Capítulo 7

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Quem era aquele homem? Ever tentava decifrar o enigma que seu chefe parecia ser. Desde o encontro ele não lhe direcionou nenhuma palavra, a colocou em um táxi e foram em silêncio até o hotel. Ele não a criticou, nem perguntou nada; apenas a acompanhou totalmente quieto. Ele não demonstrava curiosidade, entretanto ela tinha a sensação de que ele estava preocupado de verdade.

Ele parecia diferente usando uma roupa casual. Parecia mais jovem e sociável.

O táxi estacionou na frente do hotel, Daniel desceu e a ajudou a descer.

– Deve ir direto para seu quarto. – o tom firme quase uma ordem não deixou espaço para uma resposta. Ele logo se virou para o motorista pondo fim a qualquer possível conversa.

Ela entrou no hall quase vazio, poucas pessoas ainda estavam acordadas aquela hora, de relance ela viu Kang Hi Na, seu rosto decepcionado. Ever olhou para a jaqueta sobre seus ombros e entendeu a garota, ela devia estar muito triste. Uma mulher, uma secretária, usando a jaqueta do chefe após ambos chegarem juntos no meio da madrugada. Ela provavelmente estava tendo os mais descabidos pensamentos.

Ever acidentalmente entrou no meio de uma história de amor, o que ela detestava fazer. Se envolver, era um risco e um problema. De cabeça baixa seguiu até o elevador, não queria que Hi Na se sentisse afrontada ou que imaginasse que ela fosse uma concorrente. Ela com certeza não era uma rival.

Daniel entrou no saguão após alguns minutos, suficientes para ver Ever e Hi Na se entreolhando. Mesmo não tendo nenhum envolvimento com ela não queria ver a garota sofrer, infelizmente Kang Hi Na achava ser sua namorada. Assim que viu ela, um sorriso forçado surgiu nos lábios dela, como se tivesse tentando dizer que tudo bem, mas não estava “tudo bem” para ele. Se ele tivesse uma namorada, nunca a trataria de forma que ela se sentisse traída ou humilhada. Não era esse tipo de homem.

Ele passou diretamente por ela e entrou em outro elevador. Tudo o que podia fazer era esperar que Hi Na percebesse que não eram um casal e nunca seriam. Encostou na parede metálica do elevador, fechou os olhos com força e se lembrou do que tinha acontecido aquela noite. Ever quase tinha sofrido um acidente, ela podia ter se ferido gravemente ou pior. Ele suspirou. O que se passava na cabeça dela? Aquela menina era uma incógnita. Não sabia por quê, mas Ever Love tinha uma tristeza tão profunda nos seus olhos, que fazia ele ter vontade de consola-la.

Desde o primeiro momento que viu os olhos dela, notou que ela carregava um peso quase insuportável, seus sorrisos nunca chegavam aos olhos, eram fracos e frios, quase sem vida. Ele queria perguntar se estava tudo bem com ela, mas a forma que ela olhava para as pessoas, como se elas fossem um tormento para ela, deixava ele incapaz de agir.

As portas se abriram e ele caminhou até seu quarto. Ever estava a duas portas dali, apesar de estarem no mesmo andar, estavam distantes. Ele imaginava que Hi Na preferia que sua secretária estivesse em outro hotel, melhor ainda se fosse em outro país, ou quem sabe outro planeta. A garota se sentia ameaçada por Ever, mas ele, Daniel, não achava que sua secretária fosse uma ameaça. A srta. Love não era mais calorosa com ele do que com qualquer outra pessoa, ela era estritamente igual com todos.

Pensou em bater na porta dela, mas o que lhe diria? “Com licença, você está bem?” “Gostaria de conversar?” “ Precisa de companhia?” “Se tiver um problema pode me pedir ajuda.” Seria estranho dizer qualquer coisa para ela. Eram estranhos, se conheciam à poucos dias, talvez ela só estivesse com insônia e quisesse ficar sozinha; ele não podia ajudar.

Se forçou a esquecer aquele momento, e entrou no seu quarto. Tinha que se lembrar. Ele era o chefe. Ela a secretária. Sua funcionária. Não eram amigos. Aquela seria uma longa noite.

