Capítulo 7: Encontro inesperado revelou o que não havia sido dito

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"Pense num dia qualquer e o subtraia, e veja que, sem ele, sua vida teria um rumo inteiramente diferente. Faça uma pausa, você que lê estas palavras, e, por um momento, pense na imensa corrente de ferro ou de ouro, de espinhos ou flores, que talvez jamais o tivesse encadeado, não fosse a formação do primeiro elo de um dia memorável." (Grandes Esperanças - Charles Dickens)

– Professor! Terminei! Professor! – berrou uma menina de oito anos de idade chamada Ha-eun. Ela tinha o cabelo cortado à altura do queixo. Seus pequenos olhos eram puxados para as extremidades. Tinha as bochechas rosadas e seu corpo gordinho ficava escondido detrás da mesa de plástico em cor cinza onde estava sentada fazendo sua lição sobre o To Be Verb.

– O professor está dormindo! – brincou Tae-yeong uma criança de sete anos de idade que estava rindo alto.

– O quê? – disse Theodor ao despertar de seus devaneios – Eu não estava dormindo. Estava apenas pensando.

– O senhor Delar – era como algumas crianças o chamavam – está apaixonado pela senhorita Choi! – esta mulher mencionada por Ha-eun era a professora de história.

– Chega! Chega! – bradou Theodor ao tentar se acalmar – Arrumem suas coisas e já podem sair! A aula de hoje acabou! – aquela turma de apenas dez alunos era a que mais lhe tirava do sério. No bom sentido. Pois constantemente estava rindo daqueles pequenos que eram os mais engraçados e comunicativos da escola.

Abaixou a cabeça e começou a guardar suas próprias coisas. Quando ouviu uma batida leve na porta.

– Entre! – falou sem se atrever a olhar quem era.

– Olha ali! É a namorada do senhor Delar! – gritou alto alguma de suas alunas. De repente ouviu-se muitas gargalhadas enchendo toda a sala.

– Senhor Delacroix. – disse uma voz feminina.

Ao levantar seus olhos teve um susto.

– Crianças, não falem mais isso a senhorita Choi! – disse de imediato ao tentar conter o constrangimento da cena. Porque desde o dia que as crianças os viram conversando durante o intervalo, ficavam falando que eles namoravam.

– Tem um minuto? Queria falar com o senhor rapidinho! Na verdade, queria lhe fazer um convite! – a moça entrou ao possuir as mãos juntas na frente do corpo e esboçar um largo sorriso. Diferente de Theodor, não havia se sentindo nenhum pouco constrangida com a brincadeira das crianças.

Ela tinha apenas vinte e quatro anos de idade. Por isso falava com Theodor com muita formalidade. Vestia um jaleco branco por cima de um vestido amarelo e usava salto alto. Seus longos cabelos negros caiam sobre suas costas e poderia ser definida pelo rapaz como uma coreana típica.

– Pode falar, senhorita Choi, enquanto eu arrumo aqui. – ao terminar de guardar seus livros e avaliações de seus alunos na mochila, pegou o apagador e foi limpar o quadro negro onde havia escrito os pronomes pessoais em inglês.

Nesse ínterim, os pequenos saíam da sala correndo e falando alto. Felizes pela aula ter chegado ao fim.

– É que nós da escola estamos organizando um passeio para irmos a Busan este final de semana. Não sei se o senhor já conhece, mas é uma cidade portuária que possui belas praias, muitos montes também e até os templos budistas mais antigos da Coréia. Vai ser bom para o senhor conhecer mais a...

– Não me entenda mal, – disse a interrompendo e já terminando de apagar as palavras no quadro – mas eu morei minha vida toda praticamente numa ilha envolta pelo oceano e que tem em seu interior montanhas de todos os tamanhos, cores e vegetações! Quero passar um tempo sem ver esse tipo de paisagem! – voltou-se a mesa e retirou seu jaleco na frente da moça.

O Livro Perdido de Yarin Davies (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora