Sacada 2.

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Enquanto remoía minha mágoa, o vento soprou as cortinas do meu quarto, mostrando um pedaço da pequena varanda que tinha ali, eu quase nunca ficava naquele local, não me perguntem, não sei responder. Andei devagar até lá, me debrucei na grade pequena e observei o céu escuro, nada de estrelas, estava frio como sempre. Abracei meu corpo e olhei em volta, minha varanda era de frente para uma outra na casa dos May, não sei de quem, nunca me interessou.

Anos morando no mesmo lugar e esse pequeno espaço era inexplorado por mim, descobri que era bom, eu poderia ficar horas recebendo o vento em meu rosto e observando o movimento na rua, ou a falta dele como era o caso. O quarto a minha frente foi fracamente iluminado, um abajur talvez. Continuei observando, Bailey passou pela porta rapidamente, mas pude notar seu corpo metade desnudo, todo definido e tatuado, me senti estranha, como se fosse uma garota fofoqueira a observar a vida alheia. Ajeitei minha postura, preparando-me para sair, quando ele surgiu em sua varanda, usava uma calça de moletom caída no quadril, os cabelos meio desordenados.

Primeiro sua cara foi de surpresa ao me ver ali, depois foi mudando para alguma expressão que não soube identificar, pois seu corpo de homem era uma distração naquele momento, corei de vergonha, ele coçou a cabeça sem entender e me mandou um sorriso cordial, sorri de volta e me enfiei no quarto. Meu coração estava acelerado, não queria que ele pensasse que eu estava o observando, eu tinha uma boa amizade com ele para que fosse quebrada por algo tão banal, um mal entendido qualquer como esse. Ou, poderia estar sendo muito dramática, afinal, aquela era minha varanda e eu tinha todo direito de usá-la. Acalmei minha respiração e voltei a caminhar pelo quarto, ainda tinha muito no que pensar.

*

*

Tomei meu café aos tropeços, estava em cima da hora, joguei a mochila nas costas, corri com pressa, nem lembrei de me despedir de minha mãe. Bailey estava saindo de casa para trabalhar, fiquei nervosa sem motivo algum.

- Lin. - Ele gritou.

Fingi que não escutei.

- Lin. - Ele me alcançou, puxando a alça da minha mochila, quase levo um tombo. - Desculpe. - Me apoiou por trás para que eu não caísse. - Você sempre fica surda assim pela manhã? - Ele sorriu.

- É que estou com pressa, fico mais avoada ainda. - Menti.

- Sobre ontem, é...

- Não me interpreta mal 'tá? Eu estava lá porque, não estava bem e...

- Do que você está falando? - Como assim? - Eu queria saber se deu o recado pra sua mãe e se aquele mané te faltou com o respeito de novo. - Sua cara era confusa e curiosa, talvez.

- Ah sim. - Me senti patética. - Não e não. - Respondi, ele sorriu.

- Ok então, tenha um bom dia. - Ele correu para o carro, eu corri até o ônibus, que por misericórdia divina ainda estava parado no ponto.

Alívio. Que ideia a minha, achar que um homem bem resolvido como Bailey iria levar a mal o fato de ontem. Cresce Joalin, cresce.

*

*

- Ele ainda 'tá te olhando Joalin. - Shiv tomava uma coca, o jeito como punha a boca no canudinho era propositadamente sexy e tudo aquilo era para os garotos do time de futebol.

Shivani era minha melhor amiga, morena, cabelos pretos e meio ondulados, um sorriso de dar inveja, louquinha e meio desbocada, ela havia encasquetado que Joshua Beauchamp, o capitão lindo e gostoso do time estava interessado em mim, o que era óbvio que não. Não éramos líderes de torcida, nem populares na escola, eu não fazia seu tipo.

𝐁𝐨𝐫𝐧 𝐓𝐨 𝐌𝐞  ͟͞➳ 𝓙𝓸𝓪𝓵𝓮𝔂 𝓐𝓭𝓪𝓹𝓽𝓪𝓽𝓲𝓸𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora