Capítulo 18

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Daniel sempre sentiu que nada podia ser tão perfeito como o que viviam juntos, não existia felizes para sempre; enquanto tentava consolar Ever, no seu íntimo, a certeza de que algo muito triste iria acontecer abalava sua coragem. Acariciando os cabelos dela, esperava calmamente que ela lhe contasse qual era o problema.

– Qual é o problema? – Sua voz saiu suave e acalentadora. – Posso tentar resolver.

Mas Ever o apertou com mais força, como se quisesse que seu corpo se tornasse um com ele.

– Não tem solução. – Ela olhou para o rosto dele, as bochechas manchadas de lágrimas escuras pela maquiagem.

Ele deixou de abraçá-la para limpar-lhe o rosto. Queria ter o poder de acabar com todas as suas preocupações, acabar com os seus medos.

– Tudo bem. – Ele sorriu.

Ela voltou a abraçá-lo.

– Eu não quero te deixar sozinho! Não quero ir embora!

Daniel entendeu que ela estava sendo obrigada a ir para algum lugar que não queria ir.

– Tudo bem. – Voltou a garantir. – Quanto tempo temos?

– Um dia. – sussurrou.

Aquilo foi uma facada no seu peito, mas não iria demonstrar para ela o quanto doía.

– Então ainda temos um dia! – Tentou soar feliz. – Vamos parar de chorar e fazer desse dia o dia mais incrível de nossas vidas! – Ofereceu.

Eram três horas da manhã. Não podiam fazer muito, os lugares onde poderiam se distrair não estavam abertos.

– O que você gostaria de fazer? Temos poucas opções, mas vamos dar um jeito. – Ele continuava sorrindo para ela, como se realmente não houvesse uma separação eminente.

– Gostaria de fazer qualquer coisa com você.

Amar era correr riscos. Eles entendiam aquilo.

Resolveram comer alguma coisa, casais deviam fazer coisas de casais. Como queriam fazer muitas coisas, ela escreveu uma lista, na esperança de fazer tudo que pudessem fazer juntos. Cozinhar juntos, ok! Tomar café da manhã no hotel mais caro da cidade, ok! Comprar anéis de compromisso, ok! Tirarem fotos juntos, ok! Almoçaram juntos, ok! Prender um cadeado de casal, ok! Passar a tarde em um parque de diversões, ok! Quanto mais ela olhava a lista, mais percebia que um dia era muito pouco. Um suspirou frustrado escapou de seus lábios.

– O que foi? – Ele perguntou preocupado.

– Devemos voltar. – Ela segurou-lhe a mão. – Não me importo com mais ninguém, quero estar apenas com você. Já chega de estarmos rodeados por pessoas.

Talvez o desespero ou o medo de não demonstrarem seus sentimentos a tempo, eles não tinham certeza, mas sabiam que precisavam ficarem à sós. Ainda dentro do elevador, ele a beijou; com tanta paixão quanto podia demonstrar. O caminho até o quarto dele foi feito no menor tempo possível. Precisavam extravasar o turbilhão de emoções que ameaça engoli-los, as batidas frenéticas do coração, respirações rápidas.

Quando entrou no quarto pegou-a no colo.

– Em meu coração, você já é minha mulher. – Beijou-a novamente. – Queria poder anunciar para o mundo, e exibi-la como minha esposa.

– Você não se lembra, mas já fomos casados antes. – ela referiu-se à tantas vidas que compartilharam. – Com certeza, se nos encontrarmos de novo, eu serei sua esposa.

Ele a carregou até a cama, só podia amá-la. Não importava se o tempo fosse seu inimigo, e estivesse acabando, ele a amaria até seu último suspiro.

A noite logo chegou, mas nenhum deles conseguia dormir, tinham medo de que quando os olhos se abrissem, tudo já tivesse acabado.

– Eu te amo! – Ele tocou os cabelos dela, descendo a mão lentamente por seu pescoço, parando em seu ombro. – Não quero dormir.

Ela também não queria. Mas em algum momento ele dormiu, não pôde evitar o sono, entretanto Ever persistiu. Ficou o observando dormir, consciente que lhes restavam apenas alguns minutos. Ela sentiu o fim se aproximando. Apesar da tristeza não pôde acordá-lo. Beijou-lhe a testa.

– Eu te amo! – Sussurrou.

Ela viu as pálpebras dele se movendo, não queria que ele a vesse desaparecer. Uma lágrima solitária escorreu por sua face, e caiu na bochecha dele, porem quando seus olhos se abriram, ela não estava mais lá.

Daniel levantou agitado, procurou avistá-la pelo quarto mas sabia que ela havia ido embora. Quando tocou sua face, sentiu uma lágrima, aquilo desencadeou seu próprio choro. Tinha acabado.

Incapaz de continuar na Coreia, tudo o fazia se lembrar dela, voltou para casa. Enquanto caminhava pelo hotel, sempre que passava pelo saguão imaginava ela recebendo os clientes, conseguia ver seu sorriso caloroso. Mesmo todos notando que o chefe estava diferente, ninguém ousava tentar descobrir o motivo, até sua própria mãe parou de tentar arranjá-lo uma namorada. Ele passava a maior parte do tempo encarando aquele quadro no seu escritório.

– Ela estava certa. – Ele falou para si mesmo. – Qual o sentido de amar algo que pode ser tirado de você a qualquer momento?

Sentia saudades dela, ele ainda usava o anel que eles compraram juntos. Foi uma das poucas coisas que lhe restou.

Cansado daquele lugar, Daniel deixou o hotel. Precisava espairecer ou enlouqueceria. Desatento as pessoas da rua, esbarrou em uma mulher estranha. A senhora sorriu.

– Me desculpe. – Ele pediu.

– Tudo bem. – A mulher lhe sorriu. – É o destino. – De repente ela tomou sua mão, com os dedos tocou no anel.

Daniel quis se esquivar, mas a mulher sorriu de novo.

– A pessoa que compartilha esse anel com você te ama muito. Logo vocês se reencontrarão. Estão destinados. – Com a mesma velocidade que apareceu a mulher também sumiu.

Daniel ficou encarando sua própria mão antes de atravessar a rua.

Ever estava com ele. Em seu coração, em suas lembranças, em seu destino. Ele sorriu.

Uma buzina, sons de rodas derrapando no asfalto, gritos.

A Maldição do CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora