Capítulo 17

104 14 0
                                    


– Devo esperar você dormir, como fizeste comigo? – Ele ofereceu, enquanto a deixava na porta do quarto.

– Vai cantar para mim? – Ela gracejou.

– Acho que não sou bom cantor. – Arriscou dizer.

Ever gargalhou.

– Tudo bem, se fosse bom em tudo, eu estaria em desvantagem.

– Por quê?

– Porque já sou muito imperfeita comparada à você.

– Não acho. – Ele tocou a bochecha dela. – Você é perfeita do jeito que é.

Ela ficou muda, sua respiração de repente pareceu suspensa. Ele se aproximou o suficiente para seus lábios quase se tocarem.

– Hoje, só verei você dormir. – Prometeu, mas aquela promessa só gerou a ela frustação.

Semelhante ao que ela havia feito, ele se deitou ao seu lado na cama, encarando-a.

– Não sei se serei capaz de dormir. – Ela confessou. – Estou muito ansiosa.

Daniel riu de seu nervosismo e a puxou para mais perto. Ela apoiou a cabeça no peito dele.

– Pode dormir tranquila, hoje serei seu travesseiro.

Ela se lembrou de já o ter ouvido dizer aquilo, nas suas lembranças de outras vidas. Com aquela frase sua preocupação se desfez, e foi capaz de fechar os olhos. As batidas ritmadas do coração dele, foram como uma canção de ninar, levando-a ao sono profundo.

Ever despertou assustada, tinha sonhado com a morte de Oh Hyung, mas no último momento quem ela viu foi Daniel. Sozinha na cama, procurou por ele; seu quarto estava vazio. Ela sentia como se flechas perfurassem seu peito, semelhante ao que houve naquele dia terrível, apavorada saiu da cama e tropeçou, caindo no chão. Incapaz de se reerguer, ela não queria imaginar coisas ruins acontecendo com Daniel, mas não podia evitar. Pensamentos horríveis ganhavam forma na sua mente.

– Fique calma. – Oh Hyung a acalmou. – Ele está bem.

A garantia dele fez ela se encolher como um feto, os tremores de seu corpo cessaram, e soluços baixos saíam de sua boca.

Quando se recompôs, percebeu que ele não havia a deixado em nenhum momento. Ao contrário, seu espírito se sentou ao seu lado, ele podia ser incapaz de tocá-la, mas sua presença lhe trazia paz.

– Quando eu me for, o que vai acontecer com ele? – Ever não ergueu os olhos, mas sabia que Oh Hyung olhava para ela.

– Eu não sei.

Por alguns minutos ficaram em silêncio, até que ele também se deitou ao lado dela, ficaram ambos no chão se encarando.

– Você o ama. – Constatou. – O ama completamente.

– Sim. – Ela assumiu olhando para ele.

Naquele instante o corpo de Oh Hyung começou a ficar translúcido, como se estivesse sumindo. Ele encarou a própria mão, parecia que aquele era o fim.

– Oh Hyung – Ela soluçou o nome dele, ambos sentiam que ele estava desaparecendo para sempre. Então notou que ele chorava. – O que está acontecendo?

Ele olhou para ela.

– Se lembra do que dizia a maldição? – Ela sacudiu a cabeça negativamente, não se lembrava com exatidão das palavras. – “Que esse amor seja sua maldição!” Foi o que meu pai disse antes de atirar em você.

Ever colocou uma mão no meio deles, não podia o tocar, mas queria demonstrar sua vontade de se aproximar dele. Ele estendeu sua mão fantasmagórica e colocou sobre a dela, mesmo atravessando, em seu interior sentiam que se tocavam.

– Esse foi o início da maldição, seu amor por mim. Foi isso que nos manteve aqui até agora. – Ele estava com medo. – Agora você ama Daniel. Então, acabou.

– Por favor. – Ela implorava entre soluços.

– Eu sou grato por tudo que você me ensinou, pelos sentimentos que despertou. – Ele se tornava cada vez mais translúcido. – Eu menti, não me arrependo de nada. Obrigado!

– Desculpa.

– Eu espero que possamos nos encontrar de novo, ainda quero te amar. – Eles sorriram, apesar de toda dor. – Mas dessa vez, quero te amar sem atrapalhar seu amor por Daniel.

– Vamos nos encontrar, não importa como. – Ela prometeu.

Oh Hyung balançou a cabeça afirmando.

– Eu te amo! – Ele disse.

– Eu te amo! – Ela respondeu.

Ele deu um último sorriso.

– Ever! Você só tem um dia! – Ele avisou antes de desaparecer completamente.

Por mais que doesse perder um amor de tanto tempo, ela se refez, levantou-se do chão, limpou a face e correu até o quarto de Daniel. Desesperada batia na porta. Não sabia quantas horas eram, só sabia que passaria todo aquele dia com ele.

– O que houve? – Ele perguntou preocupado, ao abrir a porta.

Ela se jogou nele e o abraçou com todas as suas forças.

– Eu te amo! Eu te amo! – Ela gritava, sem entender ele só a abraçou de volta.

A Maldição do CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora