Sim 2.

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- Volta. - Falei entre dentes.

- Lin? Porque? O que houve? - Dessa vez seu tom mudou para preocupado.

- Foi com a Ylona não foi?

Ele não respondeu, tirando minha dúvida no mesmo instante. Aquela maldita sempre interferia na minha vida.

- Joalin...

- Volta agora, porra!

Nunca tinha falado com ele daquela maneira. Bailey tinha os olhos arregalados, fez o que eu disse no mesmo instante. Quando estávamos perto da terra, desci do pedalinho, molhando as calças um pouco acima do tornozelo.

- Lin. Espera.

Gritou, mas não lhe dei ouvidos. Fui até a barraca e comecei a juntar minhas coisas.

- Lin, o que pensa que está fazendo?

Segurou meus pulsos, fazendo-me olhá-lo.

- Todos temos um passado, não pode me condenar por isso. - Seus olhos imploravam.

- Quero ir embora. Não tem mais clima.

- Sabe o quanto está sendo infantil? - Falou com um tom carinhoso.

- Quem mandou se meter com uma ninfeta de dezessete anos. - respondi com aspereza.

Droga. Há muito não perdia o controle desse jeito. Mas nesse momento não dava para me acalmar.
Bailey balançou a cabeça com tristeza.

- Eu sinto muito por ter tido uma vida antes de ti. Saiba que se pudesse teria vivido todos os meus momentos contigo, porque eu te amo Joalin. Não importa o que já te aconteceu antes, quem te beijou ou tocou, porque eu te amo. E tudo antes de mim, não tem importância, assim como tudo antes de ti, não tem mais importância na minha vida.

Dito isso ele saiu, me deixando sozinha com meus pensamentos. Me joguei no chão com a cabeça latejando, tentando expurgar imagens da Ylona tendo sua primeira vez com meu Bailey. Fechei os olhos com força, me forçando a lembrar de suas últimas palavras ditas agora a pouco. Estava suando em bicas, por isso tirei o casaco, ficando com a blusa de lã quentinha.
Porque diabos tinha que ser tão irracional? Quer dizer... Olha só o que estou fazendo, o que ela está fazendo. Depois de minha noite única e maravilhosa, estava deixando Ylona estragar o MEU momento mais uma vez. E isso não estava correto, eu merecia que a partir de agora seu fantasma se fosse de minha vida, de nossas vidas. Estava tão feliz. Droga.
Fiquei alguns minutos ali, focando a lona azul da barraca, nossa palavrinha especial bailava para mim. Senti aos poucos a raiva se dissolver. E dei lugar a tudo que Bailey representava na minha vida. Se eu caio, ele cai. Se eu sofro, ele sofre. Até meus sorrisos pareciam trazer os dele também. Nós éramos a corda um do outro e não podia transformar isso num cabo de guerra.
Devia puxá-lo comigo, para a melhor parte de mim, assim como ele fazia constantemente. Importava mesmo o que houve antes de mim? Pensei por mim mesma. Não lembrava dos toques de outros garotos, não com vontade. Tudo não passavam de lembranças turvas e distantes que Bailey apagava cada vez mais, com um simples beijo ou olhar. Sou uma tola. Mas ainda podia consertar aquilo. Tinha que lembrar a Sina também, lembrar que não podemos nos diminuir ou desestabilizar pelo passado. Porque nós somos o presente e torço eu, o futuro.
Saí da barraca e espreitei lá fora. Noah e Bailey conversavam na beira do lago. Acho que estávamos tendo muitos assuntos em comum. Sina e eu com nossas virgindades e mulheres do passado. Noah e Bailey com duas cabeçudas que se mordiam de ciúmes, que bancavam as crianças e faziam birra. Se Noah não estava lidando tão bem com o situação, imagino Bailey que já passou disso a algum tempo. Algo me dizia que Noah o estava ajudando com minhas crises de adolescente e isso era estranho e legal. Fiquei ali, no topo os observando. Estavam ambos de costas para mim, mas como eu disse, conexão. Eu o puxava para mim, e de alguma forma ele se virou abruptamente, mesma a distância eu sentia seus olhos queimarem os meus. Cruzei os braços no peito, encarando-o de longe. Noah saiu caminhando pela beira do lago, chutando a areia, subiu um pequeno barranco em direção ao restaurante ainda de cabeça baixa. Imagino que a tal ex deva estar a dar voltas na cabeça dele. Espero que ele não se magoe novamente ou magoe a Sina.
Desci devagar, me aproximando aos poucos. Podendo enxergar Bailey cada vez mais perto, ele estava apreensivo. O vento batia em seus cabelos, levando-os para trás, exibindo mais seu rosto perfeito. Parei a dois metros de distância. E ficamos ambos parados, a nos olhar.

𝐁𝐨𝐫𝐧 𝐓𝐨 𝐌𝐞  ͟͞➳ 𝓙𝓸𝓪𝓵𝓮𝔂 𝓐𝓭𝓪𝓹𝓽𝓪𝓽𝓲𝓸𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora