Capítulo 17 - Ohana

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Os policiais não haviam ligado à sirene, o que causou um silêncio infernal dentro daquele carro. Lexa não soltou minha mão por um segundo. Annabeth olhou a nevasca da janela o tempo inteiro, e mesmo estando em meu colo, ela parecia nem estar ali. Eu queria abraça-la. Perguntar como estava se sentindo. Mas ela parecia tão distante, tão séria, que eu não consegui me mover para tirá-la de sua bolha.

Quando nós chegamos, um policial veio abrir a porta. Ele ajudou Annabeth a descer e estendeu a mão para mim. Fiquei um pouco receosa em aceitar a gentileza, principalmente pelo aperto que Lexa deu em minha outra mão. Mas de qualquer forma, aceitei. Era só uma gentileza.

—Tome cuidado lá dentro, e cuide da criança — Ele disse sério. Lexa parou ao meu lado e segurou minha cintura com força. Que mulher possessiva. Mas o policial a olhou da mesma forma, séria, mas gentil —Lincoln é perigoso apenas pelo fato de ser totalmente maluco. Ele vai tentar manipular vocês e principalmente a menina. Mantenham-se firmes. Vocês sabem o que querem.

Eu não sabia como agradecer. Naquele momento, qualquer informação era um presente.

—Obrigada, Sr. Vamos lembrar disso — Agradeci. Olhei para minha namorada, que estava abaixada arrumando o casaco de Annabeth para protegê-la do frio. Permiti-me sorrir por um minuto com a cena — Precisamos ir. Está frio. Deseje-nos sorte.

—Boa sorte. Vocês formam uma família linda — O policial sorriu, e eu retribui. E então nós nos afastamos.

Se aquele lugar era assustador por fora, eu não sabia o que era a parte de dentro. A iluminação era pouca, e as paredes eram escuras. Todos tinham uma expressão fechada, e eu estava considerando a opção daquele policial lá fora não ter sido real. Lexa me puxou para perto pela mão.

—Tudo bem? — Sussurrou.

—Preocupada. Olha pra ela. Nem parece nossa Anna — Apontei para Annabeth que ia na frente. Eu queria abraça-la e esconder daquelas pessoas, mas quem parecia precisar disso era eu.

—Ela é mais sábia do que parece, Clarke. Confio nela. Mas também estou com medo. Apesar de ser esperta, Annabeth é doce demais. Se Lincoln fizer o joguinho emocional do bom pai que foi preso injustamente... Não sei. Só não podemos deixá-la com ele, de jeito nenhum.

—Não vamos Lex. Ela é nossa filha.

Um sorriso orgulhoso surgiu nos lábios da morena, e eu senti o mesmo por ela.

Nós éramos mães?

Um policial alto e sério parou em nossa frente. Annabeth recuou as costas batendo em minhas pernas. Fiz um carinho em seus ombros e a senti relaxar.

—Ele pediu para falar a sós com a filha. Está algemado. Não há perigo. Vocês duas podem esperar.

—Sem elas eu não vou — Annabeth soou curta, grossa e fria. Soou como uma adulta, e eu deveria ter odiado aquilo, mas me senti feliz. O policial fez uma careta, depois balançou a cabeça e se virou de costas para nós, praticamente acertando um murro na porta para que ela abrisse.

A sala era diferente do resto. Era um pouco mais iluminada e tinha paredes de vidro que nos permitiam ver as outras salas ao lado. No centro, uma mesa com duas cadeiras dos dois lados. E no lado oposto, ele.

Era Forte e moreno. A cabeça totalmente raspada. Suas mãos tremiam, balançando as algemas nos pulsos. Ele levantou os olhos, e eu vi os olhos, iguais aos de Annabeth, com um brilho doentio e perverso. O sorriso que cresceu em seus lábios me deu nojo.

—Minha princesinha — A voz arranhada ecoou na sala, e ele se levantou vindo até perto de Annabeth — Papai sentiu sua falta, sabia?

Não consegui identificar a emoção da garotinha. Ela olhava fixamente para o homem em sua frente, como se estivesse hipnotizada.

As Long As We Are TogetherOnde histórias criam vida. Descubra agora