Williamsburg, New York.
Cheguei em casa no final da tarde. Levei a mão ao interruptor.
Tac Tac
Nada.
Tentei acender a lâmpada do quarto.
Nada.
Peguei o celular e percebi que o mesmo não estava conectado com o wi-fi.
Ótimo, estava sem energia.
Abri o app de mensagens na intenção de comunicar-me com o proprietário do prédio, mas ele foi mais rápido.
"Venho por meio deste, informar que devido a um curto circuito em um dos apartamentos, o prédio todo encontra-se sem energia. Estamos tentando resolver esse problema o mais rápido possível. Agradeço e peço desculpa pelo transtorno."
Era fim de tarde, logo iria escurecer. Estava de pé no meio do quarto olhando para os lados, pensando em como iria me virar sem luz. Nem o fogão era possível usar.
Liguei para Luana, que infelizmente não poderia me abrigar pois não estava em casa por conta de algum seminário ou coisa parecida.
E a Sabrina morava tão longe que nem valia a pena.
Sentei na beirada da cama.
Pensando.
Procurei a letra D nos contatos do celular. Disquei.
- Alô?!
- Eer... Senhor Demion?! – a minha vergonha me comia de dentro pra fora.
- Sim? – alguns milésimos de segundo – Nicola?
- Eu mesma. – apoiei o cotovelo no joelho e levei a mão ao rosto.
- Algum problema? – por trás dele não se ouvia um ruído sequer. Deveria estar em casa.
- Na verdade sim. Estou sem energia no meu apartamento e gostaria de saber se posso dormir aí? – esperei – No quarto dos fundos é claro.
- Claro que pode! Vai precisar de carona?
- O que? Não, não. Posso pegar o ônibus e chego aí antes de 7PM.
- Não vai me dar trabalho. Além do mais, não deve ser agradável ter de pegar um transporte lotado.
- Senhor Demion... – já estava arrependida de ter tido essa ideia.
- Me passa seu endereço por mensagem, vou só colocar uma camisa.
Fiquei ali sentada por uns 5 minutos pensando se deveria mandar a mensagem ou simplesmente dormir no escuro.
E com fome.
Arrumei uma bolsa com algumas peças de roupa e produtos de higiene pessoal. Fui para o térreo e esperei por ele.
- E então, qual foi o problema? – perguntou Demion enquanto dirigia para sua casa.
- Bom, segundo o proprietário, houve um curto circuito em um dos apartamentos.
- A parte ruim de não morar em uma casa é ter de lidar com o erro dos outros. – seu olhar nunca deixava a estrada.
- Espero me livrar logo dessa situação. – esfreguei uma mão na outra. Não era desconforto, mas eu tinha um pouco de vergonha de estar tão próxima dele. Não só fisicamente.
- Quando pretende? – questionou.
- Quando eu tiver o dinheiro. Só o que me falta é dinheiro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nicola (HIATUS PARA EDIÇÃO)
DiversosAté que ponto um homem luta pelo direito de amar? Até que ponto uma mulher suporta a dor da omissão? Nicola não acredita no mesmo que eles. Mas terá de acreditar para manter-se viva dentro de si.