Por que tinha que doer tanto? Era como se tivesse se afogando. Expandir os pulmões para respirar lhe dava a sensação de múltiplas facas perfurando o seu peito. Ela encarava suas mãos como se pudesse ver sangue nelas, o sangue do príncipe, o sangue de Daniel. Ele quase morreu por causa dela.
Ever deixou ele sozinho no hospital, ela não era o par dele naquele romance. Talvez se ela sumisse daquela equação obtivesse o resultado que estava esperando. Hi Na cuidaria dele, com sorte ambos se apaixonariam com a convivência. Ela estava atrapalhando. Destino? Daniel estava enganado, não havia destino entre eles.
Quando deixou o hospital um vazio tomou conta do seu coração. Ela sentia que estava deixando algo importante para trás, mas naquele momento achou que era o certo a se fazer.
As ruas nunca pareceram tão silenciosas, o céu nunca pareceu tão escuro. Ela sempre ficava vagando de um lado para outro, como um bichinho sem dono ou casa. Talvez fosse uma criança perdida. Mas a verdade é que ela estava sem destino à muito tempo, ela apenas era jogada de um canto qualquer para outro, sem nunca perguntarem se estava tudo bem.
Já não bastasse ter que lidar com a maldição ela ainda tinha que aguentar ver as aparições do príncipe, um claro aviso que estava realmente louca. Desde o acidente ela conseguia ver o fantasma dele, acompanhando-a durante todo percurso, em silêncio, observando tudo de longe. Aquilo a inquietava.
– Pare de me seguir! – Ela pediu exasperada.
O fantasma não respondeu. Ela tentou ignora-lo de novo. Mas onde ela olhasse lá estava ele, a encarando; depois de um tempo ele começou a caminhar para longe, como se quisesse que ela o seguisse, e foi isso que Ever fez.
O fantasma as vezes sumia e aparecia um pouco mais a sua frente, ela não precisou de muito para descobrir aonde ele estava indo. Sabia bem que caminho tomar. Por mais que segui-lo doesse, ela precisava ir até o fim, e descobriria o que estava acontecendo com sua mente.
Após pegar um táxi, ela finalmente chegou àquela colina. Um vasto campo gramado indo em direção ao pico, uma árvore grandiosa exibia sua sombra. Já não era mais o mesmo lugar, a paisagem parecia ter mudado, mas ela nunca esqueceria de como chegar até lá. O príncipe esperava de costas à ela, como se tivesse à esperando por muito tempo.
Ever respirou fundo, armou-se de coragem e caminhou até ficar lado a lado com ele.– Você demorou. – Ele disse olhando para o nada.
Ela sabia, em seu íntimo, que ele se referia à todos os anos que passaram.
– Você esteve aqui todo esse tempo? – Ela queria muito saber se o tinha feito esperar.
– Não. – Ele olhou para o perfil dela. – Eu sempre estive com você, todos os dias.
Ever se virou chocada.
– Senti sua falta. – Ele confessou.
Ela queria muito poder tocar nele, mas tinha medo de que ele desaparecesse novamente.
– Por quê? – lágrimas começaram a escorrer por suas bochechas. – Por quê eu não conseguia te ver?
– Por causa da maldição.
– Mas o quê? – Ela não conseguia entender. – Você também não pode ir embora? – Ela sempre teve esperanças que ele não tivesse sido condenado também.
– Eu prometi nunca te deixar, lembra-se?
Ela se lembrava. Só não tinha imaginado que ele cumpriria a promessa mesmo depois de morrer.
Por algum motivo ela achava que ele sabia mais do que ela.
– Vou te ver sempre que quiser agora? – uma centelha de alegria encheu seu coração.
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A Maldição do Cupido
Roman d'amourQuando o amor se torna uma maldição? Mil anos atrás o amor era um sentimento superestimado, que poucos tinham direito a ter. Não havia amor entre pessoas diferentes, não poderia haver amor entre classes diferentes. Esse sentimento tão lindo e forte...