Whitestone, New York.
Demion POV
Mais uma vez uma interferência, mais uma vez me fazendo parecer um louco.
Passei pela cozinha e fui subindo as escadas com passos duros, levando meu corpo direto para a porta no fim do corredor. Bati a madeira com força depois de entrar e joguei o porta-retratos no chão vendo o vidro estilhaçar.
◇ ◇ ◇
Depois do que pareceram horas, eu saí do cômodo. O dia estava escurecendo e o corredor já estava entrando numa penumbra, mas pude ver nos degraus da escada o refletir da luz da sala. Eu estava descendo na intenção de ir à cozinha tomar uma água, suco, café, ou qualquer coisa que tirasse esse bolo da minha garganta, mas algo me surpreende no meio do caminho.
- Nicola?! – ela estava de costas pra mim, olhando pela janela. Seu corpo virou num pequeno sobressalto quando ouviu minha voz. – Ainda aqui? – em passos lentos fui em sua direção e ela não saiu do lugar.
- Precisamos resolver aquele assunto. – disse, brincando com seus dedos, mostrando ali o seu nervoso.
- Claro. – respondi após alguns segundos. – Você quer se sentar? - afastei-me até chegar na beirada do sofá. Ela já não estava com o uniforme, e vestia uma calça jeans e uma blusa estampada. De modo cauteloso, sentou na poltrona, um pouco distante de mim.
- Pensei no que falou... – sua voz era um sussurro quase inaudível. Ela respirou fundo, e elevou o queixo, fazendo seus olhos "sugarem" os meus. Sua determinação fez meu corpo ganhar uma posição mais ereta e defensiva. – Pensei muito sobre o que me falou. Em sua proposta.
Esperei pelo que pareceu ser uma eternidade. Eu podia sentir meus olhos arregalarem gradativamente, ansiando por sua resposta.
- Eu vou sair com você. – um sorriso ameaçou despontar no canto esquerdo da minha boca. – Mas tenho uma condição. – comprimi os lábios tentando evitar que ela notasse meu contentamento. Apenas acenei lentamente em concordância com a cabeça, incentivando-a a continuar. – Isso só vai acontecer depois que eu estiver fixa numa nova casa. Não vou arriscar meu trabalho e ,consequentemente, minha vida.
- Entendo. – foi apenas o que consegui falar antes de conseguir engolir minha euforia. – Você me esperou até agora...?!
- Na verdade eu pensei em deixar pra amanhã, mas quando ouvi um barulho vindo do andar superior, e não te encontrei, fiquei preocupada.
- Oh. – ela me esperou apenas por preocupação. E se eu virasse a noite no quarto, como já fiz? – Eu estava no último quarto.
- Pude perceber. Ouvi sua voz vindo de lá. – ela apertou sua bolsa contra o corpo e mexeu os pés, mostrando sua intenção de levantar. – Então eu já vou indo.
Levantou me fazendo repetir seu gesto.
- Eu... Eu posso... – forcei uma tosse para tirar um pigarro da garganta. – Eu posso te levar em casa, tá muito tarde.
- Eu agradeço, - negou calmamente com a cabeça - mas posso chamar um carro particular.
- Eu insisto. É o mínimo que posso fazer depois de ter me esperado só pra saber como eu estava. – vou de costas até a escada sem desviar o meu olhar do dela. – Me dá dois minutos pra botar uma roupa e pegar a chave do carro. – ela suspira fortemente e franze as sobrancelhas levemente, gritando com os olhos que aquilo não a agradava. Mas logo depois sentou na poltrona, o que me fez confirmar que iria me aguardar.
- Houve uma mudança de planos. – ela disse quando voltei do quarto. – Uma amiga me ligou, pediu para que eu fosse em sua casa.
- Ok. Te deixo lá. – a mais nova esboçou um sorriso sem dentes e sem humor ao levantar. Fui até a porta e abri, segurando a maçaneta pra esperar ela passar, tranquei a mesma e fui até o carro, desativando o alarme no meio do caminho. Nicola me passou o endereço depois de entrar no carro, e isso foi tudo, a maior parte do percurso foi feito em silêncio.
- Demion?! – me chamou quando paramos no sinal.
- Hm?! – virei pra ela com as sobrancelhas erguidas. Sua boca ficou entortando, ponderando se deveria falar ou não.
- Eu vou precisar ir na agência, pra pedir minha transferência. – os dedos da sua mão esquerda estavam apertando seu joelho.
- Claro. Se quiser ir amanhã...
- Mas, - desviou o olhar do meu para a mulher que atravessava a rua. – eles vão me pedir um motivo, e não pode ser simplesmente porque eu quero.
- Oh... – apoiei o braço no volante, deixando meu tronco um pouco inclinado.
- É. – acenou levemente enquanto virava pra mim.
- A gente pode pensar nisso. Daí você vai de tarde. – o sinal abriu e eu arranquei o carro. Nicola desceu a mão, prendendo-a no meio das pernas e encolheu os ombros.
- Ok. – encerrou a conversa.
Alguns minutos depois paramos a frente do prédio do qual ela ficaria.
- Entregue. – a mulher do meu lado tirou o cinto de segurança e puxou o celular da bolsa.
- Obrigada, Demion. – disse depois de checar o aparelho em sua mão. – Até amanhã. – abriu a porta do carro.
- Ei, você vai voltar como pra casa? – questionei com a mão no seu pulso, a impedindo de sair correndo.
- É... Luana vai me levar. – concluiu incerta. – Isso, ela me leva.
- Sendo assim. - soltei-a. – Tenha uma boa noite, Nic.
- Você também. – sorriu educada e saiu. Fiquei ali esperando ela entrar no residencial.
Notas:
Esse é o primeiro livro do qual eu tenho o total interesse de concluir, então pra conseguir chegar no meu melhor possível, vou revisar ele vez ou outra, e se achar que devo fazer mudanças, vou fazer, sendo elas pequenas ou grandes (quase impossível).
Então venho pedir desculpas a quem já acompanha e recebe notificação de modificações nos caps anteriores. Estou apenas buscando o melhor de mim.
Muito obrigada pela compreensão e pelo apoio.
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Nicola (HIATUS PARA EDIÇÃO)
De TodoAté que ponto um homem luta pelo direito de amar? Até que ponto uma mulher suporta a dor da omissão? Nicola não acredita no mesmo que eles. Mas terá de acreditar para manter-se viva dentro de si.