Capítulo 18

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Toph não tinha noção nenhuma de horário. Tinha um relógio em algum lugar da casa, mas - tirando o tique-taque que a enlouquecia - Não lhe servia para nada. Havia servido para as meninas e depois para Sokka, para ela era a mesma coisa que nada.

Sabia que tinha passado muito tempo porque não conseguia evitar o sentimento de que deveria ter ido para o Polo Sul. Havia tentado voltar para a cama, mas ela parecia desconfortável e fria por mais que se enrolasse. O cheiro de Sokka parecia a encontrar a todo o momento e então voltava a circular pela casa, vagando como um espirito.

Bateram em sua porta novamente. Era a segunda vez naquela noite e não poderia ser algo bom.

— Senhorita Bei Fong — chamou o homem que ela reconheceu como um emissário da Tribo da Água.

Um arrepiou passou por sua coluna e ela apertou o roupão contra o corpo, havia se vestido depois que os dois homens partiram, mas sentia tanto frio que não conseguiu se desfazer da roupa.

— Katara pediu para que a escoltasse imediatamente até o Polo Sul — aquilo definitivamente não podia ser bom.

Ela não discutiu, apenas pediu um momento para pegar roupas de inverno que guardava por anos. Ela nem se lembrava quando havia estado no Polo Sul pela última vez. No velório de Hakoda talvez, se lembrava de que as meninas eram pequenas, Su não poderia ter mais que 5 anos na época, lembrava-se que Sokka tentara convence-la a voltar para cidade República para que a bebê não ficasse resfriada, mas ele não fez muito esforço. Estava feliz de tê-las por perto, todas as três.

Tentou se consolar, não podia ser algo tão grave se Katara havia mandado buscá-la para uma viagem que levaria semanas, talvez até meses se evitasse ir de barco e - espiritos! - como ela adoraria evitar barcos. Quer dizer... Se fosse uma notícia tão ruim, teriam sido mais diretos.

— Vamos mais rápido voando — ela reconheceu a voz de Zuko apenas alguns metros a frente, provavelmente montado em seu dragão.

Toph não gostava de voar. Tinha traumas muito grandes quando se tratava de dirigíveis e sempre reclamava de Appa, mas gostava dos bichinhos de estimação de seus amigos, por mais que fizesse que não.

Ela tremeu quando se acomodou atrás do antigo Senhor do Fogo, envolvendo os braços ao redor da cintura dele. Estava frio no céu, mais do que em terra e ficou feliz por estar usando um casaco pesado.

Nenhum dos dois falou qualquer coisa e isso só serviu para preocupa-la mais. Sempre pensara em fazer uma viagem de campo transformadora com Zuko, só não esperava que fosse naquelas condições.

— Como está a menina? — foi tudo o que conseguiu perguntar, mas não era exatamente o que ela queria saber.

— Nós a salvamos — ele respondeu depois de alguns estalos com a língua, sua voz era arrastada como se as escolhesse com calma — Ela estava dormindo quando sai.

Ele não falou sobre Sokka e ela não perguntou.

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— Você não precisa fazer isso mesmo, Katara — ele resmungou, sentindo as mãos frias da irmã percorrendo as costas nuas — Eu estou bem.

Mesmo assim ele parecia lutar para respirar e sua pele empalidecia rapidamente, o calor deixando a pele castanha de forma preocupante.

— A dominadora de água te acertou no peito em algum momento? — perguntou Katara.

— Foi apenas por causa da luta — ele respondeu, erguendo as mãos enrugadas — não precisamos coloca-la na lista negra de Toph por isso.

— Sokka, isso é sério — pela primeira vez ele sentiu que medo no tom da irmã e sentiu que era mesmo hora de parar — Ela pode ter congelado você.

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