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Horas depois de acalmar os ânimos, conseguimos encontrar o nosso ritmo evitando ameaças e joguinhos (se é que isso era possível). De algum jeito, convenci o Morgan a me deixar sozinha com o Luther novamente.

Era óbvio que ele não tinha ido muito longe, não tínhamos confiança algum no nosso antigo mestre.

Fiquei a uma distância que eu considerava suficiente para ficar perto do Luther.

– Eu só vim aqui, porque me preocupei com os outros feiticeiros. – falei sendo curta e grossa.

Luther colocou a mão no queixo.

– O que você temia?

– Como assim?! – Franzi as sobrancelhas – Que o Draven tomasse alguma atitude.

Luther me analisava por completo, cada expressão e palavra que saía da minha boca.

– Ele nunca pretendeu atacar Aron.

Seus olhos estavam fixos nos meus, brincando com a minha reação.

– O quê?... – perguntei atônita.

Luther respirou fundo e retirou a luva preta de sua mão esquerda devagar.

– Ele nunca atacaria. Não dessa forma, não nesse contexto. – falou tranquilamente. – O que o Draven queria era que você viesse até mim.

Franzi a testa com tanta convicção que temi não poder fazer outra expressão depois disso.

Draven queria que eu viesse a Aron? Atrás do Luther?

Se ele não tinha pretensão de atacar por que todo esse esforço?

– Entenda. – Luther falou tentando clarear meus pensamentos. – O Draven queria que você viesse até mim para que eu tivesse ciência de que você esteve lá, que ele tem conhecimento sobre você.

– Uma das joias... – murmurei.

Luther sorriu ao ouvir.

– É um jeito carinhoso de chamar todos os meus alunos, os melhores pelo menos. – Completou com ênfase.

– Então, ele não faria nada para Aron mesmo depois daquela confusão?

– Aquela confusão que você tanto fala, foi o que fez o Draven ficar ainda mais interessado. Ele não resiste ao poder e convenhamos, querida Khéssia, apesar dele ter se interessado pela sua magia, ele não deixou de notar que o exterior que guarda essa fonte de poder é muito belo.

Revirei os olhos.

– Mas admito que foi bom ter levado a sério. – Finalizou mudando o tom de voz. – Você é um recado dele. Porque antes, ele só tinha ouvido sobre você, mas agora ele te conhece. E não vai demorar até ele saber que você não é mais minha aluna. Que não vive em Aron.

Luther deixou a frase no ar para que minha imaginação completasse da forma que bem entendesse.

E não foi com a melhor das hipóteses.

– Ele virá atrás de mim?

– Se ele te quiser como novo brinquedo dele? Sim e não medirá esforço algum. – respondeu. – Esse jogo é antigo, ele criou o hábito de se interessar pelos meus alunos mais fortes. E se apossar deles. Por isso eu sempre trouxe os prodígios para Aron, ele foi o motivo para que eu ofertasse uma vaga para você e o Morgan.

A forma que o Luther falou era quase sentimental.

Quase.

– Você também não mediu esforços, não é? – Instiguei.

A Maldição da Floresta - AMF vol. 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora