Whitestone, New York.
No fim da manhã recebi uma mensagem do proprietário, do prédio em que moro, informando que o problema elétrico estava devidamente resolvido.
Dei o dia por encerrado por volta das 16h. Estava de saída quando lembrei de tirar algo do congelador e deixar na parte inferior da geladeira para preparar amanhã.
- Vai dormir aqui novamente? – e ele sempre surgia do nada. Dá mesma forma que sumia do nada.
- Não, Senhor. Apenas tirando seu almoço de amanhã do congelador. – mostrei o pacote com a carne congelada.
- Bom, vim justamente avisar que não irei almoçar aqui amanhã. Tenho um compromisso nesse horário, e acredito que comerei por lá.
- Sendo assim, a carne volta pro gelo! – falei enquanto abria a geladeira. – Mas... – tirei uma pausa de alguns segundos. – Ainda tem a janta.
- Não se preocupe, posso pedir uma pizza ou algo parecido. – tinha algo estranho nele. – Você dormiu bem?
- Oh, sim. Foi uma noite agradável.
- Na verdade eu deveria ter oferecido o quarto de hóspedes. Me desculpe.
- Senhor Demion, não! – aquilo me deixou um pouco desconfortável. – Isso não é necessário. O quarto em que dormi estava em perfeito estado.
- É, pode ser... – algo estranho. – Então já está de saída?
- O senhor ainda precisa de algo?
- Não. – não senti firmeza.
- Certeza?
- Até amanhã. – e assim como apareceu, sumiu. Do nada. O que foi rude de sua parte, pois me deixou praticamente falando sozinha.
Praticamente? Literalmente!
O restante da semana passou de maneira tranquila.
Minha mãe estava vindo me visitar neste fim de semana. Fui ao mercado na sexta, após meu expediente, comprar alguns alimentos para abastecer a pequena geladeira. E acabei encontrando a tia do Demion.
- Olá Dona Luzia. – cumprimentei-a.
- Nicola?! Olá querida, tudo bem? - apertou minha mão.
- Tudo ótimo, obrigada por perguntar. E a senhora, como está?
- Estou bem graças à Deus. Mas me diga, como estão as coisas por lá?
- Não poderiam ser melhores. – respondi alegremente. Estávamos paradas no corredor dos cereais.
- Meu sobrinho, como se comporta? – estranhei a pergunta.
- Ele é muito educado. – isso não era 100% verdade.
- Demion tem uma certa tendência a ser rude sem ao menos perceber. Entendo o lado dele, espero que logo melhore.
E ela sabia o que era a tal névoa e o que a tinha criado. Ela sabia o motivo por trás de tanto mistério. E eu queria saber, queria questionar os mínimos detalhes. Mas não era de bom tom invadir a privacidade de alguém, principalmente através de terceiros.
Nos despedimos e cada uma segue seu caminho.
Levanto cedo no sábado, tenho de buscar minha mãe na rodoviária. Para minha glória, o local é mais perto da minha casa, diferente do meu local de trabalho. Após pouco mais de 20 minutos de metrô, estou no portão de entrada dos passageiros. E lá está ela.
Minha mãe.
- Ai minha pingu! – disse ao me abraçar – Como eu tava cheia de saudades de ti!
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Nicola (HIATUS PARA EDIÇÃO)
RandomAté que ponto um homem luta pelo direito de amar? Até que ponto uma mulher suporta a dor da omissão? Nicola não acredita no mesmo que eles. Mas terá de acreditar para manter-se viva dentro de si.