A Maldição da Floresta - AMF vol. 1 (COMPLETO)

28

Sugestão musical: Daylight (David Kushner)

Eu estava nervosa, precisava dizer tanta coisa.

Eu não podia mais esconder do Noah que o general estava por trás da doença do rei que, na verdade, era envenenamento. Agora, a Leah estava longe das garras do River e sob minha proteção, não havia mais motivos para que eu mantivesse esse segredo comigo.

Minha mente girou.

Talvez, um dia o Noah me perdoe.

Essas ideias estavam me matando, porque nem mesmo sabia se conseguiria encontrá-lo a tempo, mas eu precisava tentar. Precisava avisar sobre seu pai, precisava me despedir e eu queria fazer isso mesmo que ele não soubesse que era uma despedida.

Eu só queria vê-lo uma última vez.

Saí do portal apenas para encontrar seu quarto vazio.

Andei até o banheiro, mas também não havia ninguém. Girei pelo quarto aflita, eu ainda estava molhada por causa da chuva que usei para apagar o incêndio e minha roupa parecia mais pesada do que nunca. A minha capa deixava uma trilha escura no chão molhando o piso escuro do quarto, porém eu não me importei.

Engoli em seco e continuei andando com meu coração gritando o nome dele a cada batida.

Fui em direção à biblioteca, o único lugar que eu ainda não tinha olhado e fiquei ansiosa.

Eu não podia contar a verdade agora, era perigoso demais.

A porta estava entreaberta, ouvi a voz dele e coloquei minha mão sobre ela, mas antes de abrir percebi que havia mais alguém e contive meu movimento.

River estava na sala com ele.

O chantageando.

Tapei minha boca com a mão, fechei os olhos com força. Com ódio do mundo, dos deuses e daquele filho da puta que chegou antes de mim.

Eu observei a conversa decorrer, River caminhou pela biblioteca no mesmo instante que os olhos do Noah encontraram os meus.

Medo se espalhou no ar.

O que podemos fazer?! Essa era a pergunta entre nós.

Ele piscou e desviou o olhar para o River que voltou a encará-lo. Eu sabia o que ele ia fazer, mas isso não ia diminuir a dor desse adeus. Um adeus da pior forma graças ao inimigo entre nós.

Noah gargalhou.

– A feiticeira é somente um jogo! Um meio de conseguir o que eu queria, não foi nada demais.

É mentira, repeti para mim mesma.

Porque precisávamos fazer isso. River precisava acreditar que esse ódio nasceu entre nós.

Meu coração parou e eu senti que era extremamente difícil respirar. Eu quis tapar meus ouvidos e dar meia volta. Balancei a cabeça e parei. Era necessário.

Meu estômago revirou e minhas mãos começaram a suar, tudo pareceu acontecer em uma velocidade lenta. Dei um passo para frente, empurrei a porta e nosso teatro começou.

Noah virou de costas permitindo que o River me visse primeiro. Ele levantou os olhos surpresos.

– Noah. – Parei de falar, eu não estava conseguindo formular uma frase.

Olhei para os lados pedindo forças.

– Diga que ouvi errado.

Me aproximei dele devagar e levantei a cabeça procurando seus olhos.