– Devo esperar você dormir, como fizeste comigo? – Ele ofereceu, enquanto a deixava na porta do quarto.– Vai cantar para mim? – Ela gracejou.
– Acho que não sou bom cantor. – Arriscou dizer.
Ever gargalhou.
– Tudo bem, se fosse bom em tudo, eu estaria em desvantagem.
– Por quê?
– Porque já sou muito imperfeita comparada à você.
– Não acho. – Ele tocou a bochecha dela. – Você é perfeita do jeito que é.
Ela ficou muda, sua respiração de repente pareceu suspensa. Ele se aproximou o suficiente para seus lábios quase se tocarem.
– Hoje, só verei você dormir. – Prometeu, mas aquela promessa só gerou a ela frustação.
Semelhante ao que ela havia feito, ele se deitou ao seu lado na cama, encarando-a.
– Não sei se serei capaz de dormir. – Ela confessou. – Estou muito ansiosa.
Daniel riu de seu nervosismo e a puxou para mais perto. Ela apoiou a cabeça no peito dele.
– Pode dormir tranquila, hoje serei seu travesseiro.
Ela se lembrou de já o ter ouvido dizer aquilo, nas suas lembranças de outras vidas. Com aquela frase sua preocupação se desfez, e foi capaz de fechar os olhos. As batidas ritmadas do coração dele, foram como uma canção de ninar, levando-a ao sono profundo.
Ever despertou assustada, tinha sonhado com a morte de Oh Hyung, mas no último momento quem ela viu foi Daniel. Sozinha na cama, procurou por ele; seu quarto estava vazio. Ela sentia como se flechas perfurassem seu peito, semelhante ao que houve naquele dia terrível, apavorada saiu da cama e tropeçou, caindo no chão. Incapaz de se reerguer, ela não queria imaginar coisas ruins acontecendo com Daniel, mas não podia evitar. Pensamentos horríveis ganhavam forma na sua mente.
– Fique calma. – Oh Hyung a acalmou. – Ele está bem.
A garantia dele fez ela se encolher como um feto, os tremores de seu corpo cessaram, e soluços baixos saíam de sua boca.
Quando se recompôs, percebeu que ele não havia a deixado em nenhum momento. Ao contrário, seu espírito se sentou ao seu lado, ele podia ser incapaz de tocá-la, mas sua presença lhe trazia paz.
– Quando eu me for, o que vai acontecer com ele? – Ever não ergueu os olhos, mas sabia que Oh Hyung olhava para ela.
– Eu não sei.
Por alguns minutos ficaram em silêncio, até que ele também se deitou ao lado dela, ficaram ambos no chão se encarando.
– Você o ama. – Constatou. – O ama completamente.
– Sim. – Ela assumiu olhando para ele.
Naquele instante o corpo de Oh Hyung começou a ficar translúcido, como se estivesse sumindo. Ele encarou a própria mão, parecia que aquele era o fim.
– Oh Hyung – Ela soluçou o nome dele, ambos sentiam que ele estava desaparecendo para sempre. Então notou que ele chorava. – O que está acontecendo?
Ele olhou para ela.
– Se lembra do que dizia a maldição? – Ela sacudiu a cabeça negativamente, não se lembrava com exatidão das palavras. – “Que esse amor seja sua maldição!” Foi o que meu pai disse antes de atirar em você.
Ever colocou uma mão no meio deles, não podia o tocar, mas queria demonstrar sua vontade de se aproximar dele. Ele estendeu sua mão fantasmagórica e colocou sobre a dela, mesmo atravessando, em seu interior sentiam que se tocavam.
– Esse foi o início da maldição, seu amor por mim. Foi isso que nos manteve aqui até agora. – Ele estava com medo. – Agora você ama Daniel. Então, acabou.
– Por favor. – Ela implorava entre soluços.
– Eu sou grato por tudo que você me ensinou, pelos sentimentos que despertou. – Ele se tornava cada vez mais translúcido. – Eu menti, não me arrependo de nada. Obrigado!
– Desculpa.
– Eu espero que possamos nos encontrar de novo, ainda quero te amar. – Eles sorriram, apesar de toda dor. – Mas dessa vez, quero te amar sem atrapalhar seu amor por Daniel.
– Vamos nos encontrar, não importa como. – Ela prometeu.
Oh Hyung balançou a cabeça afirmando.
– Eu te amo! – Ele disse.
– Eu te amo! – Ela respondeu.
Ele deu um último sorriso.
– Ever! Você só tem um dia! – Ele avisou antes de desaparecer completamente.
Por mais que doesse perder um amor de tanto tempo, ela se refez, levantou-se do chão, limpou a face e correu até o quarto de Daniel. Desesperada batia na porta. Não sabia quantas horas eram, só sabia que passaria todo aquele dia com ele.
– O que houve? – Ele perguntou preocupado, ao abrir a porta.
Ela se jogou nele e o abraçou com todas as suas forças.
– Eu te amo! Eu te amo! – Ela gritava, sem entender ele só a abraçou de volta.
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A Maldição do Cupido
RomanceQuando o amor se torna uma maldição? Mil anos atrás o amor era um sentimento superestimado, que poucos tinham direito a ter. Não havia amor entre pessoas diferentes, não poderia haver amor entre classes diferentes. Esse sentimento tão lindo e forte...