𝐋𝐚 𝐃𝐢𝐬𝐭𝐚𝐧𝐜𝐞 (Reescrevendo)

『Don't react badly』

『𝐃𝐨𝐯𝐞 𝐂𝐚𝐦𝐞𝐫𝐨𝐧 𝐏𝐎𝐕
𝐕𝐚𝐧𝐜𝐨𝐮𝐯𝐞𝐫, 𝐂𝐚𝐧𝐚𝐝𝐚́
𝟑𝟏 𝐝𝐞 𝐌𝐚𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝟐𝟎𝟐𝟐』

Diretora do Departamento de investigação e perícia criminal. Fui promovida. Em todos os anos que venho me dedicando a essa promoção nunca imaginei que chegaria em um cargo tão importante como esse, tão rápido. Ainda estou em êxtase. Parece um sonho e estou prestes a acordar dele. Faz mais de uma semana que estou trabalhando como diretora e ainda não acostumei com o cargo. É tão bom poder acompanhar todas as investigações, podendo me intrometer sem receber olhares tortos dos demais na minha direção. Sem contar com o fato de não precisar ir a campo, apenas quando necessário, fico mais na parte burocrática.

- Sr. González - chamei o mesmo ao vê-lo passar pela minha porta. Levantei-me da minha mesa caminhando até o meio da sala, esperando ele aparecer na minha porta. Não demora muito.

- Me chamou, diretora? - perguntou com a voz suave, evitando contato visual.

- Chamei. Gostaria de saber como está o andamento do relatório do caso da rua Prince Crescent? - minha voz saiu firme e autoritária, atraindo atenção dele para mim. Ele engole seco, ficando nitidamente nervoso. Parece que ninguém do meu departamento aceitou o fato de que uma mulher de 19 anos esteja mandando e desmandando neles. Principalmente os homens.

- Não sei, diretora, pensei que o Xavier tivesse lhe entregado ontem - neguei com a cabeça, mudando o peso da minha perna para outra, ainda encarando ele, séria.

- Não, nem você e nem o Xavier entregaram o relatório do caso da rua Prince Crescent. São os únicos, até agora, que não entregaram. Sei que o caso é complicado, mas preciso ficar a par de tudo - González abaixou a cabeça, assentindo - A imprensa está em cima de mim à procura de informações! E eu não tenho elas, por falta do relatório! Então, por favor, trate de entregar o relatório até o final do dia. Quero o máximo de detalhes que conseguir descrever, não tente ocultar algo do gênero, estou por dentro das evidências e testemunhas que encontraram nos últimos dias - alertei-o - Estamos entendidos?

- Sim, senhorita. Posso ir? - sinalizou a porta. Concordei vagamente com a cabeça, ele saiu dali mais rápido do que chegou.

Bufei. É tão difícil lidar com detetives e investigadores desleixados e exibidos, acham que podem finalizar os casos sem relatar nada para a diretoria, no caso eu. Alguns detetives fizeram questão de bater de frente comigo algumas vezes, esquecendo por breves segundos a hierarquia que temos dentro do VDP, sem contar as várias piadinhas machistas e sexistas que escutei ao longo da semana. Obviamente, ignorei tudo aquilo, deixei claro que todos ali devem respeito, aceitando ou não o fato de uma mulher de 19 mandar neles.

Fechei a porta e a persiana, ocultando a visão dos vários policiais passeando de um lado para o outro, deixei um pouco a persiana das janelas abertas. Eu não ficaria sem visão total do que está acontecendo do outro lado. Volto para minha mesa, abrindo os dois primeiros botões da minha blusa social revelando o tecido vinho do meu sutiã, aproveito para abaixar um pouco a temperatura do ar-condicionado, hoje está sendo um dia quente em Vancouver, isso significa que no dia seguinte estará frio e chuvoso. Encaro os vários relatórios sob a minha mesa, deixando um suspiro escapar, preciso revisar e opinar sobre cada caso; além de, dar prioridade a alguns casos importantíssimos na qual estou ajudando a solucionar.

Apanho a minha caneta entre as pilhas de papéis, entro no Spotify e coloco uma música baixa para tocar, mandando o silêncio embora. Pego o primeiro relatório da pilha, é sobre o casa de sumiço de uma adolescente, ninguém sabe onde a mesma está ou do seu paradeiro. Não encontramos ninguém suspeito, ninguém que estava com ela antes do sumiço, a maioria dos policiais estão dizendo que a mesma acabou fugindo de casa para poder dar um susto nos pais. Mais algo dentro de mim diz que não é somente isso.