Capítulo 8

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— Você precisa levantar antes que Su acorde — sussurrou a mulher, deitada contra ele. O braço pálido descansando relaxado ao redor de seus ombros.

Em algum momento da noite ela havia se virado de frente para ele de novo e passado os braços envolvido em um abraço confortavel. Talvez tenha sido quando Sokka se levantou para tirar a camisa ensopada de suor, não estava acostumado a dormir tão vestido daquela forma e o calor de Cidade República não ajudava em nada.

Na verdade, até se lembrava de ouvi-la reclamar sobre isso uma vez durante a noite, talvez tenha sido essa permissão indireta que o levara a se despir de qualquer forma. Podia sentir o tecido fino e leve do pijama de Toph separando o contato direto entre a pele pálida e a dele, mas não o suficiente para impedir que o calor dela passasse para o peito de Sokka.

— Mais vinte minutos — pediu, apertando o corpo pequeno contra o dele e rolando até estar parcialmente sobre ela, o rosto encaixado contra a curva delicada do pescoço, respirando o perfume do longo cabelo negro.

Ele ainda se lembrava da primeira vez que reparara no quanto ela era delicada ainda. Por mais que evitasse pensar sobre isso na época, mas aquela imagem do vestido verde ainda estava gravada em algum lugar saudoso de sua mente, o dia em que Lao e Poppy resolveram renovar os votos de casamento depois de quase 4 anos separados.

Ela havia feito aquela concessão pelo dia especial dos pais, aquele era o primeiro sinal de como havia mudado ao longo dos anos, de como a família havia se tornado importante para ela, como havia sentido falta deles. Claro que o sentimento de abandono quando Lao falou que nunca tinha tido família e muito menos uma filha, naquele primeiro dia na refinaria havia sido um catalizador potente. Agora ele podia adicionar a liberdade de Suyin nessa conta.

Os dois sabiam que ela pagaria caro por isso em frente ao conselho, por mais que ele estivesse lá para intervir por ela, por mais que todos intervissem por mãe e filha, ela ainda iria sofrer uma punição dura. Não era tão fácil se livrar das provas de que sua filha era uma criminosa, como Lin havia dito, tinham testemunhas e Toph havia acabado de negociar sua alma com o diabo.

— Cinco, bonitão — ela respondeu, espalmando a mão contra o peito dele e o empurrando de volta, apenas o suficiente para que ficassem de frente um para o outro, não o suficiente para quebrar o contato.

Ela também queria esticar aquelas horas da manhã o máximo possível: era mais tempo que mantinha Su perto dela e mais tempo sem enfrentar a parte mais política de seu trabalho e ela sabia exatamente o que iam lhe pedir, justamente aquilo que ela vinha negando há tempos.

Perseguir e sufocar as manifestações por igualdade.

Ela nunca tivera qualquer problema em socar e prender criminosos e baderneiros, mas aquelas pessoas não eram nada disso. Eram não dominadores procurando serem tratados em pé de igualdade com dominadores, como Satoru, Kantoo e até mesmo Sokka, como seus próprios pais.

Ela se encolheu mais contra o corpo quente, apenas pensar nisso já lhe dava um frio na espinha e por um momento se sentiu arrependida. Su pegaria o que? No máximo alguns meses de prisão e ela poderia cuidar da filha ali, sem que mais ninguém pagasse por isso de qualquer forma.

— Tá, você precisa levantar — ela respondeu batendo nele novamente e então o empurrando para o chão. Haviam passado 25 minutos a mais deitados. — Você dá a desculpa de que chegou cedo para nos levar para a estação — disse, de forma ainda improvisada, rolando na cama para aproveitar mais alguns minutos de sono.

A vantagem de ser a dona da casa, mesmo que Sokka fizesse mais falta do que ela gostava de admitir na imensa cama vazia.

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