Prólogo

486 32 0
                                    

“Existe vida após a morte? Ou simplesmente tudo acaba?

Espero que realmente exista algum lugar depois do último suspiro, um lugar onde eu possa encontrar você. Um lugar onde origem e status não sejam tão importantes.

Mesmo que eu viva mil vidas, todas elas seriam em sua procura. Prometo te encontrar.

Infelizmente nosso infortúnio impediu que vivêssemos nosso amor. Todas as promessas que quebrei, vou cumpri-las no nosso reencontro. Você não precisará desistir de nada, e eu não vou ser seu fim. Vou te amar, mesmo que para isso tenha que morrer. (...)”

– Esse é um trecho original de uma carta de amor escrita por uma viajante inglesa à um homem coreano. – A guia inglesa falava sobre o texto antigo incompleto exposto no Galeria Oriental. – Acredita-se que seu amor proibido seja um oficial ...

– Ele era um príncipe! – a garota loira cochichou debochando da falta de conhecimento da mulher, mas quem podia culpá-la, aquela história ainda era um tabu, mesmo depois de um milênio.

Ever ainda visitava a galeria, ela sabia cada palavra escrita naquela carta, também, fora ela que escreveu, em um passado muito distante, mas ainda atual para ela. Não sabia se o livro estava brincando com ela, levando-a aquele lugar, onde a única prova de seu amor malfadado permanecia, porém tinha uma missão a cumprir. Seu mais novo romance iria começar.

Ela estava cercada por pessoas de verdade, tinha que encontrar seu “protagonista”, o homem que estava destinado a uma mulher. Ela raramente se mostrava na sua forma humana, gostava de ser invisível aos normais, porem usar seus poderes incessantemente tinha um preço para ela, quanto mais tempo permanecia invisível, mais tempo tinha que ficar na forma humana para compensar. O tipo de trabalho que levava, fez com que seu coração odiasse sua existência.

Enquanto a mulher contava uma história falsa baseada na suposição de alguns estudiosos, Ever procurava o homem que o livro havia selecionado. Daniel Gold, um empresário asiático. A última coisa que queria era juntar um casal coreano, mas as vezes era obrigada a lidar com eles, e odiava ter que passar por isso enquanto seu amor proibido ainda estava enterrado em uma colina, sem direito a túmulo ou funeral, como um desertor ou traidor. E isso doía em seu peito.

Os deuses a amaldiçoaram quando se suicidou após perder ele. Estava eternamente condenada a ser o cupido dos casais destinados, aqueles que seu livro lhe dizia para juntar, não importasse o quão difícil fosse, ou o quanto improváveis parecessem os casais, ela dava um jeito de uni-los. Dessa vez, seu “protagonista” estava naquela galeria. O livro era como uma bússola, e dessa vez ele seria o norte.

Ever caminhou por entre os visitantes e seguiu a direção do livro, as páginas antes em branco, ganharam cor; um casal coloriu a página, o casal 732. Daniel e Kang Hi Na. Formavam um casal bonito. Ela olhou ao redor procurando por ele. O protagonista observava um quadro distante do grupo, parecia alheio a história sendo contada a alguns metros dele. Vestido formalmente parecia esperar por alguém.

O quadro se chamava Razão. Uma obra com cores sombrias onde uma mulher segurava em seus braços o corpo de um homem sem vida, suas lágrimas limpavam seu sangue e tudo ao redor parecia em silêncio. Ever quase podia sentir a agonia daquela obra.

Ela se aproximou dele e admirou-o de perto, era um homem muito bonito. Tudo nele exalava charme e beleza. Perfeito!

Uma parte da maldição de Ever consistia em se apaixonar pelo protagonista e sentir a dor excruciante de não ser correspondida, tendo ainda que ajudá-lo a se apaixonar por outra. Era uma forma de lembrá-la que o príncipe nunca foi dela, e por isso devia se redimir por seduzi-lo. Mas ela não se arrependia de o ter amado. Faria tudo de novo, se pudesse tê-lo em sua vida.

Seu “Era uma vez” foi um conto de fadas que não devia ter acontecido. O príncipe devia ter se casado com uma princesa e seguido tudo como os deuses queriam, mas ela foi uma variável na história.

Outro aspecto de sua maldição é que ela não podia dizer o nome dele. E mesmo assim ela nunca se esqueceu do seu grande amor.

Daniel olhou o relógio e chamou por um funcionário da galeria, Ever observou ele comprar o quadro e pedir que o entregassem. Ela não sabia se ele estava ali por negócios ou gosto particular, mas tinha que descobrir urgentemente informações sobre ele. Ela precisava juntar Daniel Gold com Kang Hi Na, e seguir em frente.

Ela observou a forma confiante que ele caminhava até a saída do lugar, e o seguiu.

A Maldição do CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora