Watertwon, New York.
Por volta das 20h estávamos todos sentados à mesa jantando.
- Mas então mãe, como é mesmo o nome do namorado novo da Pingu? – não demorou muito pra esse assunto aparecer.
- Peter! – repreendeu minha mãe.
- Ué, a senhora que falou.
- Mãe!
- Eu não disse nada disso. Disse que ele era muito legal com você.
- E que acha que você deveria sair com ele. – disse Mary sem desviar o olhos do prato, com medo da minha mãe.
- Lucy! – chamei minha mãe pelo nome.
- Deveria mesmo, tem nada de errado nisso aí. - rebateu.
- Ele é meu patrão, já começa por aí.
- E qual o problema nisso? – Mary.
- Ele não é parente de sangue seu. – Peter.
- E ele parece ser um moço de respeito, que vai esperar o sinal verde. - Lucy.
- Será que ele é do tipo que abre a porta do carro? Que puxa a cadeira e fala sempre o quão linda você tá? – Mary disse com ar de sonhadora.
- Ué, quando eu fui abrir a porta do carro a senhorita disse que não era aleijada. – Peter logo cortou o barato dela.
- Pior que eu acho lindo nos filmes, mas a vida real é outra coisa mesmo. – disse minha cunhada.
Continuei comendo em silêncio, com medo de confessar que saí com ele.
- Mas você já sabe de tudo isso.
Dona Lucy.
Tinha esquecido que eu estava de frente pra única pessoa no mundo que sabia me ler 100%.
- Como assim? – gritou Peter.
- Cunha!
- Eu... Não! Mãe, não. Gente, por favor! - cobri o rosto com as mãos.
- Como foi?
- Não foi nada! – respondi a pergunta do meu irmão.
- Ele beija bem? – Mary já estava toda debruçada sobre a mesa.
- Urgh...
- Deixa sua irmã em paz, Peter. Mary vamos pegando esses pratos aqui que seu noivo hoje vai lavar.
- Eu não, a Pingu tá aí pra isso!
- Sua irmã veio descansar! Anda logo que eu quero dormir e vocês fazem muito barulho. - levantou-se e veio para meu lado, passando o braço sobre meus ombros. – Vamos meu amor, quero meus minutinhos mamãe e filha.
Fomos para o quarto dela. Fui convidada (intimada) a dormir com ela essa noite.
Sentamos encostada na cabeceira da cama e ligamos a TV. Eu não conseguia dormir sem assistir um pouco do jornal.
- Nicola. – disse minha mãe com um tom sério.
- Sim?! - respondi no automático, sem desviar os olhos da tela.
- Pretende levar isso adiante?
- An? – pus a TV no mudo.
- Se você quer continuar saindo com ele, precisa sair da casa dele. Não se deve envolver trabalho e romance.
- Mãe, isso não é um romance. Não precisa se preocupar.
- Quanto mais rápido você aceitar, melhor.
- Nossa mãe, você quer me juntar com o Demion de qualquer jeito. - esbocei um sorriso sem humor.
- Não, meu amor. Eu quero te juntar logo com o seu destino.
- Essa coisa de destino não existe. – voltei o rosto para TV, mas não mexi no volume. – Cada um tem que fazer seu caminho.
- Então faça seu caminho conforme está seguindo agora, em direção a esse homem. Se eu estiver errada...
- Se a senhora estiver errada eu fico desempregada!
- O que New York mais precisa é de uma boa governanta.
- Posso assistir o jornal aqui?
Ela deu um sorriso casto e me puxou para seu colo. Repousei a cabeça ali e em algum momento senti o sono me levar.
Na manhã seguinte acordei cedo e corri para me arrumar. Mary já estava me enchendo de mensagens.
Ela veio me buscar às 8h e disse que hoje eu seria sua assistente pessoal.
- Eu sempre sonhei em ter uma dessa. – disse.
- É, mas você sabe que elas cobram caro né?!
- Mas você não, por que você está sendo assistente com o coração.
Passamos pelo salão onde aconteceria o casamento e a festa.
Peter e Mary decidiram não fazer a cerimônia na igreja, deixando minha mãe de bico torcido.
No salão ela me mostrou onde estaria disposto o altar, as mesas dos convidados, a pista de dança e a mesa de comidas.
Minha função era visualizar a decoração, passar pra ela, e assim, ela iria ver quais das minhas ideias combinavam com as suas. Ficamos ali durante uma hora. Eu estava fazendo anotações enquanto estudava o espaço.
Saindo dali, fomos para a loja do bufê.
- Espero que tenha comido pouco no café da manhã. Você vai comer muita coisa aqui.
A cozinheira/confeiteira foi trazendo os pratos.
Depois de quase três horas, conseguimos formular o cardápio.
Na entrada, salada caesar e torrada com patê.
No prato principal, escondidinho de cordeiro, risoto de brócolis com castanhas e filé de frango ao molho quatro queijos.
E na sobremesa, crepe de chocolate com recheio de geleia de abacaxi com pimenta e palha italiana de café.
O dia estava correndo bem até aquele momento.
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Nicola (HIATUS PARA EDIÇÃO)
RandomAté que ponto um homem luta pelo direito de amar? Até que ponto uma mulher suporta a dor da omissão? Nicola não acredita no mesmo que eles. Mas terá de acreditar para manter-se viva dentro de si.