Camila
– Desculpe. O que você disse? – Jesus, eu queria dar um soco no Shawn. Isso era tudo culpa dele.
Marcus fez uma cara interrogativa. Éramos só nós dois sentados a uma mesa tranquila no fundo de um bom restaurante, aliás, de um restaurante caro. Ainda assim, eu não conseguia me manter focada.
– Perguntei se você gostaria de ir a um vernissage no domingo à tarde.
– Ah, desculpe. Tive um longo dia no trabalho hoje e estou com o caso de um paciente na cabeça – menti. – Hmm, claro. Parece interessante.
Infelizmente, eu não queria ir a um vernissage no domingo. Só disse que sim porque precisava de algum obstáculo no caminho do Shawn. O Marcus era o obstáculo. Não importava o quão legal ele era e o quanto eu queria me sentir atraída por ele, não tinha química.
Depois de ter estado com Shawn uma hora antes, não tinha como esquecer qual é a sensação de se sentir realmente atraída por alguém. Não dá para forçar a química nem para negar quando ela existe. Mas a química também não era tudo o que as pessoas acham. A química pode fazer as pessoas quererem ficar juntas. Confiança, respeito e compatibilidade é que são as chaves para manter as pessoas juntas. Eu tinha toda a química do mundo com o meu ex-marido, mas isso não significou nada no fim das contas.
Marcus estendeu a mão e pegou na minha.
– Você não parece muito animada – ele brincou.
– Desculpe. Acho que não estou num bom dia. Não é nada com você. Juro, não é mesmo.
Ele entrelaçou nossos dedos.
– Como foi o jogo da sua enteada?
– Elas ganharam na prorrogação.
– Foi legal da parte do treinador dar um feedback para ela depois. Ele deve ser muito bom.
Eu tinha comentado que me atrasaria porque Iza estava recebendo conselhos de como jogar melhor.
– Ah, não foi o treinador dela que deu o feedback. Foi o Shawn, que é amigo de um amigo.
– O cara da Califórnia?
Foi a minha vez de ficar confusa.
– Sim. Ele veio passar um tempo aqui a trabalho. Como você sabia que ele é da Califórnia?
– Você falou dele no nosso primeiro encontro.
– Falei?
Ele assentiu.
– Algumas vezes. Quando estava falando da sua viagem.
– Ah... – Senti que tinha de dar uma explicação. – Ele jogava basquete na faculdade, então foi ao jogo hoje observar a Iza e dar dicas depois.
Pelo restante do encontro, tentei ficar o mais presente possível. Marcus não merecia minha distração.
No fim, na porta do meu prédio, pegou as minhas mãos. Ele tinha insistido em me acompanhar até em casa.