Camila
Mal consegui me concentrar no jogo. Sexo sem amor. Foram as palavras exatas que Any usou para descrever a relação que eu deveria ter com Shawn. Eles faziam parecer tão simples. Talvez até fosse. Talvez eu que estivesse dificultando à toa. Afinal, seria a mesma coisa que eu teria com o Marcus se dormisse com ele. Mas eu não sabia se o Marcus encararia a situação da mesma forma. Não que eu fosse arrogante a ponto de achar que ele já estava apaixonado por mim, mas o meu instinto me dizia que ele queria um relacionamento. É claro que há homens que levam você para jantar algumas vezes só para conseguir sexo. Eu podia estar enganada, mas achava que essa não era a intenção do Marcus.
A parte de mim que queria dormir com Shawn justificava tudo. Dormir com o Marcus seria errado – você o estaria usando. A atitude honesta a se tomar seria terminar com ele e ter uma relação puramente sexual com o homem que só quer isso. No entanto, a parte de mim que não queria dormir com o Shawn – o meu cérebro – sabia que aquele homem poderia partir o meu coração. Eu me sentia atraída por ele, claro. Quem não se sentiria? Mas era mais do que atração física. Eu gostava dele. Ele era engraçado, inteligente, esportivo. Sem falar que tinha tratado bem Iza – um cara precisa ser especial para enfrentar uma adolescente. Será que eu conseguiria manter os olhos abertos e não deixar os meus sentimentos crescerem?
– Você quer alguma coisa? – ouvi Shawn perguntar.
– Hmm? – Olhei para ele com uma cara confusa.
– Você não ouviu uma palavra do que eu disse, não é?
– Ouvi, sim.
– Ah, é? O que eu disse?
– Você perguntou se eu queria alguma coisa.
– Antes disso.
– Ah.
Ele riu e se aproximou.
– Pensando no que eu te falei lá no carro, né?
– Não estou, não.
– Está, sim.
– Não estou.
– Está.
– Quantos anos você tem? Porque parece que tem sete.
Shawn ficou em pé.
– O que você quer comer? Porque, se me deixar escolher, vou comprar um cachorro-quente só para ver você comê-lo.
– Não estou com fome. – E não estava até os meus olhos acompanharem Shawn descendo da arquibancada. Eu nem tinha notado que o jogo estava parado. Fiquei devaneando durante a maior parte do tempo.
Shawn voltou com uma caixa com pretzels e dois refrigerantes gigantes, e me deu um.
– Então, o que decidiu?
– Acho que vou comer o pretzel, já que comprou um pra mim.
– Quis dizer com relação à proposta sobre a qual você ficou fantasiando na última meia hora.
– Eu não estava... – mas achei melhor não protestar de novo, porque viraria outra discussão ridícula de "estava sim" e "estava não", então, em vez disso, fui sincera e respondi, revirando os olhos: – Estava pesando os prós e contras na minha cabeça.