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Capítulo dedicado à moonmakerlips

• Amigo •

Hyungwon bocejou, lutando contra o cansaço. Escrever nos papéis sagrados - que, admitia, não acreditava que fossem tão importantes assim - lhe dava preguiça. Não via a necessidade em relatar exatamente tudo o que presenciava e que envolvia as musas. Era desgastante. Mesmo assim, não sentia culpa por pensar que algumas tradições do Palácio poderiam simplesmente serem deixadas de lado, a começar pela qual honrava agora.

Não negava, de fato, que era importanre relatar seus aprendizados junto com as divindades. Cada geração, mesmo se tratando das mesmas personalidades, tinham nuances singulares, surpresas, destaques. A consciência e o pavor lhe mandavam temer que deixasse escapar algum detalhe precisoso, uma vez que isso comprometeria o aprendizado dos próximos mestres. Isto é, se é que eles viriam a existir.

Soltou uma pequena risada, orgulhoso de suas meninas. Foram inteligentes o suficiente para escapar da fortaleza - e sobreviver. Sabia que algo dentro da capacidade de estratégia delas havia evoluído e, se quisessem mantê-las confinadas na próxima vida, teriam de se esforçar um pouco mais, de matar a sede de poder que as consumia, ainda que a própria perpetuação das suas existências gerasse este poder, elas apenas tinham que continuar vivas.

― Por favor, sobrevivam. ― suspirou. ― Mesmo que isso signifique suas desgraças, mantenham-se firmes.

Cochichava consigo mesmo, torcendo em prol de suas crenças. A família Chae estava tão submersa em tudo quanto as próprias amaldiçoadas, mas não reclamava. Assim como parte de seu sangue também alimentava o caos, era um dos poucos que conseguia trazer a ordem. Hyungwon sentia-se privilegiado. Conseguia, sempre, a confiança de alguém, a admiração, o amor. Sofria, contudo, na mesma proporção. A melancolia caminhava de mãos dadas com cada sorriso, afinal felicidade não preenchia o vocabulário de nenhuma das gerações, nem poderia. As famílias eram vigiadas, marcadas, seguidas, caçadas. Não existia descanso para quem sabia desse segredo. E assim se seguiria eternamente.

Ergueu a cabeça e olhou para a lua. Respirou fundo, notando a angústia se acumular no peito. A penumbra do quarto era mantida pelo abajur de luz amarelada que ilumiva os papéis, a tinta escorrendo pela ponta da pena, o dedo levemente manchado com aquele marrom esquisito. Tinha uma luz para ver, mas não para enxergar, pensou. A escrivaninha, de frente para a janela embaçada pelo clima frio, tinha as marcas da idade, arranhões. Não podia deixar de comparar o objeto com suas protegidas. Elas nunca estampavam marca alguma, exatamente nenhuma cicatriz. Isso também era novidade. Perguntou a si mesmo se esse fato seria mantido e passado adiante, mas nada soube responder às minhocas que comiam sua memória.

Entretanto, elas ainda não tinham filhas.

Lembrava de ter estudado a cronologia, a ordem dos fatos. Se as contas de seus antepassados estivessem corretas - e estavam - elas já deveriam ter dado a luz. O que estava diferente?

― Senhor Chae, ainda de pé?

O homem se assustou, virando a cabeça rapidamente para olhar a mulher parada na porta, sem entrar ou fazer menção de sair. Ficou tenso, mesmo que sua presença fosse amigável. Ele sabia que estava deixando algo escapar.

― Oh, Jisoo, você me assustou.

― Monstros normalmente têm essa função.

Ambos sorriram. O sucessor do mentor Chae estava ali, meio acanhado, fazendo um sinal para que Jisoo, com o sedoso cabelo escuro vezes mais brilhante pela luz rala, entrasse e ficasse ao seu lado. Assim ela o fez.

― Há três vidas atrás, você disse a mesma coisa. ― o sorriso torna-se mais doce. ― Tempos depois, ocorreu uma fatalidade, porém.

― Rosé também morre nessa versão? ― perguntou, olhando para a janela sem focar a visão em canto algum. Agora, estavam sérios, mas ainda descontraídos.

― Jennie. ― cospe, apoiando o rosto em uma das mãos. Move a pena, que ainda segurava, para pô-la descansando em seu suporte, banhando-se da tinta por conseguinte. ― Não preciso nem mencionar o porquê de terem reencarnado tão protetoras à ela, correto?

― Correto. ― Jisoo acompanha os movimentos de Hyungwon, disfarçadamente. Observa que a ponta daquele objeto era fina, afiada, perfeita para criptografar as escritas especiais dos mentores. ― Às vezes, penso se não a mimamos demais...

― Com toda a certeza, vocês o fizeram.

― Como pode estar tão certo?

― Dizem por aí que criança alguma têm pecado. Todavia, cada criança, dentro de suas realidades, peca. ― encaram-se, ambas as orbes densas, as peles alvas, os lábios carnudos e bem desenhados, o cabelo preto e macio, o corpo esculpido por Vênus, tudo entrando em contato pela simples expressão da ciência, empatia. ― Todas as crianças no mundo, independente do quanto possuam, invejam as outras.

Riram. Quase gargalharam.

O desejo de possuir as mantinha andando.

• ANTI-LALISA •

-^-

gente eu n to me aguentando até a data e to postando tudo memo haaaaaa

EVIL - BlackpinkOnde histórias criam vida. Descubra agora