𝑻𝒉𝒆 𝑾𝒊𝒕𝒄𝒉 · Concluída

━━━ 4.

Shiori estava deitada em sua cama lendo o livro que havia emprestado mais cedo. Já havia tomado seu banho e feito uma atividade que a professora Fumiko havia passado, uma vez que o trabalho em grupo havia falhado.

May havia acabado de sair do banho e penteava seus cabelos sentada em sua cama.

— Você gosta daqui? — ela perguntou à Shiori.

A menina fechou o livro para dar total atenção a pergunta de May.

— Até o momento sim, mas só fazem três dias. — ela riu. — Eu queria poder participar das aulas.

— Em breve sua magia deve despertar.

— Espero que sim. Mas, me explica, se formos criados como dynols nossas magias ficam "seladas"? — ela fez sinal de aspas com a mão.

— Página trezentos. — ela apontou para o livro.

Shiori abriu o livro novamente e folheou até a página trezentos.

Magia Selada

Todos os seres hudolus tem sua magia. Ela está no sangue e em cada molécula dele.

Se um hudolus for criado como dynol, ele não consegue fluir sua magia e ela permanece no núcleo, fechada. Alguns hudolus morrem acreditando ser dynols por nunca terem fluído sua magia.

Em alguns casos raros, se um hudolus cometer crimes de penalidade 4 ou 5, o Conselho se reúne sob a chave número 6 [Ver página 315] e os julgam. Os bruxos eram chamados, mas atualmente os feiticeiros fazem o trabalho. Eles recolhem a magia e a forçam de volta ao núcleo, fazendo com que a magia seja selada.

Um exemplo, é o do criminoso Ashew, um serênio, julgado na penalidade 5 sob a chave 6. Ele afogava mulheres dynols e hudolus e abandonava seus corpos no lago central. Alguns nunca foram encontrados.

— Credo, que horror! Ele está preso, né? — perguntou Shiori.

— Ele se matou. Tem dez anos isso. O caso não chegou a mídia, por ser muito pesado.

— Por isso nunca fiquei sabendo.

— A comunidade serênia ficou mal vista depois disso, mas não durou muito. Um dos Cinco Conselheiros fez um anúncio público repudiando este tipo de ato.

— Menos mal. Como se já não bastasse os lobisomens de hoje em dia pagando o preço pelos atos dos antepassados.

May respirou fundo e ficou em silêncio.

O toque de recolher soou. Eles deveriam descansar.

— Posso apagar a luminária? — perguntou May.

— Você se importa de deixá-la acessa?— falou Shiori. — Tenho medo do escuro. Na verdade, do quê tem nele.

— Sem problemas. Vou apenas diminuir um pouco a claridade.

Feito isso, May se deitou.

Shiori não conseguia dormir, a chuva havia ficado mais forte. Os relâmpagos iluminavam os cantos mais escuros do quarto e lhe davam a sensação de haver alguém escondido neles.

Aquela sensação lhe fazia lembrar de algo que estava escondido no fundo de sua mente. Uma lembrança ruim, que não se recordava, mas sentia.