Capítulo 4 - Octavia

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Lexa endireitou o corpo quando fomos entrar na casa. Eu sabia que ela estava tentando demonstrar coragem, mas eu a vira chorar por sua situação, e não acreditava naquela coragem nem de longe. Segurei sua mão.
—Sou só eu. Estou aqui.
Woods captou a mensagem que eu quis passar, porque se agarrou em meu braço. De alguma forma, me senti bem por aquilo. Por saber que ela confiava em mim para demonstrar sua fraqueza. Posicionei minha mão sobre a porta, e ela rangeu, mas não abriu. Eu teria que empurrar. Olhei para Lexa.
—Posso?
—Contanto que estejamos juntas — Sussurrou. E no mesmo instante, meu coração disparou, e um sorriso involuntário surgiu.
Costumávamos dizer isso uma para a outra quando estávamos juntas. Poderíamos passar por qualquer coisa, contanto que estivéssemos juntas. Aquela frase fora meu pesadelo por dias e noites durante anos, porque agora ela soava como uma doce salvação? Empurrei a porta e puxei Lexa para dentro comigo.
—Você lembra? — Perguntei. Ela me guiou devagar pelo ambiente escuro.
—É claro que eu lembro. Lembro de tudo, Clarke. Eu e você fomos especiais — De repente, saiu de perto de mim. E eu fiquei lá, paralisada, procurando algum sinal dela. De repente, a luz do fogo iluminou o lugar por algum tempinho. Era um isqueiro. Voltou a acendê-lo, mas dessa vez, acendeu uma vela. Agora que eu podia vê-la, pela luz trêmula do fogo, podia falar sobre a frase que eu esperei para escutar. Nós somos especiais. Mas não falei, porque bem aí, vi um vulto de cabelos escuros desorganizados no chão. Parei para olhar melhor. Uma mulher estava estendida em um colchão no chão, os braços servindo como travesseiro, o cabelo cobrindo o rosto. Lexa olhou para onde eu olhava.
—Octavia? — Interrogou. Não esperou resposta. Foi até a mulher e a chacoalhou pelos ombros —Acorde, idiota.
—Estou cansada, babe. Você é insaciável. Dê alguns minutinhos e então eu volto ainda melhor —Falou, manhosa, ainda de olhos fechados. Ri e dei uma olhada lá fora. Tudo parecia sob controle. Depois de ter feito um comentário, Anna voltou a dormir. Então a deixamos no carro com a porta trancada. Voltaríamos a qualquer sinal ruim, mas a pequena dormia tranquilamente.
—Blake, estou com minha esposa aqui. Nossa filha está lá fora. Respeito, por favor.
Como se fosse um zumbi, Octavia veio até mim com um olho fechado e outro aberto, as mãos estendidas. Eu estava sorrindo pelo que Lexa disse, mas ela provavelmente não percebeu, porque a primeira coisa que fez foi se aproximar para chegar até meu ouvido.
—Eu a lembrei da camisinha, juro — Ri. Aquela baixinha tinha um humor incrível. Ela me analisou de cima a baixo e sorriu — Ah. Entendi. Sabia que você não ia aguentar Woods. Senti sua falta, princess. E Lexa também sentiu.
Assim como Lexa conhecia minha melhor amiga, eu conhecia a melhor amiga de Lexa. Octavia Blake era uma pessoa maravilhosa. Eu não podia dizer do que trabalhava, porque nunca tinha um trabalho fixo. Gostava do novo. De aventura. Apesar disso, não estava interessada no novo no quesito amor. Sua namorada Raven tinha sobre ela, o mesmo efeito que Lexa tinha sobre mim, fazendo com que Octavia nunca conseguisse pensar em ninguém a não ser ela. E isso era bonito.
Lexa se aproximou de nós jogando uma mochila sobre os ombros.
—Estamos com Annabeth — Ela apontou para mim e para ela. Octavia não pareceu surpresa.
—Bom. A garotinha é boa. Digam a ela que não podem reproduzir ok? — Simples assim, Blake caiu de volta no colchão e ficou imóvel. Fiquei observando a cena, estática. E se fosse algo sério. Mas Lexa me virou para ela, muito despreocupadamente e sorriu doce. A luz era apenas de velas, mas eu ainda via as esmeraldas reluzindo. Logo elas sumiram, e eu senti sua respiração em meu ouvido, depois um beijo no lóbulo.
—Eu gosto de ser sua esposa — Admitiu baixinho. Ri daquela confissão que parecia muito séria, mas ao mesmo tempo soava divertida, e sexy pra cacete. Lexa olhou para trás e só então eu ouvi o choro manhoso de Anna. Ela entrelaçou nossas mãos — Contanto que estejamos juntas — Disse, repentinamente. E aquela situação, aquela frase sem planejamento, sem querer planejou todos os meus dias futuros. Eles seriam bons. Contanto que estivéssemos juntas.

As Long As We Are TogetherOnde histórias criam vida. Descubra agora