Joalin Loukamaa.
Lavei minhas mãos ensangüentadas no banheiro, a água escorreu rosa por um tempo, tive lapsos do que fiz, estraguei meu quarto, joguei parte da mobília e de minhas coisas fora, principalmente das coisas que ganhei dele. Eu tinha vontade de chorar, mas as lágrimas pareciam ter secado, lavei o rosto algumas vezes, meu cabelo estava terrível e creio que não daria jeito agora. Os passos adentraram meu quarto, agora eu sabia que teria de lidar com isso de uma vez por todas.
- Joalin. - Uma mulher que nunca vira antes apareceu na porta. - Fiquei calada, sentindo o ardor da ponta dos meus dedos. - Podemos conversar sobre o que aconteceu?
Fechei a cara de desgosto, a mulher mantinha a pose altiva. Eu não teria escolha, teria?
*
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- Eu sei que está chateda comigo Lin. Eu sei que nunca vou compreender o que você passou, mas eu fiz de tudo, juro por Deus que...- Mãe. - A interrompi. - Nunca poderia ficar chateada com você. - Tentei passar ternura para ela, não sei se obtive sucesso. - Você me protegeu, você sempre foi tudo que precisei e mais um pouco. Meu porto seguro.
Minha mãe deixou escapar algumas lágrimas e beijou o topo de minha cabeça.
- Estou com ódio dele. Ele foi embora e eu pensei que... Pensei que, ele tinha nos abandonado, antes fosse... - Suspirei para me acalmar. - Porque o deixou ir?
- Porque eu fui uma idiota Lin. - Mamãe piscou algumas vezes. - Nós sempre quisemos um filho e sete anos depois eu tive você, já sem esperança alguma. Me apeguei as lembranças que tínhamos, ele sempre foi bom, nunca imaginei que ele... - Sua voz morreu, ela tomou fôlego e continuou. - Foi um choque tão grande que só tive forças para mandá-lo sumir e não aparecer mais.
Mamãe segurou o choro, limpou o rosto um pouco molhado. Sei que ela sofria, mas eu sofria mais e vê-la chorar não ajudava muito. Talvez soe egoísta, mas o momento de sofrimento era meu, as lágrimas eram minhas, a tristeza me pertencia. Antes de levantar do sofá, ouvimos batidas na porta. Ignorei a visita, meus pés cansados se arrastavam pela casa, a voz dele me fez parar. Estava com um peso horrível, Bailey tentou me ajudar e avancei feito uma louca contra ele. Andei de costas mesmo até a sala. Virei devagar, estava com uma enxaqueca jamais sentida antes.
- Trouxe isso pra você. - Pendi a cabeça de lado, ele estendia uma caixa de bombons, minhas mãos estavam cruzadas no peito, eu queria pegá-la mas não encontrei força.
- Obrigado. - Minha voz sem vida, até pra mim.
Ele sorriu sem graça, mamãe pegou o presente. A porta ainda estava aberta, Bailey pôs as mãos nos bolsos da calça, o silêncio era estranho. Pois eu tinha vontade de falar, todavia, nada escapava de minha boca.
- Eu... Vou terminar a revisão de estoque da loja. Fique a vontade Bailey. - Mamãe se retirou rapidamente da sala.
Ainda estava inerte, Bailey deu dois passos premeditados para a frente, como se estivesse lidando com algum bichinho selvagem. Eu não movia um músculo, apesar da vontade de fazê-lo.
- Acho que não é uma boa hora. - A voz dele era calma, compassada. - Espero que esteja melhor.
Ensaiei um passo cuidadoso, pisquei e senti meus olhos pesarem. Passei por ele devagar, ele parecia confuso, mas me acompanhou. Sentei na cadeira de balanço, senti um pouco de frio. Bailey fechou a porta e sentou no banco a minha frente.
- Você conheceu meu pai? - Eu estava rouca, minha garganta doía.
- John e eu conversamos pouco. Ele me ensinou a jogar bola e me deu conselhos sobre garotas uma vez. - Bailey pigarreou.

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𝐁𝐨𝐫𝐧 𝐓𝐨 𝐌𝐞 ͟͞➳ 𝓙𝓸𝓪𝓵𝓮𝔂 𝓐𝓭𝓪𝓹𝓽𝓪𝓽𝓲𝓸𝓷
RomanceBailey May e Joalin Loukamaa. Dez anos de diferença de idade. Ele a pegou no colo ainda recém-nascida. A viu dar seus primeiros passos, balbuciar as primeiras palavras e a viu passar por tantas e diversas experiências ao longo dos anos. Ele viu a ga...