Capítulo 19

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POV Shivani

Hina e eu passamos a hora de estudo na biblioteca. Hina, que só vai tirar nota máxima nas provas finais, está fazendo um teste da revista YM chamado "Que tipo de namorada você é?". Estou tentando me lembrar dos acontecimentos principais da guerra hispano-americana para a prova final de história, mas, na verdade, estou é pensando no meu futuro. 

Fecho os olhos e massageio a testa. É difícil saber muita coisa quando o futuro se revela para a gente em algumas poucas frases aleatórias por vez. Além do mais, minha vida mudou cada vez que a gente olhou, então não dá nem para prever o que meu futuro eu triste vai fazer hoje. 

– Você planejou passar a noite com as amigas – lê Hina –, quando seu(a) namorado(a) liga e convida você para ir ao cinema. Você: (A) diz que não pode, mas que vai estar livre amanhã; (B) convida o(a) namorado(a) para vir à sua casa e se divertir com as meninas; ou (C)...". 

– Nenhuma das anteriores – interrompo. – Digo para ele que essa história de ver filme é papo-furado. Ele só quer agarrar você. 

– Você está certa – diz Hina, balançando a cabeça. – Os meninos são os maiores tarados. 

Examino as unhas dos meus dedos. 

– Você pensa sobre a pessoa com quem vai se casar um dia? 

– Engraçado você perguntar. – Hina sorri e dobra a ponta da página da revista. – Hoje de manhã, estava conversando com Diarra sobre uma Teoria do Marido que inventei. 

– Você tem uma Teoria do Marido? 

– Pensei nela quando estava parada em um sinal vermelho ontem. – diz ela. – Certo, imagine que você está prestes a morrer em uma batida de frente. Lá está você, dirigindo pela rua, quando um Ford Branco vem com tudo para cima de você. Você sabe que já era, que é o fim. Então, você olha para o banco do passageiro e... Quem está lá? 

– Que coisa horrível, Hina! 

– Rápido, quem está lá? É seu futuro marido. 

Tiro um pouco de esmalte cor de coral do polegar. 

– Eu é que estou dirigindo? 

– É, e vocês dois vão morrer. Quem é? 

– Não sei – respondo. – Você, talvez. 

– Impossível – diz ela. – Acabamos de aprender em sociologia que casamentos entre pessoas do mesmo sexo não são permitidos em nenhum lugar do mundo. Esse é o tema do meu próximo editorial. Mas, vamos lá! Quem está no seu banco do passageiro? 

– Mas até nos casarmos talvez seja permitido. E ninguém, não tem ninguém do meu lado. – respondo, balançando a cabeça. – Vejo um gatinho malhado. Ou, quem sabe, uma daquelas cacatuas, igual à que aquela mulher do centro carrega no ombro. 

Hina faz beicinho com o lábio inferior. 

– Você nem quer entrar na minha brincadeira. 

– Desculpe. Certo, considerando que já será permitido, verei Sofya. E você? Quem você vê? 

– Josh – responde ela e volta a abrir a revista. 

– Josh? – Olho por cima do ombro, para ter certeza de que a bibliotecária não reparou que estamos conversando. Ela está sentada no balcão da entrada, lendo o Boletim das Bibliotecas Escolares. – Ele partiu seu coração. Duas vezes! Por que você sempre se esquece disso? 

– É ele que eu vejo – retruca Hina. – Não posso fazer nada a respeito. Mas quer saber uma coisa fofa? Josh vai ajudar alguns skatistas do último ano a colher lenha para a fogueira de sexta à noite. É tão prestativo da parte dele, não é mesmo? 

Quando Hina volta para o teste da revista, penso sobre o meu futuro marido real, Noah Jacob Urrea. Não tinha muita coisa na página dele, apesar de obviamente gostar de pescar. Mas não sei o suficiente sobre ele para vê-lo no banco do passageiro. 

Então, é isso. Levanto de um pulo da cadeira e atravesso a biblioteca correndo. É ele que faz o meu futuro ser uma porcaria. Se conseguir me livrar dele, talvez tenha uma chance de ser feliz. 

– Senhorita, Nesbit? – chamo. A bibliotecária tem uma mecha cor-de-rosa no cabelo e duas argolas de prata no alto de uma orelha. – Tem lista telefônica aqui na biblioteca? 

Ela larga a revista, que está aberta em um artigo sobre censura a livros. Com toda a certeza, ela é uma das professoras mais legais da Lake Forest High School. 

– É alguma emergência? – pergunta ela, enquanto levanta com dificuldade a lista de telefones residenciais locais. – Posso deixar você usar o telefone dos fundos, se precisar fazer uma ligação. 

– Na verdade, estou interessada em listas telefônicas de outros estados. 

A senhorita Nesbit mexe em um dos brincos. 

– Algum estado específico? 

Meu coração bate mais rápido. 

– Da Califórnia? 

– Você tem que tentar na biblioteca pública – diz ela. – Lá tem listas telefônicas do país todo. Tenho certeza de que vai ter alguma da Califórnia.

The future of us {shivlin version} Onde histórias criam vida. Descubra agora