Capítulo 15

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Era incrível a rapidez com que as noticias ruins encontravam Zaofu.

Su estava se preparando para a chegada da família. Destacando as partes mais bonitas, trabalhando para que tudo estivesse no agrado da mãe e do tio, ensinando os meninos a se portarem e preparando Baathar para que não tivesse um colapso.

E foi quando chegou a mensagem da morte do Avatar Aang.

Ela não tinha certeza do que fazer depois disso. Se estivesse em casa teria que estar ao lado da família em uma cerimonia tradicional do Ar, mas ela não fazia ideia de como eram essas coisas.

Toph e Sokka pareciam estar sempre fugindo de qualquer cerimonia tradicional que Aang inventasse e, muito a contra gosto, foram na passagem de Tenzin.

O mesmo dia em que Su descobrira porque a mãe e o tio fugiam delas com tanta determinação, por sinal.

Ela aproveitou que havia sido a primeira a acordar e decidiu prestar as homenagens do jeito que podia. Então se afastou dos olhos do seu clã e se fechou em uma pequena tenda, onde acendeu um incenso.

Perdeu a noção do tempo que passou ali, preservando as memórias de Aang como se induzida pelo cheiro forte do incenso e chorando silenciosamente, se perguntando como estavam aquelas pessoas. A mãe certamente estava devastada, Aang e Sokka eram seus melhores amigos desde a infância. Tia Katara choraria por um ano, com certeza. Tenzin esqueceria o mundo e a própria vida meditando, enquanto Sokka e Zuko assumiram as implicações diplomáticas dos nômades do ar.

Em um momento de egoísmo, Suyin percebeu que talvez não fosse ver a mãe por muitos anos ainda e temeu que o próximo funeral que passaria sozinha fosse o dela. Ao menos entendia um pouco mais sobre funerais do Reino da Terra, já que ajudara com o dos avós.

— Querida!

Quando a voz de seu marido soou do lado de fora toda a fumaça do incesso já havia se dispersado da tenda e ela se viu completamente sozinha no vazio e na escuridão.

Ela deixou que as pedras caíssem ao seu redor devagar, permitindo que o marido se ajoelhasse ao seu lado e a abraçasse. Ele lhe beijou o topo da cabeça escura, mas não falou nada.

Não haviam palavras a serem ditas naquele momento, mas logo em seguida ela já voltava a ser a mãe e chefe exemplar que sempre fora, como se nada tivesse acontecido.

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Lin chegou tarde no enterro de Aang e tentou ficar o mais afastada possível. Lá na frente podia ver um grupo de pessoas mais conhecidas. Tenzin se destacava alto como um poste em meio a multidão, com a careca tatuada e ao seu lado estava a noiva, Pema, do outro seu irmão mais velho, Bumi, parecia baixo e pesado demais, mesmo que estivesse apenas em forma por conta do serviço nas Forças Unidas.

Era difícil enxergar Katara e Kya atrás da parede que os dois formavam, mas Lin sabia que mãe e filha estavam abraçadas bem em frente, o outro braço de Katara estava envolta do próprio irmão. Os rabo de lobo de Sokka parecia brilhar ao sol, se destacando contra a pele marrom e a chefe não precisava ver para saber que a própria mãe estava abraçada a ele.

Não muito longe estava o senhor do fogo e sua família. Já haviam prestado as condolências à viúva e aos filhos antes de dar espaço para o ciclo mais intimo da família. Mas mesmo de longe, Lin podia ver que Zuko tinha os olhos vermelhos de lágrimas.

Pela primeira vez ela se sentia uma intrusa na própria família. Pensou que ela deveria estar ali, ao lado da mãe se não tivesse se afastado após tudo.

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