Ever pensou em como devolveria a jaqueta de seu chefe, não queria voltar a ultrapassar a linha entre eles, devia ser mais cuidadosa com suas ações, ou acabaria dificultando seu próprio trabalho. O livro ridículo começou a brilhar, a imagem de Hi Na e Daniel brilhava fortemente. Eles eram um casal destinado.

– Eu sei! – Ever murmurou para a página. “Eu sei que eles são um casal” ela queria concluir.

Deixou a jaqueta sobre a cama, em outro momento ela a entregaria. Nesse momento ela era uma secretária indo para uma reunião de negócios, quanto mais profissional, melhor.

Kang Hi Na observou Daniel e Ever deixarem o hotel, ambos não demonstravam nada mais íntimo entre eles, mas mesmo assim ela se sentia ameaçada. Daniel não gostava dela, Hi Na não entendia por quê, ela era bonita, inteligente e uma herdeira. Porém isso não parecia atrair ele. Talvez gostasse de outra mulher, mas ela não estava disposta a perder. Havia tantos anos que conhecia ele, anos que gostou dele.

Era vergonhoso o que ia fazer. Mas não desistiria sem lutar.

Assim que ambos saíram do hotel, Hi Na subiu até o andar deles. Uma camareira estava arrumando os quartos naquele momento. Ela precisava descobrir qualquer coisa sobre a secretária jovem de Daniel.

– Senhorita. – A garota cumprimentou educadamente.

– Oh So Jin. – Leu pausadamente o crachá da garota, e sorriu levemente. – Preciso de um favor.

– Claro senhorita.

– A hóspede do quarto 512, preciso que fique de olho nela. – A camareira demonstrou desconforto. – Claro que secretamente. E lógico você não sofrerá nenhuma punição por isso, eu garanto.

– Senhorita acho que ...

– Fique tranquila, você só precisa me falar tudo que descobrir sobre ela, e qualquer coisa estranha que achar no quarto dela. – Sorriu novamente. – Quem sabe você não será recompensada futuramente. Oh - So - Jin. Adeus.

Hi Na tinha certeza que a garota não conseguiria dizer não a um pedido dela. Provavelmente teria medo de ser demitida, e acabaria fazendo o que pediu.

Oh So Jin era uma garota legal, e tentava não se envolver em problemas. Mas não podia negar um pedido da filha de seu empregador. Ela vasculhou o quarto da hóspede, e não encontrou nada de diferente. A mala da mulher estava cuidadosamente guardada em um canto do quarto. Ela a abriu e remexeu nos pertences. Um livro de capa dura totalmente envelhecido estava sobre as roupas, mas não havia nada nele, apenas páginas em branco. Poucos acessórios e roupas.

– O que você está fazendo? – Ever disse ao se deparar com a camareira mexendo na sua mala.

Coincidentemente Daniel tinha esquecido alguns documentos e pediu que ela fosse buscar, e Ever resolveu passar em seu quarto. A garota estava totalmente estática. Provavelmente morrendo de medo de ser demitida.

– Senhorita! – Os lábios trêmulos. – Me desculpe.

– O que estava fazendo mexendo na minha mala? – Insistiu.

– Eu ... Eu ... – A garota se jogou de joelhos, desesperada. – Por favor, me perdoe.

– Só quero saber por quê estava vasculhando minhas coisas, se nada tiver sumido, não vou te denunciar.

– A senhorita Kang Hi Na me pediu para descobrir coisas sobre você.
Ever entendeu o que estava acontecendo. Kang Hi Na já a achava uma ameaça.

– Não diga a ela que eu te descobri. – Pediu. – Fale para ela que eu tenho um homem por quem sou muito apaixonada, alguém que não sou capaz de desistir. E, nunca mais mexa nas minhas coisas.

Oh So Jin se levantou agradecida. Ever jogou tudo dentro da mala e a colocou novamente no mesmo lugar.

– Se eu descobrir que você mexeu em qualquer coisa na minha ausência depois de hoje, vou te denunciar, e você será despedida. Entendeu?

A garota sacudiu a cabeça veemente. Ever a deixou livre dessa vez.

A Maldição do CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora