Whitestone - New York.
Nicola POV
Abri a boca duas vezes na tentativa de dizer algo, mesmo ele não estando mais ali.
Ele mudou, muito.
E não foi algo que ocorreu depois da minha primeira noite aqui, foi antes. Ele passou a conversar mais, sorrir mais.
E agora isso.
Sacudi a cabeça levemente na intenção de espantar aqueles pensamentos e continuar com meu serviço.
Fui para o andar superior na intenção de limpar o quarto em que dormi. Mas alguma coisa me chamou a atenção para o último quarto.
Fiquei olhando para a porta e quando dei por mim ela já estava a pouco mais de 30cm de distância de mim. Meu corpo parecia funcionar além dos meus comandos.
Eu senti uma força estranha me puxando para aquele cômodo.
Levantei a mão devagar, levando-a até a maçaneta. Toquei devagar e girei com receio.
Abriu.
Empurrei a porta com calma. Mas antes que eu conseguisse abrir uma mínima fresta, algo a empurrou bruscamente, fechando na minha face.
Girei a maçaneta novamente e empurrei mas não obtive sucesso.
Trancada.
Tentei novamente mais umas duas vezes e nada. Minha respiração já estava descompassada quando ouvi algo cair atrás de mim.
Era um quadro que antes estava pendurado na parede do corredor, próximo as escadas. Fui até lá para o apanhar. Era apenas a pintura de uma cachoeira.
Olhei para trás, para a porta.
Pus o quadro de volta na parede.
O que quer que tenha me puxado para o lugar proibido, sumiu.
Continuei ali por mais alguns segundos, encarando a porta. Fui entrando no quarto de hóspedes lentamente, sem desviar meu olhar do final do corredor.
Tirei a roupa de cama calmamente e joguei no chão. Mas então veio-me um pensamento: Eu quero voltar pra casa hoje?
Logo repensei: Se eu ficar aqui não irei dormir neste quarto novamente, seria muito abuso!
Fui ao armário pegar lençóis limpos, ajeitei-os na cama e catei os panos do chão. Saí do quarto e fechei a porta.
Chegando à ponta superior da escada, parei e olhei para trás por cima do ombro. Apenas uma conferida.
No mesmo horário de sempre lá estava ele.
Demion.
- Nicola, por favor, gostaria que sentasse comigo para almoçar. – pediu enquanto colocava comida em seu prato.
- Não é necessário.
- Isso é um pedido, eu não quero comer sozinho hoje. Você não pode ser tão má a ponto de negar meu pedido?! – fez uma expressão de cão sem dono.
- Mas ainda tenho tanto para fazer...
- Não tem não. Moro sozinho aqui, você limpa tudo todos os dias, não é nem possível que tenha tanta coisa pra ser feita. – e realmente não tinha. Por vezes eu passava uma hora numa tarefa de 20 minutos, apenas pra não sair antes do horário.
- Bom, um almoço não faz mal. – disse por fim.
- Apenas um? Qual a necessidade dessa economia de companhia para com a minha pessoa? – disse sorrindo, quase rindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nicola (HIATUS PARA EDIÇÃO)
DiversosAté que ponto um homem luta pelo direito de amar? Até que ponto uma mulher suporta a dor da omissão? Nicola não acredita no mesmo que eles. Mas terá de acreditar para manter-se viva dentro de si.