Capítulo 32

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POV Shivani 

A caminho da escola, Joalin e eu mal conversamos. Ela olha pela janela e balança o joelho para cima e para baixo. Aposto que está pensando em Sabina. Não disse nada, mas imagino que quem ligou foi ela. 

— Temos tempo de passar no Sunshine Donuts? — pergunta ela. 

Dou uma olhada no relógio do painel. 

— Acho que não. Já estamos atrasadas. 

Joalin encosta a cabeça na janela e fecha os olhos. Talvez não tenha sido Sabina que ligou no fim das contas. Ou talvez Joalin não tenha chegado a tempo de atender o telefone. De todo modo, ela está bem nervosa. 

Existem tantas coisas que nós duas não temos como saber. Quero descobrir qual é o trabalho de Kevin Storm. Salvar uma vida pode significar tantas coisas diferentes. Espero que isso signifique que ele tem personalidade do tipo que dá conta das coisas, porque isso é algo que sempre me atraiu em Sofya. Quando Any torceu o tornozelo na competição do mês passado, Sofya veio correndo com gelo. Brinquei com Any que aquilo me deu vontade de me machucar na corrida também. 

Mas, então, penso em Hina e quem fica nervosa sou eu. Hina, que comprou minha primeira caixa de OB porque eu não conseguia parar de dar risada no corredor da farmácia, pode estar grávida neste momento. Ela nem me contou que estava transando e isso me deixa louca da vida. Nós contamos tudo uma para a outra. 

Ou talvez Hina ainda não tenha transado. Se esse for o caso, vai acontecer logo. Mas como é que posso simplesmente ficar sem fazer nada, só olhando enquanto Hina se torna uma mãe adolescente? Ela quer estudar na Penn State e sonha em se tornar médica ou cientista. Será que vai conseguir fazer tudo isso com um bebê berrando atrás dela? Talvez ela nem consiga terminar a escola. 

O estacionamento da escola está lotado e as únicas vagas que sobraram são bem longe, perto do ginásio. Estaciono e dou uma olhada em Joalin. Ela não proferiu nenhuma palavra desde que perguntou sobre as rosquinhas. 

... 

Quando entro de fininho na aula de música, o sr. Markowitz não percebe que estou atrasada. Ele está ocupado com a escalação para o desfile deste fim de semana para o Memorial Day com as meninas da ala das bandeiras. 

Tenho a sensação de que Joalin não vai ter tanta sorte com a professora da sala de estudo dela e isso me dá uma leve satisfação. A maneira como saiu correndo para atender o telefone hoje de manhã foi irritante. E não entendo por que ela simplesmente não me disse se Sabina tinha ligado ou não. Quando liguei para o meu primeiro marido pelo menos tive coragem de dizer a Joalin o que havia feito. 

Tanto faz. Joalin pode falar com quem ela quiser. Eu tenho Kevin Storm à minha espera. Mas o problema é que isso só acontece daqui a quinze anos. Hoje, enquanto Joalin está quase namorando Sabina Hidalgo, eu ainda tenho que encarar... 

— Shivani. 

Bailey. 

Ele bate com as baquetas na minha coxa. 

— Como estão as coisas? — pergunta, escorregando para a cadeira ao meu lado.

— Eu achei que você ia se interessar em saber que meus pais vão viajar neste fim de semana. Isso significa que vou ficar com a casa vazia. 

— Achei que era isso que você queria dizer. 

— Então, você pode ir lá em casa e ninguém vai nos interromper. 

Olho para a minha partitura. Ontem à noite, quando estava pensando na vida com Kevin Storm, prometi a mim mesma que ia terminar com Bailey. 

— Você quer ir à fogueira na sexta à noite? — pergunta ele. — Podemos ir para a minha casa depois. 

Penso no que Joalin disse hoje de manhã. Ficar todo dia com alguém de quem você não gosta deve ser bem difícil. 

— Não posso fazer isso — respondo. 

Bailey gira uma baqueta entre os dedos. 

— Não pode fazer o quê? 

— Você e eu. Não dá mais. 

— É porque Joalin viu a gente junto outro dia? Se você quiser, posso falar com ela. 

— Não. — Respiro fundo. — Não tem nada a ver com Joalin. Eu só preciso passar um tempo sozinha. Não é nada que você tenha feito, mas eu... 

— Certo. — Bailey passa a mão na cabeça áspera. — Não vou tentar fazer você mudar de ideia. Nós sempre dissemos que íamos manter as coisas discretas. 

Bailey dá um sorriso triste e abre os braços, como se estivesse esperando um abraço. Quando me inclino na direção dele, percebo como isso se parece com a vez em que terminei com Luis e até com Rebecca. Diferentemente do rompimento de outras pessoas, os meus nunca são muito dramáticos. Quando Joalin e Lamar terminaram, ela ficou trancada no quarto toda tristonha durante semanas. Quando minha mãe e Erik se divorciaram, ela deve ter passado um mês chorando. E quando Josh deu o pé na bunda de Hina... 

Hina! 

Preciso contar a Joalin sobre a gravidez dela o mais rápido possível. Eu devia ter contado para ela hoje de manhã. Isso não é algo com que eu queira lidar sozinha. 

... 

Eu avisto Joalin em um corredor cheio de gente entre o terceiro e o quarto tempo. Chamo o nome dela, mas ela não responde. Está com uma menina do segundo ano e as duas estão dando risada. Elas se viram e começam a caminhar pelo corredor. 

— Joalin? — grito de novo, mas ela continua sem responder. Ou talvez esteja me ignorando? Um telefonema de Sabina e é isso que acontece! 

Fico na ponta dos pés e observo as duas se afastarem. Alguns passos depois, ela estende a mão e toca nas costas da menina Isso é tão diferente do que Joalin costuma fazer... 

— Shivani? — diz uma voz. 

Conheço essa voz. 

Devagar, eu me viro. Sofya Plotnikova está andando na minha direção.

The future of us {shivlin version} Onde histórias criam vida. Descubra agora