Depois de um longo dia de reuniões, do qual tanto Ever quanto Daniel fingiam não ter acontecido nada na noite anterior, eles voltaram para o hotel. Ela se esquivava dele sempre que possível, ambos sentiam aquele clima estranho instalado entre eles, mas tentar resolver poderia piorar a situação.
Ela aproveitou que ambos chegaram ao hotel e inventou uma desculpa qualquer para se refugiar no seu quarto. Ainda se lembrava da “espiã” de Hi Na, e estava curiosa para saber o que a garota tinha falado para ela. Mas não podia deixar que ela percebesse que havia descoberto seu plano fajuto.
No silêncio do quarto resolveu tocar o livro. Depois de cada missão era um adeus definitivo, pouquíssimas vezes reviu algum casal; ela saía da vida deles permanentemente. Seria doloroso e problemático ficar por perto. Havia tantas páginas preenchidas, tantas outras em branco. Se o livro não fosse mágico, seria impossível carregá-lo. Só ela sabia do real peso de suas páginas. Só ela conhecia o significado do livro.
Alguns casais já haviam partido, outros estavam no final de suas vidas juntos, e alguns ainda tinham muitos anos pela frente. Apesar de carregar dor e tristeza de cada história, havia momentos realmente únicos e bonitos. Ela se lembrava de cada encontro e desencontro, sentia cada batida que seu coração deu por cada um deles, mesmo sendo uma ilusão maligna do livro, ela ainda se confundia, mas suas lembranças tão vívidas do príncipe a traziam de volta à realidade. Ele era sua âncora.
As páginas se coloriam com sorrisos de amor verdadeiro. Sua missão atual estava à poucos metros dela, mas parecia muito mais distante, ele não a ajudava a concluir seu trabalho.
Seu celular vibrou em algum lugar. Uma mensagem do seu protagonista. Daniel havia avisado que ambos iriam a uma inauguração naquela noite. Uma festa grandiosa e chique, do qual ele precisava que ela fosse como sua acompanhante. Ever percebeu instantaneamente que ele estava fugindo, de novo, de Kang Hi Na.
Escolheu um vestido simples longo de cor preta. Ela devia passar despercebida, e deixar todos os holofotes para Hi Na. Assim que entrou na festa acompanhada de Daniel ela percebeu a jovem envolta de algumas pessoas, todos ricamente bem vestidos, elegantes. Kang Hi Na usava um vestido longo rosa suave, que a deixava com uma aparência angelical e fresca. Ela estava radiante. Verdadeiramente era o centro da festa. Daniel também estava muito bem vestido, na verdade ele ficava bem com qualquer roupa ou estilo, talvez ele devesse ter sido um modelo ou artista, assim mais pessoas se deleitariam com sua beleza surreal.
Hi Na ocasionalmente observava ambos sentados à uma mesa pouco distante da sua, ela devia estar louca para se aproximar, mas para isso precisava de uma desculpa convincente. Quando finalmente ela se encheu de coragem e se aproximou da mesa, Daniel também se levantou e estendeu a mão a Ever. Confusa ela encarou seu gesto, e percebeu Hi Na estancar no meio do caminho.
– Vamos dançar! – Não foi um pedido, e normalmente Ever declinaria, mas ao perceber ser o centro das atenções ela preferiu aceitar a mão estendida, e se ver guiada até a pista de dança.
Seu pai havia sido seu professor e primeiro parceiro de dança, ele presava que sua filha fosse, pelo menos, metade do que ele era, depois dele apenas um homem a guiou através da melodia de uma música. Talvez durante aqueles ensaios secretos eles tivessem se apaixonado. O príncipe havia ficado curioso sobre como eles dançavam tão próximos a valsa. Ele nunca tinha visto algo parecido, e pediu que a estrangeira lhe ensinasse os passos. E ela nunca havia gostado tanto de ensinar algo a alguém.
Daniel pousou uma mãe levemente sobre a cintura de Ever, não havia nada de especial naquele gesto, mas ela ficou ofegante e suas mãos começaram a ficar frias. Sua mente gritava que era a maldição ganhando força, quanto mais ela demorasse, mais se apaixonaria por Daniel, e a dor seria maior na despedida. Mas seu coração firmemente entrelaçado na maldição não podia resistir.
![](https://img.wattpad.com/cover/230322344-288-k834929.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Maldição do Cupido
RomanceQuando o amor se torna uma maldição? Mil anos atrás o amor era um sentimento superestimado, que poucos tinham direito a ter. Não havia amor entre pessoas diferentes, não poderia haver amor entre classes diferentes. Esse sentimento tão lindo e forte...