Você de novo 2.

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- Lin. - Ela desceu do carro e me passou uma sacola. - Hoje resolvi tirar uma folguinha, estou com a cabeça martelando.

- Você bem que merece uma folga de vez em quando. - Ela riu de leve, workaholic do jeito que é. - O que é isso? - Dei uma olhada enviesada para a sacola com o slogan Anjo Sado.

- São roupas. - Arqueei a sobrancelha. - Sabe, acho que esses seus jeans folgados estão ocupando muito o guarda roupa. Fui no shopping e te comprei algumas coisas, mas não se preocupe. Quero tirar esse sábado pra nós duas renovarmos o visual, o que acha? As liquidações estão ótimas.

Não deixei de ficar feliz com seu entusiasmo. Há tempos não fazíamos compras juntas. Quando entramos, joguei as coisas no sofá, gostei das duas calças jeans e das blusas que ela me trouxe.

- Obrigada. Adorei. - Lhe disse, e lhe dei um beijo estalado.

- Bem, vou tomar um analgésico e vou dormir um pouco. Minha cabeça está mesmo me matando.

Concordei brevemente, troquei minha roupa e desci para a sala. Ainda eram cinco da tarde. Senti falta dele de repente, os palestrantes saem primeiro do que nós na escola, nem tive tempo de falar. Minha mãe devia estar dormindo um sono profundo, então resolvi ir até lá. Assim que saí de casa meus pés tropeçaram pela surpresa, não só o carro de Bailey estava estacionado, mas o de Ylona.

Minhas mãos começaram a tremer, senti um frio percorrer minha coluna. Deveria ou não deveria ir? Não tinha poder sobre ele, mas tampouco conseguia gostar daquela situação. Quase dei meia volta e me tranquei em casa, mas desisti e respirei fundo antes de me encaminhar até sua casa. Bati bem de leve na porta, mas ninguém veio atender. Girei a maçaneta e pus minha cabeça pra dentro. A casa estava silenciosa e isso não me agradava. Meu estômago revirou, tinha vontade de botar pra fora o leite que acabara de tomar. Andei a passos leves pela sala, Vanessa não estava em casa ao meu ver, isso só fez meu coração acelerar a ponto de doer no peito.

Subi as escadas com cuidado e a medida que subia, ouvia um barulho, um chuveiro estava ligado. Sufoquei e me controlei para continuar subindo. O barulho vinha do quarto de Bailey, já estava trêmula quando empurrei a porta quase totalmente fechada, meu rosto desmoronou. Ylona estava deitada na cama, de roupas íntimas, o lençol cobria pedaços de seu corpo quase nu e ela parecia relaxada. Um sorriso figurava em seus lábios e então ela me viu, cerrando os olhos em minha direção.

- O que faz aqui menina? - Ela bradou baixo.

O barulho do chuveiro era forte e Bailey cantarolava alto.

- Vim falar com Bailey. Eu... - Me perdi no que deveria dizer.

Ela sorriu e eu estava a ponto de chorar.

- Estamos ocupados. Pode dar meia volta. - Foi cruel de propósito.

Permaneci no mesmo lugar, muda, quase tendo um ataque.

- Escuta garota. - Ela levantou enrolada no lençol. - Você não achava mesmo que o Bailey, um homem como ele, daria moral pra uma pirralha que mal saiu das fraldas, achava? - Ainda estava absorvendo o impacto da cena e de suas palavras. - Ninfetinhas atiradas feito você, só servem de petisco. Se ponha no teu lugar, Bailey é meu namorado, ele me quer, nós passamos por problemas, mas ele me ama e nós vamos casar.

Segurei as lágrimas mais do que podia, mas meus olhos estavam úmidos.

- Own, não fica assim. Vou te chamar pra ser uma das damas do nosso casamento, sua sem graça. Mas te arrumo um vestido decente, agora vai garota, não atrapalha mais a nossa vida, Bailey não precisa de distrações.

- Ele te ama tanto, que você precisa vir aqui se jogar pra ele. Prefiro ser uma pirralha do que uma vagabunda.

Finalmente algo saiu de minha boca. Ylona fez uma cara de ódio, dei-lhe as costas e sumi escada abaixo.

𝐁𝐨𝐫𝐧 𝐓𝐨 𝐌𝐞  ͟͞➳ 𝓙𝓸𝓪𝓵𝓮𝔂 𝓐𝓭𝓪𝓹𝓽𝓪𝓽𝓲𝓸𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora