9.

40 4 0
                                    

Whitestone, New York.

Demion POV

Entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim.

Inacreditável.

Eu tinha a escutado, mas isso não significa que faria algo. Não agora.

Então ela teria de esperar ao invés de ir assustar a Nicola.

Ela colocaria tudo a perder. Sempre apressada.

Sentei na poltrona encarando a janela entreaberta.

" Entrei na cozinha já sentindo aquele cheiro maravilhoso.

- Oi meu amor. Sente-se.

Ela usava um vestido, azul como o céu em um dia ensolarado.

Chegou perto e depositou um beijo em minha testa.

- Com fome? – perguntou. Sempre sustentando um sorriso perfeito.

- Com uma dúvida na verdade.

Ela parou tudo que estava fazendo e olhou fundo em meus olhos, esperando pela pergunta.

- Qual a razão de quebrar uma louça? - percebi sua respiração funda e uma pausa, como se quisesse ter certeza do que iria falar.

- Nos casamentos gregos, a quebra de pratos significa sorte para o casal de recém casados, é uma forma de espantar os maus espíritos.

- Não estamos casados. - disse com as sobrancelhas juntas.

- Ainda não.

- Estaremos?

- Depende de você. – e seu sorriso sumiu. – Por isso tome já as devidas providências. É ela.

- Você que a mandou? – perguntei.

- Não. Algo maior que eu. - aproximou-se do outro lado da mesa. – Mas você não iria perceber sozinho.

- Não iria mesmo. - encarei meus dedos em cima da bancada.

- Mas seja rápido. Os caminhos da vida podem te atrapalhar, nublar seus pensamentos.

Contemplei seu semblante tranquilo. Era possível sentir a paz tomar conta do cômodo.

Percebendo minha admiração, deu a volta na mesa e me abraçou forte.

- Você volta? – perguntei um pouco triste.

- Sempre, meu filho. Sempre."

Passaram-se pouco mais de duas semanas desde o sonho que tive com minha mãe.

"Sonho".

Foi como uma luz num quarto escuro, me permitindo enxergar a preciosidade que ali estava. Bem na minha frente, esperando para ser adorada e amada.

Mais especificamente no quarto ao lado.

◇ ◇ ◇

Acordo pouco antes das 6h.

Preciso me arrumar para o trabalho e tomar café.

Fui para o banheiro, tomei um banho calmo e pensativo.

Quando desci, já vestido, a mesa estava posta. Frutas, ovos e torrada.

- Bom dia! – disse Nicola ao me ver. – Espero que esteja com fome.

- Bom dia. – sentei à mesa. – Nem lembro a última vez que essa casa viu uma mesa de café da manhã tão farta.

- Bom, devo agradecer como posso.

- Não quero que pense assim, não quero que ache que me deve algo.

- Não acho. – parou no meio da cozinha e me encarou. – Mas fui educada para saber ser grata.

- Sua mãe é uma mulher admirável. E não preciso conhecer pra saber.

- Sim, ela é. – confirmou com um brilho no olhar.

Passei a servir-me com um copo de suco e uma tigela de frutas diversas, apreciando uma de suas torradas logo depois. Por fim, pus meia xícara de café puro e fui para o quarto pegar minha mochila.

Chegando à cozinha para deixar a xícara, Nicola disse de forma confusa:

- Bom trabalho?! – ela não me conhecia muito bem, não sabia o que me ocupava durante a manhã.

- Sou biomédico. Acabei de ingressar em uma nova equipe. Podemos conversar sobre isso no fim da tarde.

- Nossa, deve ser muito importante. Mas sim, gostaria de conhecer mais sobre sua profissão.

- Também gostaria de conhecer mais sobre você. – disse por fim, saindo dali e deixando uma Nicola desnorteada.

Nicola (HIATUS PARA EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora