Capítulo 2

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POV Joalin

Sigo Shivani escada acima e vou contando nos dedos os meses, de novembro a maio. Faz seis meses que não entro na casa dela. Antes disso, era como se aqui fosse minha segunda casa. Mas, depois que fomos todos juntos à estreia de Toy Story, entendi mal as coisas e achei que ela queria mais do que amizade. 

Ela não queria. 

Quando chegamos ao quarto dela, Shivani faz um gesto para o computador. 

– Aqui está. 

O monitor mostra um protetor de tela que faz parecer que você está andando em um labirinto de paredes de tijolo. 

– Legal – comento, apoiando o skate na cômoda. – Mal dá para ouvi-lo funcionando. 

O quarto dela está do mesmo jeito que antes, a não ser por um vaso de rosas brancas murchas na cômoda. Várias lanternas de papel vermelho estão penduradas no teto. Dois quadros de cortiça perto da cama estão cheios de fotos e canhotos de entradas de cinema e de bailes da escola. 

Shivani balança a cabeça. 

– Desculpe – diz ela, dando uma risada baixinha. – Isso é uma idiotice. 

– O que é uma idiotice? – Prendo o cabelo suado que cai sobre meu rosto. Depois de pegar as rodas novas, encontrei Josh no estacionamento da igreja batista para andar de skate. Entre o culto da manhã e o da noite o estacionamento fica vazio e ali tem umas rampas de arrasar no asfalto. 

Shivani fica em pé ao lado da cadeira da escrivaninha e a vira para mim. 

– Certo, preciso do seu humor um segundo. 

Eu me sento e Shivani vai me girando a cadeira até eu ficar de frente para o monitor. 

– Mexa no mouse – diz ela – e fale o que você vê. 

Eu não sei bem se é o fato de estar de volta ao quarto dela ou a maneira estranha como ela está agindo, mas essa situação toda está me deixando sem jeito. 

– Por favor – pede e então vai até a janela. 

Eu balanço o mouse dela. A parede de tijolos congela e depois desaparece. E o que vejo em seguida é um site com palavras e fotos bem pequenininhas espalhadas por todos os lados, como um caleidoscópio. Não faço a menor ideia do que ela quer que eu veja. 

– Esta mulher se parece com você. – observo. – Que legal! – Dou uma olhada em Shivani, mas ela está com o olhar fixo do lado de fora. A janela dela dá para o gramado da frente, assim como a janela do meu banheiro, no andar de cima. – Ela não é exatamente parecida com você. Mas, se você fosse mais velha, seria. 

– O que mais você está vendo? – pergunta ela. 

– Ela tem seu nome, só que com Urrea no fim. 

O site diz "Facebook" no alto. É desorganizado, com imagens e coisas escritas por todos os lados. 

– Não foi você quem fez isso, foi? – pergunto.

Estou fazendo Processamento de Texto neste ano, que mostra como criar, alterar e salvar arquivos no computador. Shivani está um ano à minha frente, em Processamento de Texto II. 

Ela se vira para mim com as sobrancelhas erguidas. 

– Não que você não fosse capaz. – completo. 

Parece que Shivani fez este site como projeto de aula e criou um futuro de fantasia para ela mesma. Ela diz que Shivani Paliwal Urrea estudou na nossa escola, agora mora na Flórida e se casou com um sujeito chamado Noah Jacob Urrea. O nome do marido dela parece falso, mas, pelo menos, ela não escolheu o nome de Shivani Paliwal Plotnikova, por causa daquela garota da equipe de corrida. Nem Shivani Paliwal May, por causa do atual namoradinho. E por falar em Bailey, ela não tinha dito que ia terminar com ele? 

The future of us {shivlin version} Onde histórias criam vida. Descubra agora