Prólogo

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176 Ag

Zaofu estava animada naquele dia em especial. As pétalas que formavam a proteção das diferentes áreas da cidade estavam abertas, revelando o céu estrelado da noite.

Os enfeites espalhados pelas ruas lembravam o dia em que sua fundadora, Suyin Beifong, completava seus 50 anos e haviam coisas demais programadas para aqueles dias.

Tudo começara com uma apresentação de seus filhos ou quase todos, uma vez que Bathaar Jr. preferira não se juntar aos irmãos e então um jantar de grandes proporções a sua família e amigos próximos, antes de culminar em uma grande festa.

Foi Baathar quem puxou o brinde de discurso a sua esposa, seguido por Lin e então a própria Toph se ergueu para dizer algumas palavras. A taça em suas mãos e os olhos esbranguiçados fixos em lugar nenhum.

— Nunca gostei de discursos — falou, surpreendendo a todos a sua volta — Mas passei os últimos 34 anos distante de minhas filhas, Lin, Su — ela não apontou para as filhas, mesmo que consegue distingui-las dos outros sem nunca tê-las vistos — É bom ver a minha família e amigos reunidos aqui — ela sabia que Katara estava sentada em algum lugar por perto, junto dos filhos — Faltam algumas pessoas importantes — ela fez uma pausa antes de continuar, sentindo a mão da amiga tocar a sua que tremia — E por isso eu resolvi revelar algo que tenho guardado por muitos anos — ela diminuiu a voz acrescentando — por 50 anos.

Todas as respirações se suspenderam por um momento, os corações descompassados com a ansiedade, quando a primeira dobradora de metal voltou a se sentar.

— Mas é uma história longa que contarei apenas a Lin e Su, mais tarde.

Ela podia sentir as diferentes emoções reverberando pelo chão. Muitos pareciam frustrados e outros seguravam um riso traiçoeiro.

Foi durante a festa que mãe e filhas se separaram da multidão, se esgueirando para a sala de reuniões de Suyin.

— Mãe — disse a mais nova depois de fechar a porta — A senhora tem certeza de que quer me contar isso.

— Eu deveria ter contado há muito tempo — ela disse, esticando os pés descalços sobre a mesinha de centro — Pense como um presente de aniversário atrasado.

— Então? — perguntou Lin, sentada na mesa mais a frente — Quem é o pai de Su.

— Essa é uma longa história — cruzou os braços em frente ao peito e então começou a narrar — Su nasceu em uma noite chuvosa de 126...



126 Ag

— Você precisa fazer mais força ainda — disse Katara, apoiando um pano úmido sobre a cabeça de Toph — Não é sua primeira vez — disse mais uma vez, tentando mantê-la calma.

A chuva caia em cantaros sobre a janela, formando uma cascata contra o vidro frio e parecia umedecer todo o cômodo da firme casa onde fora feito o hospital de Katara em Cidade República.

Do lado de fora, conseguiam ouvir as crianças brincando e cochichando, logo antes de serem enxotadas do lugar. Aquilo não era lugar para crianças bagunçarem.

— Está quase lá — disse a mulher de olhos azuis — Só mais um pouco.

O pouco levou quase 10 minutos antes do choro estridente do recém nascido tomar o lugar por inteiro. Não era a primeira vez que Toph dava a luz, mas não estivera tão ansiosa da outra vez.

— É uma menina — disse Katara, a enrolando em panos limpos antes de limpa-la com a água morna.

— E ela... — tentou formular a frase, mas as palavras pareciam se acumular na garganta e então engoliu em seco antes de continuar — Ela se parece com...

O rosto doce da dobradora de água se virou para ela sorrindo, mas não sabia disso. Todos os sinais que atravessavam o piso de madeira naquele momento eram incertos e então ela pode sentir o peso de sua filha caçula em seus braços, estava mais calma e balbuciante.

— Não — respondeu finalmente, acabando com o mistério — Ela tem a pele mais escura que a de Lin, mas não se parece com o pai. — fez uma pausa, se movendo pela sala para abrir a porta — É linda.

Toph ainda sorria quando sentiu o batimento característico de Lin ali perto.

— Ansiosa para conhecer a sua irmã? — a criança sabia que não precisava responder.

Caminhou com pressa antes de se ajoelhar ao lado da mãe, tocando as mãozinhas pequenas da bebê.

— Qual vai ser o nome dela mamãe? — perguntou, deitando a cabeça no ombro da mulher exausta.

Ela pensou por um momento. Estava tão preocupada com a história da paternidade que nunca pensara nisso.

Respirou fundo, pensando nos nomes que vinham em sua cabeça.

— Su... — ela disse, não queria um nome com S, mas era apenas os que surgiam em sua mente — Suyin é o nome dela.

— Bem-vinda Suyin — falou Lin com sua voz infantil, ainda brincando com os dedinhos pequenos da irmã.

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