– Oh Hyung, eu sinto que eles também vão me tirar ele. – sussurrou. Ela sabia que ele não estava ali, mas queria acreditar que estava. O livro ter desaparecido não podia ser um bom sinal. – Vocês ainda me odeiam. Ainda vão me ferir mais do que eu pensei. – Ela encarou o nada, sabia que eles a mantinham sendo vigiada de perto, seu momento de alegria foi engolido pelo medo.
Como uma criança apavorada, ela abraçou as próprias pernas e colocou seu queixo apoiado sobre os joelhos. Com os olhos perdidos em um espaço vazio do quarto, ela só queria acreditar que tinha mais tempo. Mas eles não lhe permitiriam sequer por um instante ser feliz.
Até os primeiros raios de sol, ela permaneceu na mesma posição. Depois de tudo que aconteceu não podia dizer a Daniel que eles não tinham todo tempo do mundo.
Mas ela tinha um plano, talvez não tivessem tanto tempo como pensavam, porém todos os segundos juntos ela faria valer a pena.
Procurou uma roupa qualquer. Ela daria a ele lindas lembranças.
– Ainda é cedo! – Um Daniel que mal havia levantado da cama reclamou.
Ever estava totalmente pronta para aquele dia. Ela achava charmoso o seu cabelo revolto e seu aspecto de manhã.
– Eu sei. – Ever ultrapassou ele na porta, e o encarou dentro do quarto. – Você tem alguns minutos. Vou te sequestrar! – Anunciou eufórica.
Daniel a encarou surpreso, mas admitiu intimamente que gostou daquela ideia.– Hoje você é meu!
Daniel não tinha entendido o significado daquela frase, até ser arrastado por vários lugares diferentes.
Eles tomaram café em uma cafeteria silenciosa, passearam pelo parque de mãos dadas. Ela quis visitar uma biblioteca, e contou para ele, segredos sobre pessoas famosas. Coisas que descobriu enquanto perambulava pela terra.
– Qual é seu estilo favorito? – Daniel perguntou enquanto a via tocar os livros nas estantes.
– Gosto de tudo! – Ela parecia uma criança que acabou de receber o presente que esperava a muito tempo. – Eu queria ser escritora.
– Sobre o que escreveria?– Sobre a vida, suas surpresas, tragédias e superações! – Ela olhou para ele. – Escreveria sobre como contos de fadas são reais e acontecem todos os dias.
– Como o que estamos vivendo? – Ele se aproximou dela, e aproveitou do esconderijo que as estantes repletas de livros lhes dava. – Afinal, tenho nesse exato momento, uma cupido na minha frente. Quer um conto de fadas mais real do que esse?
– Isso. O agora. – Se referia ao que eles estavam vivendo. – É um conto de fadas. Não por causa da maldição ou do que sou. Mas por causa do que você é.
Daniel a encarou confuso.
Ever tocou a face dele. Trouxe seu rosto para próximo de si, e encostaram suas testas, fecharam seus olhos, aproveitando aquele momento íntimo, cheio de sentimentos.
– Você torna nossa história um conto de fadas porque é a pessoa capaz de fazer meu coração pulsar. Trás vida a minha existência. Trás luz a minha escuridão. – Ela abriu os olhos e encarou ele. Com ambas as mãos segurava-lhe o rosto, enquanto os braços dele rodeavam sua cintura. – O amor é encantado!
Daniel se sentia preso naqueles olhos profundos, era como se pudesse ver através deles tudo o que ela viu e viveu. O quanto teve que suportar e superar. Quantas vezes perdeu e quantas vezes venceu.
– Acho que você seria uma boa escritora. – Ele sorriu contra seus lábios antes de beijá-la.
– Acho que você seria um bom personagem principal. – Ela comentou entre beijos.
De repente ele parou de beijá-la.
– Temos que parar por aqui se quiser continuar com seu passeio hoje.
– Por quê? – a frustração dela falou mais alto.– Porque sou um ser humano?!
Assim Ever compreendeu o que ele quis dizer, e se sentiu envergonhada por estarem em um lugar público. Desconcertada ela o indicou a próxima parada. Talvez um dia não fosse suficiente para fazer tudo o que ela queria fazer com ele.
No final do dia, ela quis ir para a praia, ver o por do sol com ele.
Sentados lado a lado, os pés enterrados na areia, ela queria eternizar aquele momento.– Você tem mais alguma coisa em mente? – Ele perguntou enquanto viam os últimos raios de Sol. – Podemos ir jantar? O que gostaria de comer?
– Podemos ficar um pouco mais. – Ever descansou a cabeça no ombro dele. – Quero ficar um pouco mais, sozinha com você.
Daniel não conseguiu evitar o sorriso.
– O dia inteiro não foi suficiente?
“Uma vida não seria suficiente”, ela pensou. Entrelaçou seu braço no dele, e acomodou a cabeça em seu ombro. Ela podia dormir ali.
– Está cansada? – Perguntou quando viu seus olhos fechados.
– Estou gravando cada detalhe de hoje na minha mente para jamais esquecer! – Confessou. Abriu os olhos e lhe deu um sorriso. – Estou com fome. Devemos ir?Depois que as páginas do livro se tornaram cinzas e ele sumiu, Ever soube que tudo era uma incerteza. Mas preferia viver cada segundo com ele e aproveitar o tempo que tinha, do que deixar a oportunidade ir embora.
Daniel ouviu tudo o que ela tinha a dizer, riu de suas brincadeiras e piadas, aprendeu todos os gestos e a observou. Aquela era uma noite voltada para ela. Ele podia viver a vida daquele jeito, seguindo ela, sendo seu parceiro de aventuras. Amava o som das risadas dela.
– Eu não quero que a noite acabe! – Ela disse quando finalmente estavam no corredor dos seus quartos. Segurando a mão dele, o levou até seu próprio quarto.
Daniel não perguntou nada, apenas abriu a porta e a seguiu para dentro.
– Hoje vou esperar você dormir, só vou embora quando estiver sonhando. – Ela garantiu.
Qualquer que fosse os motivos dela, ele acataria seus desejos. Apesar de ser muito tarde; não teve pressa em adormecer, deitaram-se juntos, ambos se encarando, sem dizer nada. Com o tempo, o sono e o cansaço começaram a vencê-lo, aos poucos seus olhos se fecharam e adormeceu. Ever velou seu sono, com delicadeza acariciou sua bochecha e cabelos. Ela se sentia flutuando.
– Quero viver muitos dias como esse com você. Quero fazer lembranças boas com você. Quero estar com você. – Confessou. Mesmo que ele não ouvisse, ela sabia que o tinha dito. – Me desculpe.
Como se soubesse que estava sendo observada, olhou na direção da sensação. Oh Hyung estava olhando para ela. Pela expressão dele, soube que precisavam conversar. Olhou mais uma vez para Daniel, adormecido, tão lindo, que seu coração ficava descompassado apenas de o olhar. Sorriu, como se dissesse adeus e seguiu o príncipe.
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A Maldição do Cupido
RomansaQuando o amor se torna uma maldição? Mil anos atrás o amor era um sentimento superestimado, que poucos tinham direito a ter. Não havia amor entre pessoas diferentes, não poderia haver amor entre classes diferentes. Esse sentimento tão lindo e forte...