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Gaia. Deusa da Terra. Deusa da criação. Um dos muitos nomes da Mãe.

Um nome um pouco forte para uma criança que acabara de nascer e não sabia sequer o que havia acontecido. Era assim que Romona, a loba branca pensava enquanto corria com aquela criança.

O choro havia cessado, e o único barulho era o de sua respiração e dos galhos quebrando. Ela desejava chegar em sua casa o quanto antes, já que a pequena estava sofrendo com o frio e poderia morrer.

Ela morava em um grande carvalho oco por dentro. O lugar era espaçoso e facilmente acomodaria a nova integrante da família.

Romona morava ali com seu marido, que havia sido morto. Ela havia tomado para si a responsabilidade de cuidar da herdeira de uma raça inteira.

A grande loba entrou no carvalho e poucos passoa depois, já estava dentro de sua casa. Colocou a pequena em sua cama e acendeu a lareira, queimando a madeira com as mãos. O lugar logo ficou quente e confortável.

Pegou Gaia no colo e ajeitou alguns panos, montando uma caminha perto do fogo.

— Acho que assim fica melhor pra você.

Ela foi até o banheiro e se olhou no espelho velho. As lágrimas começaram a descer pelo rosto moreno e deixou seus olhos verdes completamente vermelhos. Ela chorava de raiva e de saudade. Não pôde impedir o massacre e aquilo lhe causava dor.

Lavou o rosto e limpou os ferimentos da última batalha. A criança chorava de fome, o que a fez entrar em desespero.

Só havia uma garrafa de leite e isso a obrigaria a sair no dia seguinte, o que não era recomendado. Esquentou o leite o mais rápido que pôde e começou a dar para a criança em uma garrafa improvisada.

— Sinto muito, pequena Gaia. Não é o leite da sua mãe, mas vai te manter forte.

·

Os anos passaram. Gaia era uma jovem moça com seus dezenove anos e Romona era uma mulher mais velha, perto de seus cinquenta e cinco anos.

Elas nunca tiveram problemas com os lobisomens desde aquele dia. Eles nunca a encontraram.

O único problema que tinham agora, era a gravidez de Gaia. A jovem moça, apesar dos avisos de sua mãe, cedeu aos pedidos de um homem, que oferecia dinheiro em troca de algumas noites em um hotel barato. Como estavam passando por necessidades devido ao inverno, Gaia aceitou e acabou engravidado.

O homem nunca assumiu sua responsabilidade e a menina e sua mãe, também não desejavam por isso. Romona apenas queria que Gaia tivesse um bom casamento e uma casa para morar, já que passou toda sua vida no velho carvalho oco.

Gaia sabia o que era. Sabia de sua descendência. Mas ela optou por esconder, já que sabia do ódio que as pessoas alimentavam de sua raça.

Alguns, quando descobertos, eram queimados na fogueira em praça pública, já que não possuíam um tutor que lhes ensinasse a controlar e usar a magia.

— Hoje tem mais uma execução. — disse Romona, ao chegar em casa. Os cabelos castanhos estavam domados pelos fios brancos.

— Não aguento mais ver isso. — comentou Gaia.

— Então tome uma atitude.

— Eu tomaria, se não tivesse sido burra. — ela alisava a enorme barriga.— Quem sabe, esse meu filho crie uma grande revolução. — disse com um sorriso nos lábios. — E aí, todos serão livres.

— É um bom sonho. Mas e se seu filho não quiser fazer parte disso?

— Eu irei ensinar ele desde cedo que é por isso que devemos lutar. E como tenho você ao meu lado, ele aprenderá em dobro. Né?

𝑻𝒉𝒆 𝑾𝒊𝒕𝒄𝒉 · ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora