10.

45 4 1
                                    

Whitestone - New York.

Nicola POV

Abri a boca duas vezes na tentativa de dizer algo, mesmo ele não estando mais ali.

Ele mudou, muito.

E não foi algo que ocorreu depois da minha primeira noite aqui, foi antes. Ele passou a conversar mais, sorrir mais.

E agora isso.

Sacudi a cabeça levemente na intenção de espantar aqueles pensamentos e continuar com meu serviço.

Fui para o andar superior na intenção de limpar o quarto em que dormi. Mas alguma coisa me chamou a atenção para o último quarto.

Fiquei olhando para a porta e quando dei por mim ela já estava a pouco mais de 30cm de distância de mim. Meu corpo parecia funcionar além dos meus comandos.

Eu senti uma força estranha me puxando para aquele cômodo.

Levantei a mão devagar, levando-a até a maçaneta. Toquei devagar e girei com receio.

Abriu.

Empurrei a porta com calma. Mas antes que eu conseguisse abrir uma mínima fresta, algo a empurrou bruscamente, fechando na minha face.

Girei a maçaneta novamente e empurrei mas não obtive sucesso.

Trancada.

Tentei novamente mais umas duas vezes e nada. Minha respiração já estava descompassada quando ouvi algo cair atrás de mim.

Era um quadro que antes estava pendurado na parede do corredor, próximo as escadas. Fui até lá para o apanhar. Era apenas a pintura de uma cachoeira.

Olhei para trás, para a porta.

Pus o quadro de volta na parede.

O que quer que tenha me puxado para o lugar proibido, sumiu.

Continuei ali por mais alguns segundos, encarando a porta. Fui entrando no quarto de hóspedes lentamente, sem desviar meu olhar do final do corredor.

Tirei a roupa de cama calmamente e joguei no chão. Mas então veio-me um pensamento: Eu quero voltar pra casa hoje?

Logo repensei: Se eu ficar aqui não irei dormir neste quarto novamente, seria muito abuso!

Fui ao armário pegar lençóis limpos, ajeitei-os na cama e catei os panos do chão. Saí do quarto e fechei a porta.

Chegando à ponta superior da escada, parei e olhei para trás por cima do ombro. Apenas uma conferida.

No mesmo horário de sempre lá estava ele.

Demion.

- Nicola, por favor, gostaria que sentasse comigo para almoçar. – pediu enquanto colocava comida em seu prato.

- Não é necessário.

- Isso é um pedido, eu não quero comer sozinho hoje. Você não pode ser tão má a ponto de negar meu pedido?! – fez uma expressão de cão sem dono.

- Mas ainda tenho tanto para fazer...

- Não tem não. Moro sozinho aqui, você limpa tudo todos os dias, não é nem possível que tenha tanta coisa pra ser feita. – e realmente não tinha. Por vezes eu passava uma hora numa tarefa de 20 minutos, apenas pra não sair antes do horário.

- Bom, um almoço não faz mal. – disse por fim.

- Apenas um? Qual a necessidade dessa economia de companhia para com a minha pessoa? – disse sorrindo, quase rindo.

Nicola (HIATUS PARA EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora