𝐁𝐨𝐫𝐧 𝐓𝐨 𝐌𝐞 ͟͞➳ 𝓙𝓸𝓪𝓵𝓮𝔂 𝓐𝓭𝓪𝓹𝓽𝓪𝓽𝓲𝓸𝓷

Sonho Proibido 2.

Meus passos eram lentos, minha mente fervilhava, lembrei da mensagem de ontem a noite, mesmo tendo certeza tratar-se de um engano, achei aquilo estranho. E tinha Bailey. Que merda que fiz na vida dele? E por nada, absolutamente nada. Eu queria falar pessoalmente com Ylona, talvez agora ela estivesse de cabeça fria e conseguisse conversar feito gente, mas ainda tinha minhas dúvidas, pois Bailey me avisou o quão relapsa ela poderia estar ultimamente.

Antes que uma decisão sólida fosse tomada, uma buzina me despertou para a realidade. Eu não poderia acreditar naquilo, Noah com cara de Noah somente, sem deboche nem nada, me chamava.

- Dá pra parar Joaline? - Ele buzinou novamente e parei, franzindo a sobrancelha.

- Quem? - Pus a mão no ouvido.

Shiv estava no banco do carona e aposto que escondia um riso.

- Joalin. Espera um minuto. - A voz parecia calculadamente controlada.

Me virei de má vontade, aquele garoto me irritava com aquela voz de mulherzinha.

- Des... Desc... Des... - Aquilo era simplesmente o cúmulo.

- Fala logo garoto, ainda tenho um bom percurso pela frente. - Disparei com impaciência.

- Desculpa. - Ele soltou de uma vez como se tivesse vomitado.

- Perdão? - Eu tinha certeza que aquilo era um delírio meu.

- É isso aí mesmo. - Ele desceu do carro e se aproximou um pouco.

- Não perdão do verbo perdoar, mas sério eu ouvi mesmo isso? - Minha boca estava tão aberta, que poderia entrar um passarinho.

- É Joaline... Joalin. Perdão do verbo não acredito pra você e perdão do verbo perdoar pra mim, escutou agora? - Limitei-me a balançar a cabeça em afirmação, ainda um tanto incrédula quanto aquilo. - Acho bom, porque só usei essa palavra umas duas vezes na vida e não me orgulho nada disso. - Ele suspirou passando a mão nos cabelos lisos e bagunçando-os de modo aleatório. - Não vai falar nada? - Continuei muda. - Depois de um pedido desse, geralmente as pessoas costumam dar uma resposta. - Pôs as mãos no bolso do casaco do time de futebol.

- Espero que não seja mais um de seus truques Urrea. - Na real, eu ainda estava desconfiada.

- Não é, não ía ferrar com minha reputação de filho da puta á toa. - Ele sorriu e por algum motivo acabei sorrindo também. - Entra aí, vou te dar uma carona em sinal de paz. - Olhei para o carro, Shiv sorria igual uma bocó.

- Não precisa Urrea. - Fiz um sinal de deixa pra lá e continuei meu percurso.

Contudo, ouvi uma buzinada. O cara era insistente, ainda dei mais alguns passos e mais alguns biii, resolvi parar, o carro se aproximava devagar pelo acostamento.

- Vamos lá Joalin, coopera, estou até te chamando pelo nome correto. - Ouvi sua risada, mas era diferente das que já havia me dado, essa era só divertida.

Parei no lugar e suspirei, que isso não me cause arrependimentos.

- Certo.

Entrei no carro, Shiv sorriu de orelha a orelha e segurou minha mão brevemente.

- Graças a Deus que ficou tudo bem agora. - Ela disse, prendendo o cabelo em um coque.

- Er... Noah, não querendo estragar o momento paz, mas desde quando você mudou de ideia? - Perguntei, aproveitando o clima agradável.

- Bem, porque eu sou um babaca quase sempre, mas percebi que extrapolei dessa vez. E eu não vou mais repetir o que acabei de dizer, nunquinha.

Encontrei os olhos verdes dele pelo retrovisor, pareciam sinceros, sorri vagamente em resposta. Eles me deixaram em casa e me senti com um peso a menos nas costas. Desisti da ideia de falar com Ylona, se ela me achava criança, não chegaríamos em acordo algum, mas queria falar com ele, precisava olhar para aqueles olhos castanhos e ter certeza de que estava mesmo tudo bem. Não sei de que buraco aquela necessidade surgiu, mas resolvi ignorá-la e mergulhar em meus livros por hoje. Havia um papelzinho na janela de casa, um papel azul claro enrolado em um tubo pequenino.