Foi como a história da criação.
No primeiro dia, Emori me chamou em sua sala e me olhou com o mesmo olhar de quem tem notícias ruins que eu vi no dia que soube da doença. Ela me explicou o quadro de Annabeth com calma. Ela estava em coma. Não sabiam quando ia acordar, mas a pequena realmente não estava reagindo a estímulos, o que os faria adiar as sessões de quimioterapia e radioterapia e isso aumentaria as chances do câncer voltar. Foi a primeira vez que eu percebi o quão grave era o problema e a quão errada eu estava sobre ele.
No segundo dia, eu pude ver a garotinha de perto. Meu único impulso foi deitar ao seu lado e abraça-la. E então eu me lembrei de quando ela disse que dormia com a mãe no hospital, e as lágrimas praticamente pularam para fora. Perdi a noção do tempo segurando aquela mão tão pequena, sem movimento algum. Agora, eu não esperava só por Lexa.
No terceiro dia, recebi uma ligação da editora. A voz de Bellamy Morley, meu chefe, demonstrava que ele estava mais sério do que o normal. Ele manteu o mesmo tom de frieza durante toda a ligação. E depois de todo um discurso sobre a moral da empresa e o compromisso com os escritores, ele me demitiu. Desligou o telefone antes que eu pudesse me explicar, e eu fiquei olhando para a parede do hospital, imóvel. O quanto uma vida poderia se bagunçar em menos de um mês?
No quarto dia, Anna ainda não havia acordado. Os médicos cuidavam bem da higiene e alimentação dela, mas se não reagisse depois de um bom tempo, eles teriam que consideram a opção de desligar as máquinas. Isso realmente me assustava. À noite, quando finalmente pude vê-la, pedi que acordasse logo. E esperei que ela ouvisse.
No quinto dia, repeti meu ritual de ir até a porta do hospital e esperar que Lexa viesse correndo para mim. Isso não aconteceu. O esperado despertar de Annabeth também não aconteceu. Fui dormir um pouco mais desesperançosa, pensando no quão breve fora minha felicidade.
No sexto dia, fiz algumas contas do dinheiro que ainda tinha e o que podia receber por direitos autorais. Eu não estava miserável, mas sabia que as coisas seriam mais difíceis. E que precisava procurar um emprego logo. E então, afastei meu suco de laranja com gosto de lar, me debrucei sobre a mesa da lanchonete do hospital e chorei. Chorei por ter confiado novamente em Lexa e por ter deixado que ela me derrubasse. Por ter perdido meu emprego e porque não queria perder Annabeth. Ela ainda não acordara e eu não queria perder as esperanças, mas era tudo tão desanimador...
E ao invés da criação, no sétimo dia, veio à salvação. Acordei com alguém me balançando. Com dificuldades de abrir os olhos pela claridade no local — eu havia dormido em cima da mesa da lanchonete! —, olhei para quem estava fazendo isso. Emori tinha um sorriso gigante no rosto.
—Você me acordou.
—Eu sei — Ela respondeu, empolgada.
—Estou com sono.
—Eu sei.
—Posso voltar a dormir?
—Eu sei — Levantei uma sobrancelha — Ah, perdão. Droga, eu não sei fazer uma surpresa decente.
Levantei-me da cadeira e bebi de uma vez o suco de laranja que havia deixado. Cheguei mais perto de Emori. Eu quase podia sentir sua felicidade.
—Surpresa?
—Annabeth acordou! — Ela anunciou, não conseguindo conter sua felicidade. Ignorei todos os "não corra nos corredores do hospital" que já ouvira em minha e corri, como nunca havia corrido em minha vida. Eu estava indo ver Anna. Acordada.
Assim que cheguei à sala, não vi o que esperava. Uma Anna furiosa atirava lençóis e travesseiros no enfermeiro que tentava checar se ela estava bem.
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As Long As We Are Together
Romance" Lexa Woods ainda me deixava nervosa como uma menina de 12 anos em seu primeiro amor. Pressionei os dedos contra o volante enquanto dirigia todas as memórias vindo rápido e em flashes. O dia do término foi chuvoso. Lexa me deixou da forma mais doce...