Capítulo 11: Se permitiria dar esse passo apesar do medo?

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"Não há verniz que esconda os veios da madeira e, quanto mais se enverniza a madeira, mais os veios se manifestam." (Grandes Esperanças - Charles Dickens)

- Bip, bip, bip. - som do despertador enchendo o quarto e avisando que já era hora de acordar.

Lee Kwan se revira na larga cama de casal e vai apalpando na escuridão até encontrar seu celular sob o móvel de cabeceira. O segura e logo desliga o alarme.

- Cinco da manhã. - sussurra com uma voz de sono e olhos semicerrados incomodados com a luz do visor - Hoje é domingo e eu só queria dormir até mais tarde! - confessa tristonho.

Ergue-se resoluto, senta-se na beira da cama, passa as mãos nos cabelos bagunçados e com os pés procura suas pantufas. Estava usando uma conjunto de pijamas cinzas em algodão e com estampa de pequenos morcegos amarelo. Simbolizando que era um grande fã de Batman desde a infância.

Ao achar seus calçados e colocá-los nos pés, acaba sentindo que está tocando em algo estranho. Olha para baixo ainda grogue de sono, as luzes estavam apagadas, enxerga como se fosse um saco preto enorme.

- Ah! - dá um berro e acaba tropeçando sobre essa coisa.

Caiu no chão sobre um corpo que estava todo enrolado em um cobertor escuro.

- É você, Delacroix! - lembrou-se que o rapaz estava dormindo com ele naquela noite.

Nem essa queda foi capaz de acordar Theodor. O rapaz parecia que estava sem dormir há dias. Porque tinha um sono tão pesado e profundo como se estivesse com insônia nas noites anteriores.

Lee Kwan se arrasta e sai de cima do corpo. Puxa as cobertas do jovem para baixo e começa a sacudi-lo. Novamente nada parece capaz de acordá-lo. Devia ser possível jogá-lo em um barco e deixá-lo á deriva. Horas depois quando acordasse se assustaria ao estar no meio do nada. Assim se sentiria naquele momento quando acordasse. Talvez nem se lembrasse do coreano o tirando do carro, depois os levando para dentro de casa.

- Esse cara é muito folgado! - bradou Lee Kwan ao levantar-se - Aish!

Continuava chateado com Theodor. Não sabia exatamente porquê. Talvez por causa da discussão na noite passada. Ou porque o rapaz se mostrou muito atirado para o lado de Yarin Davies.

Deu uma última olhada nele.

- Delacroix! Acorde! - mas nem esse grito foi o suficiente.

O rapaz parecia estar perdido e totalmente submerso num universo paralelo em seus sonhos.

Desistindo de acordá-lo, decidiu que era melhor se arrumar e tomar seu café. Depois tentaria acordá-lo mais uma vez. Nem que fosse o empurrando escada abaixo até á rua. Segundos após pensar assim, se censurou.

Foi até seu closet procurar as roupas que usaria na oração daquela manhã. Já fazia cinco meses que sua igreja, chamada Omega Church, havia entrado em uma campanha de intercessão e oração diária às seis horas da manhã e que teria duração de um ano. Com o propósito de pedirem a Deus pela unificação das igrejas cristãs coreanas e para que viesse outro grande Avivamento como aconteceu em 1907 em Pyongyang, região onde está atualmente a Coréia do Norte. Porque esperavam que assim as Coreias se unissem outra vez e se tornassem novamente uma só nação cujo Deus é o Senhor.

Lee Kwan escolheu um look que julgava simples. Calça jeans em lavagem clara, moletom branco com o nome 예수 (Yesu) bordado acima do seu peitoral direito, significando Jesus. Os vestindo após o banho.

O Livro Perdido de Yarin Davies (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora