Capítulo 2: A insônia do jovem recém-chegado

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"Se o medo de não ser compreendido existe no peito de outras crianças como existia no meu - o que considero provável, pois não tenho nenhuma razão particular para pensar que eu fosse uma monstruosidade - esta é a chave para muitas reservas." (Grandes Esperanças -Charles Dickens)

Yarin entrou no hospital, foi até a recepção disse o nome do seu pai a moça que estava detrás do balcão e pediu informações sobre ele. A recepcionista desviou o olhar e pediu um documento de identificação. Yarin por estar nervosa demorou uns três minutos para achar o documento em sua bolsa. Quando o encontrou, pois estava fora da carteira, o entregou a moça. Acabou mentindo ao dizer que sua mãe a estava esperando. Então a recepcionista digitou algo no computador e falou o número do leito onde ele estava. Entregando de volta a identificação a Yarin que agradeceu sentindo um grande alivio por tê-los encontrado.

Não é novidade dizer que quando Constance a viu ficou brava e logo pediu para sua filha sair dali e ir para casa. Disse que aquele ambiente não era lugar para ela estar e que não teria onde dormir. Além de que a jovem iria perder o trabalho no dia seguinte porque não conseguiria ir para cansada. Falou tantas outras coisas mais, como se alguma coisa fosse fazer Yarin ir embora. Até parecia que não conhecia a teimosia da filha que criara.

- Eu vou ficar e a senhora sabe disso! Nem adianta dizer mais nada, ok? Já fiquei. - se jogou numa cadeira em frente á sala onde seu pai estava fazendo exames. Sua mãe se sentou ao seu lado.

- Pelo visto, você ganhou de novo, não é mesmo? - ela abraçou a filha e lhe deu um beijo na bochecha.

O que deixou Yarin constrangida, pois naquela cidade as pessoas não demonstravam tanto afeto no meio de várias pessoas quanto no Brasil, onde moravam.

- Para ser sincera eu gosto de você aqui comigo e com seu pai, porque fica mais fácil encarar essa situação. Mesmo sendo errado já que você tem serviço amanhã e depois precisa ir para a faculdade.

- Oras, mas a senhora também tem trabalho amanhã assim como o papai! Os nossos empregadores terão que entender o quanto isso é serio! Vamos ligar para eles e explicar tudo. Se preciso for até levo atestado. - deu de ombros - Também eu nem falto tanto assim na faculdade. Não vai fazer mal não comparecer amanhã.

- Você e suas ideias para resolver tudo a sua volta. É do mesmo jeitinho do seu pai!

- Eu sei, aprendi com ele. - riu e sua mãe também.

- Sabe, Yarin, quando o médico falou que pode ser algo grave, eu senti meu mundo desabar! Eu queria muito que você estivesse comigo! Porque pensar em perder o William me doí tanto. - fechou os olhos e começou a chorar ao se jogar nos braços de Yarin.

Constance era uma mulher de um metro e sessenta, pele parda, cabelos escuros longos e lisos. Vestia-se como se estivesse nos anos cinquenta. Yarin chamava seu estilo de clássico.

Para as duas, aquela foi uma longa noite. Mas as noticias dadas pelos médicos foram animadoras e eles tiveram certeza que tudo melhoraria. William iria se tratar com medicamentos e deveria mudar alguns hábitos em sua alimentação.

No dia seguinte, ligaram para seus patrões explicando o ocorrido e felizmente entenderem. Também desejaram melhoras ao hospitalizado. Este ficou sozinho por um tempo enquanto as duas foram para casa comer, tomar banho e dormir um pouquinho, pois ele ainda não tivera alta. Naquela tarde, Constance voltou para junto de seu marido, enquanto Yarin foi para a sua universidade.

A moça estava feliz pela melhora do pai, mas sua mente continuava indo até ele. Por causa disso ficou mais desatenta que o normal, tendo recebido até "puxões de orelha" de seus professores. Mas no intervalo de quinze minutos se animou, pois iria para a biblioteca ler um pouco. Chegando lá a primeira coisa que Flora fez foi perguntar pelos livros que ela estava devendo á biblioteca.

O Livro Perdido de Yarin Davies (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora