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Sugestão musical: Tivolit (BEHM)


Eu ouvi uma voz ressoar.

Ela ficava mais próxima a cada segundo me puxando de volta. Recobrei a consciência no momento que o Noah me balançou me tirando desse devaneio.

– Khéssia!

Senti o calor das suas mãos no meu rosto.

Pisquei os olhos e murmurei uma resposta.

– Não me assuste assim!

Ele me deu espaço e respirou fundo se jogando no chão ao meu lado.

– Você não respondeu.

Apesar de estar acordada, eu tinha a impressão de estar embriagada.

– O que houve? – perguntei encarando as estrelas.

Eu não tinha visto mais nada depois que abri o portal.

– Você ficou hipnotizada por aquela parede – respondeu e refletiu agoniado – não reagiu quando te chamei. Eu precisei me jogar no portal com você. E quando chegamos aqui você continuou imóvel – ele engoliu em seco – com os olhos vítreos e desbotados... eu pensei qu...

Ele não se permitiu terminar.

– Você realmente está bem?

Respirei fundo e me sentei.

– Eu não sei. Não sei o que houve. Eu... me perdoe – coloquei minha mão na dele.

Aquilo atraiu o seu olhar.

Eu recuei e ele riu amargamente.

Noah deitou com o braço cobrindo seus olhos, seus cabelos estavam despenteados e sua calça cheia de terra. A jaqueta preta possuía tantos cortes quanto a blusa branca que usava por baixo.

– Você se machucou?

– Eu não consigo te entender – disse sem responder a minha pergunta – você me deixa confuso.

– Eu sinto muito.

O luar estava forte me permitindo observá-lo.

Eu abracei minhas pernas.

– Apenas eu sei o perigo que sua vida está correndo a cada segundo que continuo aqui.

– É isso que controla suas ações? – rebateu retirando o braço do rosto. Noah ficou encarando o céu – e o que motiva você a sorrir para mim e me encarar com essas ametistas irresistíveis? – Ele virou o rosto e fixou seu olhar no meu – agindo como se me quisesse por perto. Respondendo as minhas provocações.

– Se eu corresponder... – calei a boca cansada de mentir – você está certo – murmurei observando a lua – sobre nós.

Noah sentou em silêncio.

– Nós somos dois rebeldes – franzi a testa e olhei para ele inconformada – mas eu sou covarde demais para arriscar a vida de alguém. Eu não conseguiria arriscar a sua – deixei pesar a última palavra.

Apertei as minhas mãos.

O movimento restrito por causa das faixas. Por causa do meu poder. Esse maluco estava disposto a entrar nessa tempestade, mas era burrice e eu devia ser a primeira a negar.

Ou ao menos ter força para afastá-lo.

– Dê uma chance para esse sentimento – disse com convicção – Acredite, Khéssia. Já estamos no inferno. Um pecado a mais, um menos. Não fará diferença.

A Maldição da Floresta - AMF vol. 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora