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P.O.V  Phoebe

Se me perguntar como cheguei até o quarto eu certamente não saberia responder, no momento em que Alex passou seu braço em volta da minha cintura me senti desligar do mundo e só voltei a órbita quando ele me soltou pra deixar as malas próximas a cama e logo em seguida entrou no banheiro sem falar uma única palavra, o que vindo dele é bem estranho.

Fico em pé olhando a vista da janela até que escuto a porta do banheiro se abrindo e ele saindo de lá apenas com uma calça moletom - Certo, você está muito calado, cadê suas implicâncias? Não falou uma palavra até agora - digo em um fôlego só.

- Só estou cansado, Phoebe - agora ele realmente me assustou, desde que descobriu meu nome do meio nunca mais me chamou de " Phoebe ". Antes que eu tivesse a oportunidade de contestá-lo novamente, seu celular toca e pela seu tom deve ser algo relacionado ao trabalho, aproveito esse momento para tomar um banho, dando o tempo de encerrar seu assunto e assim conversarmos.

Quando volto ao quarto ele está deitado na cama de olhos fechados, mas sua respiração indica que ele ainda tá acordado - Problemas no trabalho? - tento iniciar um assunto.

- Apenas confirmando os cardápios de amanhã - fala sem muito entusiasmo.

- O que aconteceu Alexander? - questiono e seu olhar finalmente se foca em mim.

- Não aconteceu nada, só estou dando seu espaço.

- Como assim " meu espaço "?

- Você sabe, esses dois dias venho tentando uma aproximação e você age como se eu tivesse uma doença contagiosa me afastando a cada tentava, então para facilitar as coisas dei o espaço que você queria - fala dando de ombros.

- Eu não te afasto, é só o meu jeito - digo com sentimento de culpa.

- Todos perceberam Pheebs, mas eu entendo é o seu mecanismo de defesa e por mais que eu esteja interessado em você, não entro em uma batalha sem ter chances de ganhar.

- Tá dizendo que não vai mais tentar nada comigo? - pergunto e não sei por que me sinto nervosa com a resposta.

- Estou dizendo que se você quiser tentar algo estou a sua disposição, mas vou te dar liberdade para pensar sobre isso. Não me entenda mal só não quero tomar alguma inciativa e ser rejeitado novamente - diz.

- Quem fez isso com você? - não me contenho a perguntar.

- É uma história meio longa.

- Temos todo tempo do mundo - falo e ele suspira derrotado.

- Eu estava no meu primeiro ano da faculdade, era como um sonho pra mim fazer o curso que eu amo na mesma faculdade que Ethan, apesar dele fazer medicina enquanto eu gastronomia, apenas o fato de saber que meu melhor amigo estaria lá se eu precisasse já valia a pena. Na época eu era um pouco diferente, não tímido como o Thomas mas daqueles que só falava o necessário, até que conheci uma garota do meu curso, a maioria dos caras da turma gostavam dela e ela sempre estava acompanhada de suas amigas até que um dia se sentou do meu lado na aula e iniciou uma conversa - fala e fecha os olhos como se quisesse espantar a lembrança - Nos aproximamos, estudavamos juntos na biblioteca, saiamos no fim de semana, ela parecia realmente corresponder aos meus sentimentos, um dia no fim da aula nos beijamos e eu achava que finalmente teria achado uma garota que valesse a pena, que se tudo continuasse se encaminhado podiamos até namorar, só que no dia seguinte ela diz que tudo foi uma aposta com as amigas e que nunca iria se interessar por mim.

- Eu sinto muito, Alex - digo enquanto seguro sua mão.

- Não sinta, depois de um tempo isso me ajudou, percebi que queria ser o chefe do meu próprio restaurante, me concentrei nos estudos e aprendi a me comunicar melhor. Mas ainda assim sinto que a qualquer momento as pessoas vão perceber que não precisam de mim e me expulsar da vida delas.

- É por isso que está sempre brincando não é? Pra tentar esconder seus medos? - falo e vejo ele apenas concordar em um aceno me fazendo segurar sua mão com força - Sabe, eu realmente tenho um mecanismo de defesa, mas isso meio que foi criado por causa de um trauma de infância - digo e vejo seu olhar focado em mim - Minha mãe sempre andava pela casa irritada e me culpava por estar casada com meu pai, dizia " se não fosse por você eu estaria aproveitando a vida " e foi assim até os meus doze anos, um dia meu pai me levou ao cinema e quando voltamos minha mãe não estava mais lá. Ela foi embora sem se despedir ou deixar uma carta, apenas pegou suas roupas e se foi. A parte mais difícil foi ver meu pai chorar e se culpar por ela ter partido. Nós tivermos que aprender a nos adapitar e sozinho ele foi capaz de me fazer crescer cercada por amor, mas acho que no fundo o medo de me apegar a uma pessoa e acontecer a mesma coisa sempre vai existir, e isso me faz afastar qualquer possibilidade amorosa - falo e só noto que estou chorando quando o sinto limpar minhas lágrimas e me puxar para o seu colo me abraçando.

- Somos quebrados não é, Marin? - fala dando um sorriso triste.

- Quem sabe juntos não conseguimos nos deixar inteiros novamente? - questiono olhando em seus olhos.

- Está disposta a se arriscar? A tentar vencer esses medos?

- Só se você for comigo.

- Prometo dar o meu melhor. E quando voltarmos a Atlanta quero conhecer o seu pai, ele parece ser um homem incrível.

- Ele é. Aposto que vai adorar você - falo sorrindo - Alex?

- Sim?

- Prometo não machucar seu coração, pelo menos não de propósito.

- Isso já é o suficiente pra mim.

- Queria encontrar a tal garota que te machucou, ela iria sentir a fúria de uma Hale - falo e ele gargalha.

- Hale. Gosto de como isso soa.

- Ninguém me chama assim, geralmente é Phoebe, o Marin é usado apenas por provocação já que odeio.

- Então agora vou te chamar de Hale - diz dando de ombros.

Apenas concordo me deitando novamente em seu peito ouvindo ele cantarolar uma música - Não conheço essa música - digo de forma baixa e lenta sentindo o sono começar a me atingir.

- É autoral, quando era adolescente escrevia algumas músicas, é uma coisa que não faço a muito tempo - fala enquanto faz carinho nas minhas costas e voltamos a ficar em silêncio.

- Por que parou de escrever?

- Passei a dedicar a maior parte do meu tempo aos restaurantes - diz

- Obrigada por me escutar desabafar e também por consolar - falo repentinamente sentindo meu rosto queimar.

- Sempre que você precisar - diz ainda acariciando - boa noite, Hale.

- Boa noite, Alex - falo e pela primeira vez me sinto segura nos braços de uma pessoa e é com esse sentimento que caio na inconsciência.

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