Capítulo 9

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Lin ainda estava dormindo quando as batidas insistentes de Su na porta de seu quarto a acordaram. Sentiu o impacto delas muito mais do que ouviu, ainda estava meio anestesiada pela noite anterior e talvez isso explicasse porque o sol estava tão brilhante, ofuscando suas pálpebras fechadas.

Havia dormido demais e já deveria ser quase meio do dia, sentia que seu braço direito estava formigando sob alguma coisa e que sua mão segurava algo que parecia muito com um braço envolto em sua cintura.

Abriu os olhos para encontrar o teto branco acima de sua cabeça e isso a deixou um pouco tonta junto a Su, que continuava a espancar a inocente porta de metal de seu quarto logo ao lado. As ondas que ela enviava chegavam a tremer a cama.

— Lin!? — ouviu a voz da mais nova chamando logo a frente.

Imediatamente os anos de infância e adolescência voltaram em sua mente como um raio. Su pulando na cama ao seu lado e sacudindo os ombros dela com força. Houve uma época em que ela fingia dormir para pegar a irmã desprevenida com cócegas, uma época antes das duas se odiarem e precisarem fazer as pazes.

Essa lembrança trouxe um sorriso ao seu rosto, mas apenas o por um instante antes que senti-se o corpo ao seu lado se mexer e ajeitar, o corpo nu roçando contra o dela de forma delicada.

— Sua irmã vai acordar toda Zaofu se você não levantar — disse a voz ao seu lado, libertando-a do abraço.

Não se lembrava de quando havia sido a última vez que acordara com alguém ao seu lado e então se virou para admirar a pessoa que povoava os seus sonhos por um longo tempo, descansando a mão sobre o quadril a sua frente.

— Acho que você precisa devolver o meu braço antes — sussurrou contra o ouvido mais próximo a sua boca.

Aproveitou a proximidade para raspar os dentes contra o lóbulo, sentindo o corpo tremer enquanto ronronava em seus braços, se aconchegar mais próximo para sentir o calor do corpo da chefe de policia.

— Acho que seu braço é a coisa mais confortável em que dormi nos últimos anos.

Lin duvidava fortemente que o seu braço de músculos duros poderia ser mais confortável do que um travesseiro macio como aqueles que haviam em Zaofu, mas ela preferiu não discutir sobre isso e então apenas levantou, sentindo o ar frio em sua pele nua.

— Posso usar seu roupão? — perguntou, mas nem ao menos esperou uma resposta antes de pegar a peça que havia sido esquecida no chão durante a noite anterior.

— Como quiser, querida — respondeu, cobrindo o rosto com o braço para evitar o sol em seus olhos, Lin tinha certeza que mais um pouco e veria aquela cabeça desaparecer sob as cobertas como se o ar não fosse importante. — Só não esqueça de me trazer o nome do pai da Su essa noite.

Lin se sentou ao lado do corpo ainda meio adormecido, sentindo uma mão descansar sobre sua perna coberta pelo tecido macio e então correu os dedos pelos fios de cabelo ao seu lado, sentindo um arrepio cruzar sua costas e levar um sorriso até seu rosto. Quando havia reagido assim da última vez a qualquer pessoa?

— Então ainda me quer no seu quarto hoje a noite? — quase não reconhecia a própria voz.

Ela sorriu ao dizer aquelas palavras, mirando os olhos ainda brilhantes e meio avermelhados do sono prolongado.

— Ou posso ir para o seu quarto — houve uma pausa enquanto a pessoa se movia na cama, apoiando as costas contra o travesseiro — Você é quem sabe Linny.

Lin sorriu de volta e então beijou os lábios macios antes de se levantar e caminhar em direção a porta para encontrar sua irmã dobrando o metal que dava entrada para o seu quarto.

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