Capítulo 7

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— Está tudo certo querida. Você vai sentir coçar pelas próximas horas, mas é parte da cicatrização. — Katara disse, usando os dedos para fixar as ataduras no rosto de Lin — Mas a cicatriz vai ficar.

A garota manteve o rosto fechado durante todo o tempo que passara na enfermaria da delegacia, mesmo quando Katara chegara para cuidar da afilhada e as enfermeiras pararam para assisti-la trabalhar. Não era comum que a esposa do avatar trabalhasse fora do seu pequeno consultório e muitas ali só tinham ouvido falar sobre ela, nunca realmente tendo a chance de vê-la trabalhar.

Talvez fosse por isso que algumas delas se reuniram um pouco distante, fazendo buchichos e comentando em tom animados, mesmo que baixo. A detetive tinha certeza de que logo que ela saísse, cairiam sobre a tia como pássaros sobre migalhas.

— Vai ficar tudo bem, Lin — disse a abraçando e beijando-lhe o topo da cabeça negra. Ela sentiu algumas poucas lágrimas grossas lhe molhando a roupa. — Vocês podem nos dar um minuto, por favor? — perguntou direto para as enfermeiras que apenas assentiram e começaram a sair com passos rápidos, mandando olhares brilhantes em direção a curandeira.

A porta nem havia se fechado ainda quando um outro agente apareceu, seguido por uma pessoa que Katara conhecia muito bem.

— Detetive Bei Fong — chamou o policial baixinho e ansioso, provavelmente era novo no cargo — A chefe gostaria de vê-la.

Lin secou os rastros úmidos com a palma da mão e saltou da maca para encontrar com a mãe sem dizer nada. Algumas gotas salgadas pareciam ter invadido o curativo e fazendo-o latejar, mas ela já não se importava aquela altura.

— Lin — ela ouviu o homem a chamando e então o abraçou brevemente, sentindo-o beijar os cabelos escuros — Como você está?

— Bom ver você, Tio Sokka — ela respondeu, se afastando de forma seca — Melhor não deixar a chefe esperando.

Ele a observou sumir no corredor antes de entrar na pequena sala, onde a irmã o encarava com os braços cruzados em frente ao corpo. Se aproximou com a mão na nuca e então beijou-lhe a bochecha de forma carinhosa antes de começar a falar sem graça.

— Oi mana, péssimo jeito de nos reencontrarmos depois de nove anos, não é?

Mas Katara não sorriu como ele gostaria e nem esperava por isso, mas não custava nada tentar.

A dobradora de água parecia até mais carrancuda do que Toph, que estava mais Katara do que nunca. O que havia acontecido em Cidade República nos últimos nove anos?

— Então você volta depois de todos esses anos e vem primeiro ver a Toph? — perguntou, o encarando séria.

Então a questão era ciúmes puro e simples. Sokka sentiu vontade de rir com aquela reação, claro que o relacionamento das duas sempre fora um cabo de guerra entre a amizade e a competição, mas nunca imaginou que ele seria parte de uma das disputas no fim das contas, principalmente entre duas senhoras entrando em sua meia-idade. Ainda mais que fora a própria irmã que o havia pedido para isso.

— Foi você quem me pediu para conversar com ela — respondeu, erguendo as duas mãos em forma defensiva. Estar perto de uma Katara irritada poderia ser pior do que qualquer coisa que ele já enfrentou antes, mesmo que uma frota de dirigíveis da Nação do Fogo.

— E custava visitar a família antes? — perguntou, abraçando-o — Nós sentimos a sua falta. Bem... Eu, o Aang e o Tenzin, já que Bumi e a Kya sairam de casa.

— Como vocês estão? — ele perguntou, olhando para a porta, preocupado com o que poderia estar acontecendo há apenas algumas salas dali.

— Bem, mas é muito silencioso sem os dois.

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