• 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 6 •

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— Você está contratada. — Marcos disse. — Jim Beach ligou, e disse que estava satisfeito com o seu trabalho, e os meninos lhe elogiaram bastante.

— Eu estou tão aliviada. — levei minha mão ao peito. — E quando eu começo?

— Amanhã. — ele me olhou sorrindo. — Vou te dá o dia de hoje pra se preparar.

— Muito obrigada, Marcos, você não vai se decepcionar. — estiquei minha mão e ele apertou a mesma. — Amanhã cedo estarei aqui.

— Estarei esperando. — ele diz enquanto lhe sigo até a porta. — Até amanhã, Maria Luíza.

— Até, Marcos. — sorri e acenei um tchau.

Andei pelo corredor, e quando escutei a porta de Marcos fechando, fiz uma mini-dança-da-vitória, tendo olhares muito julgadores em cima de mim, mas estava feliz demais para ligar pra eles.

Andei até o ponto de ônibus mais próximo, e logo peguei um. Eu não conseguia tirar o sorriso do rosto, até se meu maior inimigo aparecesse na frente, eu estaria rindo.

— Cheguei. — anunciei assim que entrei em casa, e vi meu irmão que estava de folga.

— E ai? — ele perguntou em expectativa e fiz uma carinha triste. — Eu sinto muito. — ele me abraçou e comecei a rir.

— Eu consegui, Igor. — apertei meu irmão no abraço, que me levantou cuidadosamente. — Finalmente vou juntar meu dinheiro e sair daqui.

— E vai me deixar? — ele perguntou me colocando no chão.

— Você vai poder ir me visitar sempre. — falei tirando meus tênis. — Sabe muito bem que não sou bem-vinda aqui, papai sempre deixou claro isso.

— Mas você é filha dele. — ele bufou me acompanhando até a cozinha.

— Ele não quis nem ficar comigo quando eu nasci. — dei de ombros. — Se não fosse a tia Marta, sabe Deus onde eu estaria agora. Aliás, eu só estou aqui porque ela teve que ir morar fora. — bebi um pouco de água. — Falando no pai, cadê ele?

— Foi fazer um serviço no bairro vizinho. — ele disse se retirando da cozinha. — Ah, e teve telefone pra você... era gringo. — e saiu.

Meu coração bateu mais forte, era ele, agora eu teria que esperar chegar a conta de telefone pra poder saber seu número, ou esperar ele ligar de novo. Respirei fundo, e fui para meu quarto.

Tomei um banho, eu estava precisando. Depois, coloquei uma roupa confortável pra ficar em casa, e fui desfazer a mochila que tinha levado para o hotel. Tirei minhas roupas colocando no cesto-de-roupa, e esvaziei os bolsos laterais, e no último achei um papelzinho todo amassado.

Sentei na cama, e abri o papel, e algo caiu no chão, era uma palheta de guitarra "Brian May" estava escrito ali, sorri ao ler aquele nome, e voltei minhas atenções ao papel.

"Querida Maria Luíza, não sei quanto tempo vai ter se passado quando ler essa carta, espero que seja breve. Essa é a primeira carta que estou escrevendo pra você enquanto dorme no meu quarto.

Sou como um livro velho que ninguém se permite ler. Como um dia neblinoso que por falta do brilho solar ninguém encontra tempo para admirar. Sou aquele que fica na vida das pessoas como fotografias antigas, mas nunca como companhia constante, por incrível que pareça, elas sempre enjoam de mim. Mas quando a gente conversa, eu não sinto nada disso, é um sentimento muito diferente, Malu.

Me chame de tolo, mas eu vivo pensando em você. Será que você vai cruzar a esquina da minha rua ou eu vou ter que viajar para longe para encontrar você? Eu não sei, eu só sei que é verdadeiro o que estou sentindo.

Somebody To Love • Brian May • (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora