• 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 14 •

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Setembro, 1983
Maria Luíza

Olhei pra aquele pequeno apartamento cheio de caixas, e me senti realizada. Dois anos de trabalhos intensos eu consegui comprar o meu cantinho, e alguns móveis usados para começar a vida aqui.

Desde 81 eu não vejo Brian, isso não quer dizer que deixamos de nos falar. Continuamos trocando cartas e fazendo ligações, e sempre fomos sinceros. Durante esse tempo tentamos até nos envolver com outras pessoas, mas infelizmente não deu certo e bola pra frente.

Lembro do dia em que passei no concurso para dá aulas em escolas públicas, Brian ficou tão feliz, e até quando eu estava estudando para o certame ele me apoiou bastante.

Tive que sair do escritório de tradutores assim que passei no certame, mas pra complementar o meu salário de professora, eu arranjei um emprego em um cursinho aos sábados, foi assim que consegui o meu apartamento.

Pedro é um dos melhores médicos do estado, e meu irmão Igor vai casar logo.

Meu pai não gostou da ideia de me ver sair de casa, mas fiquei com a alma lavada de ter comprado a minha liberdade.

— Vai ficar olhando essa parede, ou vamos começar a arrumar a sua casa? — perguntou Pedro.

— Ah, desculpe. — respirei fundo e voltei a encarar a parede. — Acho que aqui vou fazer um mural de fotos, minhas, as que os meninos mandam e tudo mais.

— É uma ótima ideia, Malu. — disse Igor e eu sorri. — Ainda não acredito que quis deixar a nossa casa.

— Primeiro, você sabe que eu sempre quis isso. — coloquei as mãos na cintura. — Segundo, você vai casar logo e eu? Iria ficar sozinha com o pai? Ah, por favor né?

— Tudo bem, meu amor. — meu irmão me abraçou de lado. — Como você cresceu, está tão decidida.

— Na verdade, ela sempre foi. — Pedro disse rindo.

— Tem razão. — meu irmão disse emocionado.

— Deixe de choradeira, Igor. Parece até que eu morri. — falei rindo. — Vamos nos apressar, temos muito o que fazer.

Rimos, e os meninos começaram a tirar algumas coisas das caixas. Montaram alguns móveis, e a minha cama. Enquanto eles faziam o trabalho pesado, eu pegueu alguns barbantes, e peguei a caixinha onde eu guardava as cartas e fotos que Brian mandava.

Ali dentro havia a última carta que ele mandara, não tinha aberto ainda, estava esperando chegar na casa nova pra isso. Então, nada melhor que agora pra isso.

"Querida Malu, já confidenciamos tantas cartas e sempre fico sem saber como começar. Então, sigo com uma boa notícia: o quarto filho do Deacky nasceu... não sei quanto tempo ele vai ter quando você receber essa carta, mas é isso. Ainda não temos uma foto dele, mas assim que tiver vamos te mandar pra juntar com a dos outros três, e com o do bebê de Roger. Mais um 'sobrinho' pra você amar.

Falando em Roger e Deacky, este último escreveu uma música já para o álbum que vamos lançar em fevereiro do próximo ano, e o Roger está com ideia de usarmos roupas femininas do vídeoclipe da música que Deacky escreveu (isso seria bizarro), não é uma má ideia, mas eu tenho medo das críticas.

Somebody To Love • Brian May • (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora