Capítulo 7

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POV Shivani

— Comigo? — Os olhos de Joalin se apertam e ela parece confusa. 

A página dela foi uma das muitas coisas que não me deixaram dormir ontem à noite. Eu devia ter dito a ela no instante em que entrou no meu quarto. 

— Shivani. — Joalin passa a mão na frente dos meus olhos. — Do que você está falando? 

— Ontem à noite, antes de você ir lá em casa, eu estava olhando o site do Facebook. Lembra o lugar em que diz que tenho trezentos e vinte amigos? — Faço uma pausa e solto a respiração devagar. — Mostrava você como sendo um deles. 

O silêncio se instala no carro. 

— Dizia "Joalin Loukamaa" — acrescento — e tinha uma foto sua numa versão mais velha. 

Joalin bate o copo do Sunshine Donuts no joelho. Ela não queria acreditar em nada disso. Ela queria provar que era uma pegadinha. 

— Você tem cabelo mais curto. — continuo. — E usa óculos. 

— Mas minha vista é ótima — diz ela.  — Parece que no futuro não é. 

Joalin aperta a unha do polegar contra o copo de isopor e faz marcas de meia-lua de um dos lados. 

— Você viu mais alguma coisa? Quando você clicou na foto de Shivani Paliwal Urrea uma outra página entrou. Deu para fazer isso com a minha? 

Faço que sim com a cabeça. 

— Diz que seu aniversário é no dia 12 de julho e fala que você estudou na Universidade de Washington. 

— Igual ao David — diz Joalin. 

— E que voltou a morar aqui. 

— Em Lake Forest? 

Fico imaginando como ela se sente a respeito disso. Eu, pessoalmente, estou determinada a me mudar para algum outro lugar um dia. Não tem nenhuma floresta de verdade na cidade e o lago Crown fica a quinze quilômetros da estrada, rodeado por casas caras. O centro só tem três ruas e não dá para fazer nada sem que todo mundo fique sabendo. Mas Joalin é mais tranquila do que eu. Ela parece achar que Lake Forest é um lugar ótimo. 

— Onde fica minha casa? — pergunta ela. — Não me colocaram morando com meus pais depois dos trinta anos, colocaram? 

Balanço a cabeça. 

— Acho que você mora perto do lago. Tinha uma foto sua no quintal e dava para ver uma doca no fundo, com uma lancha atracada. 

— Que legal — diz ela. — Então fizeram com que eu fosse rica. 

Reviro os olhos. 

— Por que você fica falando como se alguém tivesse feito alguma coisa? De quem você está falando? 

— Das pessoas que criaram essa piada. Vou ao laboratório de tecnologia hoje para ver quem anda escaneando fotos de... 

— Quando você diz "as pessoas que criaram isso", você não entende? Em algum momento do futuro, nós é que criamos. Eu não sei exatamente o que é, mas parece ser um site interconectado em que as pessoas mostram suas fotos e escrevem sobre tudo o que está acontecendo na vida delas, como, por exemplo, que encontraram um lugar para estacionar ou o que comeram no café da manhã. 

— Mas por quê? — pergunta Joalin. 

O primeiro sinal toca para a sala de estudo. Bailey vai querer saber onde eu estava hoje de manhã. Nós costumamos nos encontrar no armário dele e vamos juntos para a aula de música. 

Pego minha mochila e coloco a mão na maçaneta da porta. 

— Espere — diz Joalin, girando uma das rodas do skate. — Esse tal de Facebook dizia se eu era casada ou não? 

Pego as chaves para poder abrir o porta-malas. 

— Dizia. Você é casada. 

— O que diz sobre... ele? Ou ela? — pergunta Joalin com o rosto pálido. — Minha ou meu... sabe como é... ? 

— Achei que você não acreditasse nisso — respondo. 

— Mesmo assim, quero saber. É o meu futuro, certo? 

— O negócio é o seguinte — digo e tomo fôlego. — No futuro, você é casada com Sabina Hidalgo. 

Joalin fica de boca aberta. 

Abro a porta do carro. 

— Vamos nos atrasar.

The future of us {shivlin version} Onde histórias criam vida. Descubra agora