opção a não ser trancá-los aqui.

- E quer que eu cure essas bestas e as solte no mundo? Não vai rolar.

  Aigner olhou ao seu redor e fechou seus punhos. Com certeza tinha todos os motivos para me odiar, mas aquele era o preço do meu poder. Transtornado, o mesmo fez algo que eu jamais esquecerei. Seu corpo ficou em um borrão enquanto todas as pessoas desapareciam de suas prisões. Apenas Kimberly permaneceu.

- É verdade, bestas não servem para nada.

  Ele os matou achando que tinha feito o bem. Sua mente era tão doente quanto as deles, e o mesmo nem precisou da jovem amarrada para isso. Quando eu havia começado a sentir pena daquele maldito, o mesmo vomitou sua hipocrisia na minha cara.

  Corri na direção dele e o soquei, depois usei o meu voo para o empurrar longe e continuei socando seu rosto. Era prazeroso perder o ar enquanto seu rosto estava envolvido em sangue e hematomas. Cada golpe tinha um pouco do meu ódio. Parei de bater depois de ver que o mesmo estava desacordado e caminhei para perto de Kimberly. O nojo que eu sentia de Aigner se tornou incontrolável de repente, fazendo com que eu ignorasse toda a urina e fezes daquele lugar.

CAPUZ XADREZ (Saga Chess Hoodie)Onde histórias criam vida. Descubra agora