Capítulo 16 - Nevasca

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Suspirei mais uma vez quando o cheiro do doce perfume de bebê invadiu minhas narinas. Annabeth esfregou o nariz de forma engraçada, e voltou a dormir, com as mãos sobre o rosto. Beijei sua testa demoradamente, na esperança de que em seu sono, ela soubesse o quanto eu a amava.

Desviei o olhar para a janela. Apesar de o chão do quintal estar coberto de neve e as árvores também, ela ainda caia lentamente, como se escolhesse o lugar para pousar. O inverno havia chegado. E com ele o início dos problemas.

Um tempo depois de termos colocado Anna na cama, ela acordou. Por alguma razão, ou conexão, eu acordei exatamente na mesma hora, e pude ver sua expressão de dor. Ela não respondeu quando eu perguntei qual era o problema. Ela simplesmente não conseguiu dizer nada antes de se arrastar para fora da cama, e vomitar antes de chegar ao banheiro. Corri e me ajoelhei ao seu lado, segurando seu pequeno corpo que impulsionava para frente, e ao mesmo tempo, tirando os fios de cabelo de seu rosto. Eu sabia que ela precisava fazer isso, mas céus era horrível vê-la assim. Lexa acordou quando a menina caiu em meus braços, sem forças depois daquilo tudo. A morena pediu que eu fosse dar um banho em Anna e ela limparia o chão. E foi isso que nós fizemos. Cabeças baixas. Corações pesados. A madrugada fria foi longa.

Ás 4:00 da madrugada, depois de chorar e se contorcer pelo enjoo, Anna finalmente pegou no sono em meus braços. Lexa também, exausta, deitou a cabeça em minhas pernas e dormiu. E eu fiquei olhando a neve, porque não conseguia fazer nada além daquilo. Eu parecia entorpecida pela dor de ver minha menininha vomitar. E pela dor de saber que isso era só o começo. Eu estava tão assustada, tão aterrorizada com a ideia de perder Annabeth!

E eu sabia que alguém havia se sentido exatamente assim há algum tempo atrás.

Deus, eu precisava ligar para ela.

Deitei Anna na cama e arrumei alguns travesseiros em volta, para que não caísse e não sentisse frio. Lexa continuou dormindo como uma pedra e eu não precisei fazer nada para evitar que acordasse. Ela não iria.

Saltitei para fora da cama, com o celular em mãos, pisando na madeira gelada no chão até chegar à varanda, onde o frio era pior e a imagem da neve mais bonita ainda. Disquei o número de minha melhor amiga, sem medo de acorda-la. Provavelmente iria. Mas não é como se ela fosse me matar por isso.

"Eu vou matar você, Clarke Griffin" Foram suas primeiras palavras ao atender. Sorri quase que involuntariamente.

—Não vai nada — Ri. Ouvi minha melhor amiga bufar e depois bocejar — Eu preciso de ajuda, Niy...

"Eu conheço essa voz. Você está segurando o choro." Adivinhou, como sempre "Se eu não me engano, tem a ver com Annabeth" e mais uma vez, ela acertou. Ao ouvir aquele nome minhas pernas enfraqueceram e eu sentei no sofá atrás de mim, um cansaço súbito acompanhado de tremor.

—Ela vomitou pela primeira vez hoje, Niylah. Ela acordou e vomitou. Eu a segurei, segurei seu cabelo, mas aquilo não parecia ter fim. E depois, ela caiu nos meus braços, sem forças, e só conseguia chorar. Você sabe o que é a agonia de ouvi-la chorar? Você sabe o que é a agonia de saber que minha filha sente dor e eu não posso fazer nada?

"Eu sei, Clarke" Ela falou baixo. Funguei, e enxuguei algumas lágrimas "Eu sei como se sente. Sei que arrancaria a dor dela para colocar em você. Eu sei como é.".

—Eu a amo tanto, Niy. Eu queria tanto olhar em seus olhos e chamá-la de filha. Mas eu simplesmente não suporto a ideia de tomar o lugar de Anya ou... Perdê-la.

"Mas o tratamento está fazendo efeito, não está?"

—Sim, mas... Lexa. Sei que não deveria, mas ainda tenho tanto medo de acordar um dia e ela ter me deixado — Suspirei, abaixando a cabeça.

As Long As We Are TogetherOnde histórias criam vida. Descubra agora