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No início eu tive receio de ir até o Evan.

Por uma série de fatores, porém ele era a única pessoa que eu poderia procurar agora.

– Uma visita tão repentina assim. – Evan falou nos analisando – devo me preocupar?

– Não! – rebati nervosa. – Sim... eu preciso conversar com você. – concluí inquieta.

Evan estava cuidando das plantas quando chegamos. Parecia estar flutuando em suas roupas azuis de linho, as luvas amarelas e o chapéu de palha tão pouco atrapalhavam a sua beleza. Evan continuava exalando uma elegância inexplicável.

Desde o momento que chegamos ele nos observou.

Com olhos de águia.

Atento principalmente nas duas pessoas que eu trouxe comigo. Ele analisou o Levi primeiro e depois o Noah, demorando um pouco mais.

Quando o Evan o avistou ele semicerrou os seus olhos. Algo passou na sua íris dourada. Mas eu não era capaz de desvendar o motivo. Ele era bem volátil e demonstrava confiança com a mesma intensidade que fazia seus inquéritos.

– Entendo – Evan suspirou. – Pensei que este século seria mais calmo.

Ele colocou o vaso de margaridas na mesa do jardim e retirou o seu avental.

– Por quê? – Levi perguntou depois de voltar da sua inspeção pelo jardim.

Nos entreolhamos rapidamente.

– Porque uma vida agitada é muito cansativa. – ele respondeu sorrindo.

– Nem me fale. – murmurei.

Suspeitei que o seu poder devia ser de manipular emoções ou as pessoas, talvez os dois.

– Por que você e o Noah não vão explorar melhor o jardim? Há muitas frutas deliciosas. – Sugeriu dando uma piscadela para o Levi.

Os olhos dele brilharam com empolgação. Eu acenei com a cabeça incentivando.

Levi andou em direção ao enorme jardim até que virou a cabeça para chamar o Noah que ainda estava ao meu lado. Noah hesitou por um instante e apertou meus dedos. Quando correu até o menino o seu rosto era tão infantil e doce quanto o do próprio Levi.

Voltei a me concentrar no Evan.

Ele subiu as escadas de metal polido, que dava acesso à sua casa. Era uma construção suspensa entre os galhos grossos das árvores, encarei como a madeira se retorcia.

Magia, eu não tinha dúvidas.

Ele abriu a porta e me convidou para entrar.

O acompanhei até a cozinha, um local arejado e iluminado graças aos reflexos do sol na madeira cor de mel. Amarillis e astromélias serpenteavam as janelas e os cantos do cômodo, tons laranja e branco se espalhavam nas suas pétalas delicadas.

A casa parecia com seu dono, aconchegante e surreal.

Evan tirou o bule do fogão e caminhou na minha direção.

Duas xícaras de porcelana estavam sobre a mesa, demarcando os nossos lugares e depois que ele serviu o chá, eu contei o que aconteceu. Ele ficou calado. O seu silêncio passou a me corroer.

Eu precisava de alguma luz. E o guia mais confiável na ausência do Morgan e da Éris, era ele.

– O que está me contando é algo bem sério.

– Eles ainda não voltaram, mas eu sei sobre os desaparecimentos. Nós começamos investigações e isso não pode ser apenas uma coincidência – falei apertando a xícara entre as mãos.

A Maldição da Floresta - AMF vol. 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora